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Home -- Portuguese -- 04. Sira -- 10 A EXPANSÃO do reino de Muhammad -- (630 e 631 d.C.)

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04. A VIDA DE MUHAMMAD SEGUNDO IBN HISHAM

10 - A EXPANSÃO do reino de Muhammad -- (630 e 631 d.C.)

A segunda campanha contra os bizantinos e seu desfecho (de outubro a dezembro de 630 d.C.) - As delegações das tribos beduínas honram a Muhammad (631 d.C.)


10.01 -- Titulo
10.02 -- A segunda campanha contra os bizantinos e seu desfecho (de outubro a dezembro de 630 d.C.)


10.01 -- A EXPANSÃO do reino de Muhammad -- (630 e 631 d.C.)

Segundo Ibn Ishaq (falecido em 767 d.C.) Editado por Abd al-Malik Ibn Hischam (falecido em 834 d.C.)

Tradução original editada a partir do árabe por Alfred Guillaume

Uma seleção de anotações por Abd al-Masih e Salam Falaki

10.02 -- A segunda campanha contra os bizantinos e seu desfecho (de outubro a dezembro de 630 d.C.)

10.02.1 -- A campanha contra os judeus e cristãos em Tabuk* (de outubro a dezembro de 630 d.C.)

Muhammad passou em Medina o tempo entre Dhu al Hijja (12º mês), no oitavo ano após a Migração, e Rajab (7º mês) do novo ano após a Migração. Então ele deu ordens para empreender guerra contra os romanos de Bizâncio.

* “Tabuk” era um assentamento judaico-cristão no norte Árabe, ficando na principal rota de negócios de Meca a Damasco, a cerca de 580km noroeste de Medina, na localização da atual Sharm al-Sheikh. Tabuk era o ponto de inflência bizantina mais ao sul da Arábia.

Quando Muhammad deu ordem para se preparar (tomarem armas), o povo estava conturbado. Eles sofreram muito com o calor e mal conseguiam sobreviver. Era a época da colheira. O povo preferira ficar em casa com o produto de suas colheitas e à sombra das árvores. Sob tais condições, eles não foram felizes ao campo de batalha. Como era hábito de Muhammad quando ele estava em campanha militar, ele declarou outro objetivo, diferente do que ele realmente pretendia. Mas na campanha de Tabuk ele declarou o real objetivo de antemão, devido à grande distância, ao momento difícil daquele ano e à força do inimigo.* Isso visava permitir que o povo se preparasse adequadamente.

* Muhammad estava ciente do fato de que todas as batalhas na península árabe podiam ter sido apenas conflitos preliminares. O teste decisivo de força contra o grande poder de Bosphorus – com Bizâncio – ainda os aguardava. Muhammad quis dirigir a visão dos muçulmanos para seu objetivo futuro, enquanto vivesse. A sujeição de Bizâncio era o próximo grande objetivo do islã.

Um dia, durante o tempo em que se armavam, Muhammad disse a Jadd ibn Qays, um membro dos Banu Salima: “Você quer lutar contra os filhos dos bizantinos neste ano?” Ele respondeu: “Se você me perdoar e não me expor à tentação! Por Allah, meu povo sabe que ninguém gosta mais de mulheres bonitas do que eu. Eu temo que na hora em que eu ver as mulheres de Bizâncio, eu não vou conseguir me controlar.” Muhammad se afastou dele e o permitiu que ficasse para trás. Se ele temia ser seduzido pelas mulheres dos bizantinos (o que não era o caso), então a sedução à qual ele cederia seria ainda pior porque ele não estaria seguindo o mensageiro de Allah e estaria mais interessado em sua própria vida do que na do profeta. O inferno espera por pessoas assim.

Alguns dos hipócritas aconselharam: “Não saiam com esse calor!” Eles disseram isso por sua aversão à Guerra Santa, porque duvidavam da verdade e porque queriam criar dissidências contra Muhammad. Allah revelou o seguinte contra eles: “81 Disseram: Não partais durante o calor! Dize-lhes: O fogo do inferno é mais ardente ainda! Se o compreendessem...! 82 Que se riam, pois, porém, por pouco tempo; então, chorarão muito, pelo que lucravam.” (Sura al-Tawba 9:81,82).

Muhammad ouviu que alguns dos hipócritas estavam reunidos na casa do judeu Suwailim, que fica próximo a Jasum. Eles incitaram oposição à campanha contra Tabuk. Muhammad enviou Talha ibn ‘Ubaid Allah com um número de companheiros e os ordenou que ateassem fogo à casa de Suwailim com seus parentes dentro. Talha cumpriu essa ordem.* Dhahhak ibn Khalifa saltou do telhado e quebrou sua perna. Seus companheiros fizeram o mês e escaparam. Então Dhahhad compôs:

Diante do santuário do Senhor, / por pouco Dhahhak e o filho de Ubairia / morreram queimados no fogo de Muhammad. / Após meu pulo, eu me levantei com dificuldade / com minha perna e cotovelo quebrados. Salvem-se! Eu não / farei mais isso, pois temo que quem for / tomado pelo fogo será queimado!
* Em seu caminho para Jerusalém, negaram a Jesus a oportunidade de pernoitar em uma vila samaritana, e dois de Seus dispículos perguntaram-lhe: “Senhor, você quer que invoquemos fogo do céu para que os consuma?” Mas Jesus os reprovou e os ameaçou com palavras: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los" (Lucas 9:52-56).

Não obstante, Muhammad manteve-se firme em sua intenção e ordenou que o povo acelerasse os preparativos militares. Ele desafiou os ricos a doarem seu dinheiro e seu animais de carga pelo serviço de Allah. Alguns deram ouvidos ao seu pedido, porque confiavam na recompensa de Allah. Uthman ibn ‘Affan deu o maior presente de todos. Um homem, que tinha certeza da situação, me contou que Uthman deu mil dinars para ajudar o exército necessitado na campanha contra Tabuk, e que Muhammad disse a ele: “Allah! Contente-se com Uthman; eu estou satisfeito com ele!”

10.02.2 -- Os pranteadores e os que duvidavam

Um dia, sete muçulmanos dentre os companheiros e outros se aproximaram – eles eram chamados de os “pranteadores”. Eles eram pessoas necessitadas que pediram que Muhammad os fornecesse os animais de carga. Muhammad disse: “Eu nada tenho para suas necessidades!” Eles foram embora e tinham lágrimas em seus olhos por causa de sua pobreza.*

* Onde estavam os numerosos camelos que Muhammad capturou durante suas guerras? Ele não tinha compaixão pelos pobres e doentes, ainda que pertencessem aos seus seguidores.

Quando tudo estava preparado para a campanha, Muhammad determinou que partissem. Porém, alguns muçulmanos estavam preguiçosos e acabaram ficando para trás, embora não fossem incluídos entre os que duvidavam. Quando Muhammad partiu, ele ergueu acampamento próximo a Thaniyyat al-Wadaa’. Ele designou Muhammad ibn Maslama al Ansari como governador de Medina. Abd Allah ibn Ubayy levantou seu acampamento não longe do de Muhammad, em Dhubab. Como se cria, seu exército não constituía uma divisão menor. Quando Muhammad continuou, Abd Allah permaneceu para trás, com os hipócritas e os que duvidavam.

Sob o comando de Muhammad, Ali também ficou para trás, a fim de cuidar de sua família. Os hipócritas aproveitaram a situação para instigar conversas dissidentes. Eles diziam que Muhammad somente havia deixado que Ali ficasse atrás porque achava que as campanhas militares eram muito difíceis para ele, querendo, assim, facilitar para ele. Quando os hipócritas disseram isso, Ali tomou sua arma e seguiu a Muhammad. Ele o alcançou em Jurf e o contou sobre a conversa dos hipócritas. Muhammad disse: “Eles estão mentindo! Eu te deixei para trás para proteger nossas famílias. Volte e seja meu representante diante de minha e de sua família. Você não está feliz em assumir minha posição, o lugar que Aarão assumiu de Moisés, mesmo quando após mim não haverá outros profetas?”* Após isso, Ali retornou a Medina e Muhammad continuou sua jornada.**

* Os xiitas consideram essa uma importante prova de que Ali, após Muhammad, deveria ser o primeiro califa.
** Ali era jovem naquele tempo, com cerca de 25 anos de idade.

10.02.3 -- Abu Khaithama

Alguns dias após a partida de Muhammad, Abu Khaithama retornou à sua família em um dia quente. Ele encontrou suas duas esposas em duas tendas em seu jardim. Elas umedeceram suas tendas e prepararam-lhe água fresca e comida. Quando ele chegou à entrada da tenda e viu o que suas esposas haviam feito por ele, ele disse: “O mensageiro de Allah está lá fora, no sol, vento e calor, então eu deveria permanecer à sombra fresca de minha propriedade, diante de comida preparada por uma mulher bonita? Isso não está certo! Por Allah, eu não entrarei em sua tenda até que eu alcance a Muhammad. Preparem-me as provisões!” As esposas assim fizeram e ele montou seu camelo e seguiu o profeta, o qual ele alcançou em Tabut. No caminho ele encontrou ‘Umayr ibn Wahb al-Jumahi, que também queria encontrar a Muhammad. Eles cavalgaram juntos até que se aproximaram de Tabuk. Abu Khaithama então disse a ‘Umayr: “Eu cometi um erro. Eu não te causarei mal se você ficar um pouco para trás, até que eu já tenha visitado Muhammad.” ‘Umayr assim o fez. Quando Abu Khaithama se aproximou de Muhammad em Tabuk, o povo disse: “Um cavaleiro está se aproximando de nós.” Muhammad disse: “Pode ser Abu Khaithama!” Então eles gritaram: “Por Allah, mensageiro de Allah, é ele!” Quando Abu Khaithama desmontou, ele foi a Muhammad e o saudou. Muhammad disse: “Tenha cuidado, Abu Khaithama!” Quando ele contou a Muhammad o que acontecera, Muhammad disse-lhe palavras agradáveis e o desejou boas coisas.

10.02.4 -- O acampamento em Hijr*

Quando Muhammad chegou a Hijr e desmontou, alguns se adiantaram a ele a fim de retirar água do poço que lá havia. Mas Muhammad disse: “Não bebam da água do poço e não se lavem antes da oração! Caso vocês a tenham usado para fazer uma massa, deem a massa aos camelos e não a comam. E hoje à noite nenhum de vocês deve sair sozinho!” O povo obedeceu à ordem de Muhammad, mas dois homens dos Banu Saida saíram do acampamento, um para se aliviar e outro procurando seu camelo. Um foi estrangulado no caminho e o outro foi lançado contra das montanhas de Tayyi’ por uma tempestade. Quando Muhammad ficou sabendo disso, ele disse: “Eu não os proibi de saírem sozinhos?” Então ele orou pelo que fora estrangulado e ele se curou. Depois os Banu Tayyi’ mandaram de volta a Medina aquele que fora lançado contra as montanhas de Tayyi’.

* “Hijr” é um oásis que fica na rota das caravanas, cerca de 340km ao noroeste de Medina, a 20km da bíblia Dedã.

Quando Muhammad passou por Hijr, ele cobriu seu rosto com sua roupa, estimulou seu camelo e disse: “Não entre na morada dos malfeitores, exceto quando estiverem gritando de medo. Poderia acontecer com você o mesmo que aconteceu a eles!” Quando o povo estava sem água, eles reclamaram a Muhammad. Então ele orou e Allah enviou uma nuvem de chuva. O povo saciou sua cede e também pôde enxer suas vasinhas de água.

10.02.5 -- Muhammad chega à judaico-cristã Tabuk*

Quando Muhammad foi a Tabuk, ele procurou a Yuhanna ibn Ru’ba, o princípe (cristão) de Aila**, e fez contrato de paz com ele. Ele também o permitiu que recolhesse impostos. Ele fez o mesmo com os moradores de Jarba’ e Adhruh***. Muhammad deu-lhes um contrato escrito, o qual eles ainda guardam até hoje. A Yuhanna ibn Ru’ba, ele deu o seguinte escrito:

“Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo! Essa é uma garantia de segurança de Allah e deu seu profeta a Yuhanna ibn Ru’ba e aos moradores de Aila. Seus barcos e caravanas no mar e em terra estão sob proteção de Allah e de seu profeta, bem como estão os moradores da Síria, Iêmen e do litoral, os quais são seus aliados. Quem entre vocês cometer injustiça, sua riqueza não o protegerá. Nenhuma água será negada a eles para beber e nem uma estrada pela qual desejam viajar, seja em terra ou em mar.”

* “Tabuk” fica a cerca de 580km a noroeste de Medina.
** “Aila” corresponde à atual Eilat, em Israel, e fica a cerca de 210km noroeste de Tabuk, na parte mais ao norte do Mar Vermelho. Ali moravam judeus e cristãos.
*** “Adhruh” era uma cidade de judeus no sul da atual Jordânia, a cerca de 230km ao norte de Tabuk. A maioria dos moradores era de judeus.

10.02.6 -- Muhammad envia Khalid ao cristão Ukaidir em Dumat al-Jandal* (outubro de 630 d.C.)

Então Muhammad convovou a Khalid e o enviou a Ukaidir, em Duma*. Ele era chamado Ukaidir ibn Abd al-Malik e era um cristão da tribo de Kinda e príncipe de Duma. Muhammad disse a Khalid: “Você o encontrará na caça ao touro!” Khalid partiu e foi até que a montanha de Ukaidir estava à vista. Era uma noite clara, iluminada pela lua. Ukaidir estava com sua esposa no terraço de sua casa. Touros selvagens vinham e esfregavam seus chifres no portão da Fortaleza. Sua esposa disse-lhe: “Você já viu isso?” Ele respondeu, “Não, por Deus!” Então ela disse: “Quem os deixará continuar?” Ele respondeu: “Ninguém!” Ele imediatamente desceu, pôs a sela em seu cavalo e cavalgou com seu irmão Hassan e outros de sua família para caçarem. Então os cavaleiros de Muhammad os encontraram, os quais o tomaram cativo e mataram seu irmão. Ukaidir vestia sua capa de seda, adornada a ouro, a qual Khalid tirou de Ukaidr e enviou a Muhammad antes mesmo de ele retornar. Asim me contou da parte de Anas ibn Malik: “Eu vi a capa de Ukaidir quando ela foi levada a Muhammad. Os muçulmanos a tocaram e ficaram encantados por ela.** Então Muhammad disse: ‘Vocês estão maravilhados por essa capa. Por aquele em quem a alma de Muhammad repousa, os lenços de Sa’d ibn Ubada no paraíso são mais bonitos!’ Então Khalid chegou com Ukaidir a Muhammad. Ele poupou a Ukaidir, fez paz com ele sob a condição de cobrar imposto e o deixou partir.” Ukaidir retornou a Dumat al-Jandal. Muhammad permaneceu cerca de dez noites em Tabuk e não foi além. Então retornou a Medina.***

* “Duma”, ou “Dumat al-Jandal”, é uma vila crista que fica no meio do deserto, a cerca de 620km ao norte de Medina e 380km a leste de Tabuk.
** O casaco com rendado de ouro do príncipe cristão refletia a influência da mais elevada cultura bizantina sobre os cristãos árabes. A riqueza e cultura dos bizantinos teve forte influência sobre os muçulmanos.
*** A primeira campanha de Tabuk foi mais um encontrou expedicionário e serviu mais para limpar o caminho para futuros ataques. A sujeição das tribos cristãos no canto noroeste da peninsula árabe começou ali. Eles foram rebaixado ao status de pagadores de impostos a Muhammad.

10.02.7 -- Como a oração de Muhammad fez água jorrar

A viagem de volta havia uma grande nascente de água no vale de Mushaqqaq. A água descia de uma rocha, embora não fosse suficiente para nem três cavaleiros. Muhammad ordenou aqueles à frente não bebessem da água até que ele chegasse. Não obstante, alguns hipócritas se adiantaram e beberam toda a água que havia. Quando Muhammad chegou à nascente e a encontrou seca, ele perguntou quem havia ido à água antes de si. Quando lhe deram nomes, ele disse: “Eu não proibi que bebessem da água antes de eu chegar?” Portanto, Muhammad os amaldiçoou e os embaraçou por causa disso. Então ele desmontou e pôs sua mão na parte de baixo da rachadura da rocha. Dali então jorrou tanta água sobre sua mão quanto agradava a Allah. Então ele aspergiu água sobre a rachadura da rocha, a espalhou e orou pela vontade Allah. Então a água começou a borbulhar de tal forma que, conforme o relato de alguém que ouviu, parecia um grande barulho, como de um trovão. Todas as pessoas beberam e encheram suas vasilhas.*

* Muhammad diz ter imitado os exemplos de Moisés, que vez água jorrar de uma rocha em favor de seu povo. Quase todas as hadices que reportam milagres de Muhammad são consideradas, até mesmo por estudiosos muçulmanos de hadices, não muito convincentes, já que as fontes são principalmente de origem judia. É ditto que Muhammad nunca precious de milagres, já que o Alcorão é o maior e singular milagre.

10.02.8 -- A mesquita da inimizade (dezembro de 630 d.C.)

Então Muhammad continuou sua marcha de volta até que chegou a Dhu Awaan, que fica a cerca de uma hora de Medina. Ali ele desmontou. Como ele já havia começado a se armar para a campanha de Tabuk, o povo da mesquita a inimizade foi até ele e o disse: “Ó, mensageiro de Allah, nós construímos uma mesquita para os necessitates e fracos para as noites de inverno e chuvosas. Nós ficaríamos felizes se você conduzisse a oração nela.” Muhammad respondeu naquele momento: “Agora estou me preparando para partir e tenho numerosas coisas para tratar. Se Allah desejar, nós oraremos juntos quando eu retornar.” Quando ele estava acampado em Dhu Awaan, as coisas que estavam acontecendo nessa mesquita chamaram sua atenção. Ele chamou a Malik ibn al-Dukhasham, um irmão dos Banu Salim, e Ma’n ibn Adi e disse-lhes: “Vão à mesquita do povo malfeitor, a derrubem e a queimem.” Então eles se apressaram para o Banu Salim, o clã de Malik. Malik disse a Ma’n: “Espere até que eu te traga fogo de meu povo!” Então ele entrou, pegou um ramo de palmeira, o acendeu e correu, acompanhado por Ma’n, para dentro da mesquita. Ele a incendiou e a demoliu. O povo que nela estava fugiu. Por isso é dito no Alcorão: “Mas aqueles que erigiram uma mesquita em prejuízo dos fiéis, para difundirem entre eles a maldade, a incredulidade e a discórdia”.* (Sura al-Tawba 9:107).

* Essa nova seita na peninsula árabe constituia uma oposição ao movimento islâmico em Medina. Esses muçulmanos acreditavam em Allah, mas não se sujeitavam às exigências políticas de Muhammad. Por outro lado, Muhammad não aceitava a adoração a Allah sem a submissão incondicional à sua autoridade. Isso estava atrelado à responsabilidade de participar em campanhas de Guerra.

10.02.9 -- Como os três homens que ficaram para trás foram castigados

Muhammad retornou a Medina. Além de muitos hipócritas, houve três homens que ficaram para trás, que eram bons crentes, sem dúvida ou hipocrisia. Eles eram: Ka’b ibn Malik, Murara ibn Rabi’a e Hilal ibn Umaiyya. Muhammad disse a seus companheiros: “Não falem com nenhum desses três homens!” Os hipócritas que ficaram para trás foram ter com ele, pediram perdão e fizeram juramentos. Mas Muhammad se afastou deles. Nem Allah ou seu mensageiro o perdoaram. Nenhum dos muçulmanos falou com os três homens. Ka’b ibn Malik explicou: “Eu estava envolvido em todas as campanhas de Muhammad, só não na de Badr. Naquele tempo, nem Allah ou seu mensageiro repreenderam aqueles que ficaram para trás, porque Muhammad perseguia as caranavas dos coraixitas apenas por causa da mercadoria deles, e Allah o concedia encontrar o inimigo sem anúncio prévio. Por outro lado, eu estava com Muhammad nas alturas quando nos aliamos a ele, e eu prefiro esse acordo à presença em Badr, embora essa campanha desde então tenha se tornado famosa.*

* Essa declaração de um de seus companheiros de viagem é de grande importância. Ela demonstra que o profeta dos árabes estava buscando apenas objetivos materiais em suas primeiras campanhas militares. Seus contemporâneos abertamente admitiam isso. A Batalha de Badr não teve objetivos religiosos, exceto a tomada de espólio.

Agora, a respeito de eu ter ficado para trás na campanha de Tabuk, eu nunca fui tão forte e estive tão bem quanto naquela época, porque, por Allah, eu nunca tive dois camelos como os que tinham naquele tempo. Muhammad costumeiramente anunciava outro objetivo quando saíamos para batalhar, até que ele empreendeu a campanha contra Tabut. Essa ocasião foi acompanhada por muito calor durante uma longa distância contra um inimigo forte. Ali ele anunciou a verdade, de modo que as pessoas poderiam fazer os preparativos necessários. O número daqueles que seguiram Muhammad era grande, sem que os nomes fossem escritos, de modo que aqueles que ficaram para trás poderiam esperar não ter sido notados, desde que Allah não revelasse coisa alguma a respeito deles. Quando Muhammad saiu contra Tabuk, o fruto estava maduro. Um buscava lugares à sombra e sentiu-se atraído. Quando Muhammad e os crentes se prepararam para a campanha, eu quis fazer o mesmo, mas me abstive. Eu não fiz coisa alguma e pensei que poderia fazer algo quando quisesse. Isso continuou até que o povo levou a sério e Muhammad saiu com o povo. Naquele tempo eu ainda não havia me preparado. Eu estava pensando em segui-los no dia seguinte ou no outro. Após partirem, eu finalmente quis me armar, mas novamente me abstive. Isso continuou até que o exército já estava distante. Eu continuei a pensar em sair e em alcançá-los. Ó, seu eu tivesse feito isso! Mas eu não o fiz. Quantas vezes, após a partida de Muhammad, eu fui ao meio do povo e me incomodei ao ver que apenas homens suspeitos de serem hipócritas ou que eram fracos ou perdoados por Allah estavam lá. Muhammad não pensou em mim até que chegou a Tabuk. Mas quando ele se sentou entre o povo, ele perguntou: ‘O que Ka’b ibn Malik fez?’ Um dos Banu Salima respondeu: ‘Sua capa de seda e seu senso de bem-estar o fizeram ficar para trás.’ Mu'adh respondeu: ‘Envergonhe-se dessas palavras! Por Allah, ó mensageiro do Senhor, nós sabemos apenas coisas boas dele.’ Muhammad não disse coisa alguma.

Quando eu ouvi que Muhammad havia retornado de Tabuk, minha tristeza ficou clara. Eu pensei em mentiras a fim de escapar de sua fúria e fui aconselhado por membros racionais de minha família. Mas quando a chegada de Muhammad foi anunciada, eu desisti de mentir, porque reconheci que apenas a verdade poderia de salvar. Eu me determinei a confessar a verdade a ele. Era hábito de Muhammad, após retornar de uma jornada, primeiro fazer uma oração no santuário com duas prostrações antes de ir ter com o povo. Quando ele fez isso, aqueles que ficaram para trás foram a ele. Foram cerca de oito homens que pediram perdão. Muhammad aceitou suas declarações e seus votos, implorou pela misericórdia de Allah em favor deles e permitiu que Allah julgasse os pensamentos secretos.

Quando eu me aproximei e o saudei, ele sorriu como alguém que está enraivecido e me chamou para perto de si. Quando eu me sentei diante dele, ele perguntou: ‘O que te fez ficar para trás? Você não comprou camelos?’ Eu respondi: ‘Por Allah, se eu estivesse sentado diante de qualquer outra pessoa, eu teria inventado desculpas. Mas, por Allah, eu sei que se eu mentir e o satisfazer hoje, amanhã Allah o fará se irar contra mim. Mas se eu te contar a verdade e você se irar contra mim, então eu espero que pelo menos Allah me retribua por isso. Não, por Allah, eu não tenho desculpa. Eu nunca estive mais forte e melhor.’ Então Muhammad disse: ‘Então está bem, nisso você é sincero. Agora se levante, até que Allah o julgue.’ Eu me levantei e os homens dos Banu Salima me seguiram e disseram: ‘Por Allah, não sabíamos que você cometeria um pecado. Foi fraqueza de sua parte não inventar uma desculpa como os outros que ficaram para trás fizeram. A oração de Muhammad por você eliminaria seu erro!’ Então as pessoas me criticaram por querer voltar a Muhammad e contradizer minhas próprias palavras. Então eu perguntei: ‘Aconteceu a alguém mais o que aconteceu comigo?’ Eles responderam: ‘Murara ibn Rabi al-Amri e Hilal ibn Abi Umaiya al-Waqif falaram como você e Muhammad os tratou tal como tratou a você.’ Quando eles citaram esses dois homens devotos, dos quais eu poderia seguir exemplo, eu fiquei quieto. Então Muhammad proibiu a todos de falarem conosco, e dos que ficaram para trás, isso se aplicou apenas a nós. As pessoas nos evitaram e começaram a nos tratar de maneira diferente, de modo que eu parecia um estranho até para mim mesmo. Me parecia que toda a terra não me era mais familiar. Essa situação durou por cinquenta noites. Meus outros dois companheiros ficaram em casa humilhados. Mas eu, como era mais jovem e mais forte, estava presente nas orações públicas e caminhava pelos mercados, embora ninguém falasse comigo.

Eu também fui a Muhammad quando ele, após a oração, tinha suas reuniões. Eu o saudei e me perguntei: ‘Ele abriu seus lábios para responder à minha saudação ou não?’ Então eu orei perto dele e dei alguns olhares sorrateiros. Eu notei que, quando eu orava, ele olhava para mim, e quando eu o olhava ele desviava o olhar para o outro lado. Quando essa situação dos muçulmanos começou a se dissolver, eu subi no muro do jardim de meu primo Abu Qatada, de quem eu muito gostava, e o saudei. Mas, por Allah, ele não retornou minha saudação. Então eu disse: ‘Ó, Abu Qatada, eu te imploro por Allah, você não sabe que eu amo a Allah e ao seu mensageiro?’ Ele ficou em silêncio. Eu o implorei por três vezes. Então ele disse: ‘Allah e seu mensageiro sabem o melhor!’ Então lágrimas correram de meus olhos. Eu novamente pulei o muro e fui ao bazar.

Enquanto eu passava por ali, um nabateano da Síria perguntou a meu respeito, um daqueles que vendiam itens alimentícios em Medina. Ele perguntou: ‘Quem me levará a Ka’b ibn Malik?’ O povo apontou para mim, então ele veio a mim. Ele me entregou uma carta do príncipe Ghassan*, envolvida por uma cobertura de seda. Ela dizia o seguinte: ‘Ouvimos que seu senhor o ofendeu. Mas Allah não o abandorá ao escárnio e nem à ruína. Venha a nós; estamos com você.’

* Os ghassanidas governavam uma das regiões cristãs árabes no noroeste da península árabe. Eles começaram a reconhecer o perigo que um islã fortalecido representava e tentaram induzir para seu lado os muçulmanos que Muhammad disciplinava.

Quando eu li isso, eu pensei: ‘Essa é uma nova aflição. Isso cresceu tanto que um descrente quer me ganhar.’ Eu fui com a carta até um forno e a joguei dentro. Dessa forma, passaram-se de quarenta a cinquenta dias. Então veio o mensageiro de Muhammad a mim e disse: “O mensageiro de Allah ordena que você se separe de sua esposa.’ Eu perguntei: ‘É para eu me divorciar dela ou o que foi que ele disse?’ Ele respondeu: ‘Não, apenas se separe dela e não a toque!’ Meus dois companheiros receberam a mesma mensagem. Eu disse à minha esposa: ‘Vá ter com sua família e fique com eles até que Allah determine Sua vontade.’ A esposa de Hilal ibn Umaiyya foi a Muhammad e disse: ‘Ó, mensageiro de Allah, Hilal é um velho abandonado, sem criados. Eu não posso servi-lo?’ Muhammad respondeu: ‘O sirva, mas não se aproxime dele!’ Ela disse: ‘Ó, mensageiro de Allah, ele não tem desejo por mim. Por Allah, desde que ele ficou ciente do todos estão sabendo, ele não para de chorar, de modo que estou preocupada com suas vistas.’ Então uma pessoa de minha família me disse: ‘Por que você não pede a Muhammad por sua esposa, já que ele permitiu que a esposa de Hilal servisse a seu marido?’ Eu respondi: ‘Eu não farei isso, porquanto sou jovem e não sei o que ele diria.’ Dessa forma, mais dez dias se passaram. Agora já eram cinquenta dias desde que Muhammad proibira a todos de falarem conosco.

Na manhã do quinquagésimo dia, eu realizei a oração da manhã no terraço de uma de nossas casas em uma condição descrita por Allah a nosso respeito: ‘... a terra, com toda a sua amplitude, lhes parecia estreita, e suas almas se constrangeram...’ (Sura al-Tawba 9:118, veja também verso 25). Quando eu estava em uma tenda que eu construí nas alturas de Sala, eu ouvi uma voz do alto gritando por mim com toda força: ‘Receba boas notícias, Ka’b ibn Malik!’ Eu me prostrei em oração e percebi que estava absolvido. Quando Muhammad realizava a oração da matinal, ele anunciou que Allah havia nos perdoado. O povo saiu para nos contar. Alguns foram aos meus outros dois companheiros. Um homem esporou seu cavalo para chegar rapidamente a mim, mas um homem de Aslam correu à montanha e sua voz chegou a mim antes do cavaleiro.

Quando o homem cuja voz eu ouvi chegou a mim e me deu a alegre notícia, eu tirei minhas duas peças de roupa e as dei a ele como prêmio pela mensagem, embora, por Allah, eu não tivesse outras peças para vestir e tive que vestir algo emprestado. Então eu fui ter com Muhammad e o povo veio comigo e proclamou a graça de Allah, dizendo: ‘Que o perdão de Allah o traga boa sorte!’ Eu finalmente entrei na mesquita onde Muhammad estava sentado em círculo com o povo. Talha ibn ‘Ubaid Allah se levantou, me saudou e me congratulou. Além dele, nenhum outro emigrante se levantou por mim. Quando eu saudei Muhammad, ele disse para mim com um rosto radiante e alegre: ‘Desfrute do melhor dia que você já teve desde que nasceu!’ Eu disse: ‘Isso vem de você ou de Allah?’ Ele respondeu: ‘De Allah!’ (sempre que ele tinha uma boa notícia, seu rosto parecia um pedaço da lua brilhante). Quando eu me sentei diante dele, eu disse: ‘Ó, mensageiro de Allah, além de minhas obras de arrependimento, eu consagrarei todas as minhas posses a Allah e ao seu mensageiro!’ Muhammad respondeu: ‘Mantenha uma parte para si; é melhor para você!’ Eu disse: ‘Então ficarei com minha porção de Khaybar.’ Então eu disse: ‘Allah me salvou por minha sinceridade. Como arrependimento, enquanto eu viver, eu somente direi a verdade.’ Por Allah, desde que eu disse isso a Muhammad, nunca encontrei outra pessoa cuja sinceridade foi mais testada do que eu. Por Allah, desde aquele dia eu nunca mais contei de propósito uma mentira e espero que, se Allah quiser, até o fim de meus dias eu me afastarei da mentira.”*

* Falar a verdade não é uma coisa evidente no islã, mas é a exceção. O “Espírito da Verdade” qie Jesus prometeu a seus discípulos não habita nos Alcorão ou nos muçulmanos (João 14:16,17; 15:26 e 16:13).

A este respeito, Allah revelou: “117 Sem dúvida que Deus absolveu o Profeta, os migrantes e os socorredores, que o seguiram na hora angustiosa em que os corações de alguns estavam prestes a fraquejar. Ele os absolveu, porque é para com eles Compassivo, Misericordiosíssimo. 118 Também absolveu os três que se omitiram (na expedição de Tabuk)... 119 Ó fiéis, temei a Deus e permanecei com os verazes!” (Sura al-Tawba 9:117-119). Ka’b disse: “Como Ele me levou ao islã, Allah não me fez favor maior do que me deixar dizer a verdade a Muhammad. Por meio de mentiras eu teria perecido como os outros que mentiram para ele, sobre os quais Allah revelou o pior que já fora dito a respeito de alguém, dizendo: “95 Quando regressardes, pedir-vos-ão por Deus, para que os desculpeis. Apartai-vos deles, porque são abomináveis e sua morada será o inferno, pelo que lucravam. 96 Jurar-vos-ão (fidelidade), para que vos congratuleis com eles; porém, se vos congratulardes com eles, sabei que Deus não Se compraz com os depravados.” (Sura al-Tawba 9:95,96). Ka’b disse mais: “Nós três ficamos para trás daqueles cuja desculpa Muhammad aceitou após terem jurado, e pelos quais ele implorou o perdão de Allah. Assim, ele postergou nosso assunto, até que o próprio Allah se expressou a respeito disso. As palavras de Allah ‘os três que se omitiram’ (Sura al-Tawba 9:118) se referem a isso, no qual se ausentar da campanha militar não é a intenção, mas sim ficar para trás daqueles que, por meio de seus votos, receberam perdão de Muhammad, enquanto a decisão sobre os três ainda estava pendente.”*

* Muhammad disciplinando sua comunidade deixou marcas profundas em seus seguidores fiéis. O objetivo de sua disciplina não era, no entanto, edificar em fé e em amor, mas tinha o propósito de participação em Guerra Santa. O objetivo o treinamento islâmico não era de uma vida santa ou de serviço aos outros crentes, mas era de lutar até a morte.

10.02.10 -- A conversão dos thaqifitas* (dezembro de 630 d.C.)

No Ramadã (9º mês) do nono ano após a Emigração, Muhammad retornou de Tabuk para Medina. No mesmo mês vieram delegados dos thaqifitas para terem com ele. Quando Muhammad partiu sem eles, o thaqifita ‘Urwa ibn Ma’sud o seguiu. Ele o alcançou diante de Medina e o confessou o islã. Então ele perguntou a Muhammad se ele mesmo poderia voltar a seu povo para proclamá-los o islã. Muhammad respondeu: “Eles te matarão!” Muhammad sabia que eles expressaram grande determinação em rejeitar o islã. Mas ‘Urwa pensou: “Ó, mensageiro de Allah! Eu sou mais precioso para eles do que seus primogênitos!” Em verdade, ele era amado e o povo dava-lhe ouvidos. Então ele voltou para chamar seu povo ao islã e esperava, por causa de sua posição, que não encontrasse oposição.

* Os thaqifitas viviam em uma região que ficava a cerca de 100km a leste de Meca, 340km ao sul de Medina. O centro era Ta’if, a qual Muhammad tentarava em vão capturar em fevereiro de 630 d.C.

Quando ele subiu a uma cabana para chamá-los ao islã, portanto revelando sua fé, eles dispararam-lhe flechas de todos os lados. Uma flecha o acertou e o matou. Quando o moribundo foi perguntado: “O que você acha agora de seu sangue derramado?”, ele respondeu: “Eu o vejo como uma bênção de Allah e como martírio, o qual ele me concede. Eu me vejo como nada além de um dos mártires que morreram ao lado de Muhammad. Então me enterrem próximo a eles.” E assim foi feito. É dito que Muhammad disse a respeito de ‘Urwa que entre seu povo ele tinha o mesmo status de um Yasin.*

* Por causa da morte de ‘Urwa, os muçulmanos podiam realizar a vingança de sangue. A partir dali os thaqifitas foram marginalizados e estavam constantemente correndo risco de perder suas vidas durante suas viagens.

Os thaqifitas persistiram em sua hostilidade durante os meses subsequentes à morte de ‘Urwa. Eles discutiram entre si e reconheceram que não eram fortes o bastante para lutar contra os árabes à sua volta que já haviam pagado tributo a Muhammad e aceitado o islã. Então eles consultaram entre si. Um disse ao outro: “Vocês não enxergam que nenhum de nós está em segurança? Mais ninguém pode deixar a cidade sem ser incomodado. Após muita consideração, eles decidiram enviar um mensageiro a Muhammad, tal como enviaram ‘Urwa anteriormente. Eles falaram com Abd Yaalil, que tinha a mesma idade de ‘Urwa, e sugeriram que ele fosse o mensageiro. Abd Yaalil, porém, se recusou, porquanto ele temia que fizessem com ele o mesmo que fora feito a ‘Urwa. Ele respondeu: “Eu não farei isso se vocês não enviarem outro homem comigo.” Finalmente, eles decidiram enviar mais três thaqifitas e dois aliados com ele. Abd Yaalil, o líder e governador dos delegados, viajou com eles. Ele levou os outros consigo com medo de que acontecesse com ele o mesmo que acontecera a ‘Urwa. Ele esperava que, após retornar, pudesse convencer os membros de sua tribo.

Quando desmontaram perto de Qanat, próximos a Medina, eles encontraram Mughira ibn Shu’ba. Era sua vez de levar os camelos de Muhammad para pastar, já que era costume dos companheiros se revezar em turnos para esse serviço. Quando ele viu os thaqifitas, ele deixou os animais com eles e correu apressado para informar a Muhammad. Antes de chegar a Muhammad, ele encontrou Abu Bakr e contou-lhe que os thaqifitas haviam vindo para pagar tributo a Muhammad e para aceitar o islã sob a condição de que ele emita um contrato de segurança para o povo, a terra e suas posses. Abu Bakr disse a Mughira: “Eu te imploro, por Allah, não vá a Muhammad para que eu mesmo possa contá-lo isso.” Mughira concordou e Abu Bakr informou a Muhammad sobre a chegada do thaqifitas. Então Mughira acompanhou os delegados a seus amigos, deixou os camelos descansando com eles e o instruiu sobre como deveriam saudar a Muhammad. Eles, porém, persistiram em sua saudação pagã.

Quando chegaram a Muhammad, ele os deixou erguer uma barraca próxima à sua mesquita. Khalid ibn Sa'id foi o mediador entre os thaqifitas e Muhammad, até que o contrato fora finalmente esboçado, o qual o próprio Khalid escreveu. Os thaqifitas não comeram a comida que Muhammad lhes enviara. Somente após Khalid a provar e somente após terem confessado o islã é que eles a comeram.

Eles pediram a Muhammad que os deixasse ficar com seu ídolo Lat por mais três anos. Quando ele se recusou, eles o pediram dois anos, então um ano e então um mês. Muhammad, porém, não quis conceder a eles nenhum tipo de extensão. Os delegados disseram que seu único propósito com a extensão era protegerem-se de seus tolos, esposas e filhos. Era-lhes desagradável fazer seu povo destituir-se de seus ídolos antes mesmo do islã ter sido aceito por eles. Não obstante, Muhammad insitiu. Abu Sufyan e Mughira ibn Shu’ba foram escolhidos para destruir Lat. Ligado ao pedido de preservar seu ídolo havia outro pedido, que era que fossem poupados das orações e que não fossem forçados a esmagar seus ídolos com suas próprias mãos. A isso Muhammad respondeu: “A respeito de esmagar seus ídolos com suas próprias mãos, eu os alivio disso. Nós, porém, não os excusaremos de se abster de orar, porque não há nada de bom em uma religião sem oração.” Finalmente, eles disseram a Muhammad: “Nós concordamos com tudo, mesmo quando isso nos humilha.” Quando eles se converteram e o contrato foi assinado, Muhammad designou Uthman ibn Abi al-‘As como o superior deles. Embora ele fosse um dos mais jovens da delegação, ele foi um dos mais zelosos no estudo do islã e no aprendizado do Alcorão.

10.02.11 -- A destruição do ídolo em Ta’if

Quando os thaqifitas retornaram para casa, Muhammad enviou Abu Sufyan e Mughira com eles. Eles deveriam destruir o ídolo. Quando chegaram a Ta’if, Mughira quis enviar Abu Sufyan à frente. Mas ele disse: “Você vai primeiro ao seu povo.” Ele próprio ficou em sua propriedade em Dhu al-Hadm. Quando Mughira entrou na cidade, ele caiu sobre o ídolo e o destruiu com um machado. Seus tribais, os Banu Mu'attib, ficaram de pé à sua volta, porque temiam que ele pudesse ser atingido por flechas ou ferido como ‘Urwa. As mulheres dos thaqifitas choravam e gritavam:

Ó, que rios de lágrimas corram!
Os covardes entregaram Lat;
Nós lutamos pouco.

Enquanto Mughira destruía os ídolos com o machado, Abu Sufyan gritou: “Ai de você! Você merece isso!” Quando Mughira terminou de destruir os ídolos, ele entregou os tesouros e decorações dos ídolos a Abu Sufyan. A decoração foi posta junta a peças diferentes; consistia de ouro e pedras preciosas.

Antes mesmo de a delegação ter ido a Muhammad – pouco após a morte de ‘Urwa, - Abu Mulaih ibn ‘Urwa e Qarib ibn al-Aswad haviam ido a Muhammad e rompido relações com os thaqifitas, com os quais eles não queriam mais ter contato. Então eles se converteram ao islã. Muhammad disse a eles: “Tome por seu Senhor a quem vocês prezam!” Eles responderam: “Nós tomamos a Allah e a seu mensageiro como nosso Senhor.” Muhammad disse mais: “E Abu Sufyan, seu tio maternal.” Eles adicionaram: “E Abu Sufyan, nosso tio maternal.”

Após a conversão dos thaqifitas, Muhammad enviou Abu Sufyan e Mughira a Ta’if para destruírem os ídolos, e Abu Mulaih pediu a Muhammad para que liquidasse uma dívida que seu pai ‘Urwa tinha decorrente dos tesouros do ídolo. Muhammad concordou. Então Qarib disse: “Quite também o débito de meu pai Aswad!” (Al-Aswad era irmão de Urwa tanto do lado paterno quanto do materno). Muhammad respondeu: “Al-Aswad morreu como um idólatra!” Qarib respondeu: “Mas isso diz respeito a um muçulmano que é meu parente. A dívida caiu sobre mim e exigem que eu pague.” Então Muhammad ordenou que Abu Sufyan quitasse a dívida dos dois a partir dos tesouros dos ídolos. Quando Mughira já havia reunido os tesouros, ele lembrou Abu Sufyan da ordem de Muhammad, de modo que Abu Sufyan pagou a dívida.

Muhammad escreveu aos thaqifitas dizendo: “Em nome de Allah, o misericordioso, compassivo. De Muhammad, o profeta, o mensageiro de Allah, aos crentes: As florestas de Wajj e os inerentes direitos à caça não devem ser violados. Não obstante, se alguém os violar, deverá ser despido e chicoteado. Quem repetir a transgressão contra essa ordem será preso e trazido diante do profeta Muhammad. É um assunto que diz respeito a Muhammad, o profeta e mensageiro de Allah. Khalid ibn Sa'id escreveu isso por ordem de Muhammad ibn Abd Allah. Que nenhum homem se oponha ao que Muhammad, o mensageiro de Allah, ordenou. Caso contrário, estará transgredindo contra sua própria alma.”

10.02.12 -- Os quatro meses sagrados (de janeiro a abril de 631 d.C.)

Muhammad permaneceu o restante do Ramadã (9º mês) e os meses de Shawwal (10º mês) e Dhu al-Qa’da (11º mês) em Medina. Então designou Abu Bakr para liderar os peregrinos. Ele quis peregrinar com os crentes em seu nono mês após a Migração. Mas os descrentes também peregrinaram aos seus diferentes acampamentos. Após Abu Bakr partir, a Sura al-Baraa’a (outro nome para a nova sura, al-Tawba) foi revelada e o acordo entre Muhammad e os descrentes foi retirado, segundo o qual nenhum peregrino deveria ser retirado da mesquita e ninguém precisaria temer coisa alguma durante o mês sagrado. Esse contrato foi um acordo geral entre Muhammad e os politeístas.* Além disso, houve acordos especiais entre Muhammad e tribos individuais, os quais valiam por algum tempo, como com os hipócritas que não participaram da campanha militar de Tabuk.

* No começo, em Medina, Muhammad tolerou os hipócritas descrentes e as tribos beduínas não-muçulmanas mais fortes. Tão logo obteve poder suficiente, ele se tornou intolerante, ditatorial e exigiu submissão incondicional.

Uma revelação apareceu referente às palavras deles, uma na qual Allah revelou os pensamentos mais íntimos daqueles que queriam parecer algo que não eram. Ela diz: “1 Sabei que há imunidade, por parte de Deus e do Seu Mensageiro, em relação àqueles que pactuastes, dentre os idólatras. 2 Percorrei (ó idólatras) a terra, durante quatro meses, e sabereis que não podereis frustrar Deus, porque Ele aviltará os incrédulos.” (Sura al-Tawba 9:1,2).*

* Esse verso é a base mais importante no Alcorão para se cancelar contra-tos existentes com os descrentes.
Jesus nunca mudou Suas promessas e avisos, e nem anulou Sua Aliança ou Suas ameaças de julgamento. Ele nunca tentou subjugar as pessoas, famílias ou clã com espada para fazê-los segui-lo. Ele ganhou Seus seguidores com Sua palavra. Essa palavra do Filho de Deus é a fundação da Nova Aliança, de modo que ele disse: “Os céus e a terra passarão, mas Minhas palavras não passarão” (Mateus 24:35). Jesus é a verdade em pessoa (João 14:6).

Outra mensagem de Allah e de Seu mensageiro ao povo no dia da grande peregrinação foi que Allah e Seu mensageiro não tinham mais obrigação para com os animistas: “3 Mas se vos arrependerdes, será melhor para vós; porém, se vos recusardes, sabei que não podereis frustrar Deus! Notifica, pois, aos incrédulos, que sofrerão um doloroso castigo. 4 Cumpri o ajuste com os idólatras, com quem tenhais um tratado, e que não vos tenham atraiçoado e nem tenham secundado ninguém contra vós; cumpri o tratado até à sua expiração. Sabei que Deus estima os tementes. 5 Mas quanto os meses sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abri-lhes o caminho. Sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo. 6 Se alguns dos idólatras procurar a tua proteção, ampara-o, para que escute a palavra de Deus e, então, escolta-o até que chegue ao seu lar, porque (os idólatras) são insipientes.” (Sura al-Tawba 9:3-6).

* O assassinato de animistas, os inimigos de Muhammad e daqueles que se afastaram do islã, é tido pelos muçulmanos como uma ordem de Allah. Quem não cumpre essa ordem é culpado de se recusar a obedecer às ordens de Allah e ele próprio será punido.
É o exato oposto de Jesus! Ele nos ensinou a amar nossos inimigos. Quem não obedece Sua palavra se separa do amor de Deus (Mateus 5:43-48).

7 Como podem os idólatras fazer um tratado com Deus e Seu Mensageiro - Exceto aqueles com os quais tenhas feito um tratado, junto à Sagrada Mesquita? Sê verdadeiro com eles, tanto quanto forem verdadeiros para contigo, pois Deus estima os tementes. 8 Como pode haver (qualquer tratado) quanto, se tivessem a supremacia sobre vós, não respeitariam parentesco nem compromisso? Satisfazem-vos com palavras, ainda que seus corações as neguem, a sua maioria é depravada. 9 Negociam a ínfimo preço os versículos de Deus e desencaminham (os humanos) da Sua senda. Que péssimo é o que fazem! 10 Não respeitam parentesco, nem compromisso com fiel algum, porque são transgressores. 11 Mas, se se arrependerem, observarem a oração e pagarem o zakat, então serão vossos irmãos na religião, combatei os chefes incrédulos, pois são perjuros; talvez se refreiem.” (Sura al-Tawba 9:7-11).

Como a Sura al-Baraa’a foi revelada a Muhammad após ele já ter enviado Abu Bakr como líder dos peregrinos, ele foi perguntado: “Ó, mensageiro de Allah, você não enviará essa revelação a Abu Bakr?” Ele respondeu: “Somente alguém de minha família pode me representar!” Então ele chamou a Ali e disse-lhe: “Vá com a revelação, conforme escrita no início da Sura Baraa’a*, e faze-a conhecida no dia do sacrifício, quando o povo está reunido em Mina (próximo a Meca), que diz que nenhum descrente entrará no paraíso, que nenhum idólatra está autorizado a peregrinar após este ano e que nenhum deles pode mais andar à volta da Caaba. Além disso, os contratos firmados com Muhammad devem ser considerados válidos somente até sua expiração.”

* “Baraa’a é outro nome para a 9ª Sura, hoje geralmente conhecida como al-Tawba.

Ali partiu no camelo de Muhammad ‘Adhba (o doce) para ir ter com Abu Bakr. Quando Abu Bakr o viu, ele perguntou: “Você vem como emir ou com uma comissão especial?” Ali respondeu: “Com uma comissão especial.” Então eles continuaram juntos. Abu Bakr conduziu os peregrinos enquanto o restante dos beduínos acampou mais uma vez naquele ano, como se ainda estivessem no paganismo. No dia do sacrifício, Ali se levantou e fez saber sua comissão da parte de Muhammad. Ele disse: “Ó, povo! Nenhum descrente entrará no paraíso. Após esse ano, não será mais permitido que um idólatra peregrine a Meca. Ninguém poderá andar à volta da Caaba despido. Apenas os contratos firmados com Muhammad valerão, e enquanto não expirarem.” Então ele de aos idólatras um prazo de quatro meses, de modo que cada um deles poderia retornar a um lugar seguro em suas terras. Somente os contratos e os acordos de proteção que foram feitos com Muhammad continuariam valendo, e isso por um tempo específico. Após esse anúncio, Ali e Abu Bakr retornaram a Muhammad.*

* O cancelamento dos contratos significou uma declaração de guerra contra todos os moradores e governantes não-muçulmanos da Península Árabe. Muhammad quis não apenas trazer uma nova religião, mas também desejou fortificar e expandir seu estado religioso – usando a força, se necessário.
Jesus e seus apóstolos, porém, nunca tentaram coisa alguma desse tipo.
De fato, Jesus admitiu diante de Pilatos que Ele era um “rei”, mas Ele deixou claro que Seu reino não é desse mundo. Ele não exigiu impostos e não ordenou que pegassem em armas, mas clamou por humildade, mansidão, castidade e amor no Espírito Santo.

Essa foi a desassociação dos idólatras, que tinham contratos gerais, e daqueles que tinham contratos especiais, que valiam por um tempo determinado. Depois Allah ordenou que seu mensageiro batalhasse contra os idólatras, que, de fato, possuíam um contrato especial, mas que o violaram. Todos sem contrato estava sem proteção após os quatro meses. Mas se alguém cometesse algum ato violento, ele seria morto. É dito: “13 Acaso, não combateríeis as pessoas que violassem os seus juramentos, e se propusessem a expulsar o Mensageiro, e fossem os primeiros a vos provocar? Porventura os temeis? Sabei que Deus é mais digno de ser temido, se sois fiéis. 14 Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio das vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis, 15 e removerá a ira dos seus corações. Deus absolverá quem Lhe aprouver, porque é Sapiente, Prudentíssimo. 16 Pensais, acaso, que podereis ser deixados livres, sendo sabido que Deus ainda não pôs à prova aqueles, dentre vós, que lutarão e não tomarão por confidentes ninguém além de Deus, Seu Mensageiro e os fiéis? Deus está bem inteirado de tudo quando fazeis!”* (Sura al-Tawba 9:12-16).

* Vingança e ódio são as forças motoras nos corações dos muçulmanos. Eles não conhecem ordem de reconciliação incondicional, perdão e amor aos inimigos – como ensinado no Evangelho.

28 Ó fiéis, em verdade os idólatras são impuros. Que depois deste seu ano não se aproximem da Sagrada Mesquita! E se temeis a pobreza, sabei que se a Deus aprouver, enriquecer-vos-á com Sua bondade, porque é Sapiente, Prudentíssimo. 29 Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya.” (Sura al-Tawba 9:28,29).

(Com esse importante verso na Sura chamada “Arrependimento”, Muhammad ordena que todos os muçulmanos participem de um sangrento esforço contra judeus e cristãos, não um esforço para levá-los a mudar sua mente, mas um que os fará pagar um imposto discriminatório como sujeitos inferiores, o qual ajuda a financiar as guerras religiosas dos muçulmanos.)*

* Com essa revelação veio a proclamação de guerra contra todos os judeus e cristãos. Os animistas deveriam se mortos sem dó se não aceitassem o islã. Os judeus e cristãos, porém, deveriam ser subjugados. Eles deveriam sofrer a condição daqueles que foram humilhados e feitos cidadãos de segunda classe, porque, apesar de terem livros sagrados, eles não aceitaram o islã.
Mas Jesus disse: “Vão e façam discípulos em todas as nações, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu tenho ordenado.” A grande comissão de Jesus não contém violência, mas apenas a ordem para evangelizar, batizar e ensinar por meio de Sua presença nos discípulos (Mateus 28:19,20)..

Ó fiéis, em verdade, muitos rabinos e monges fraudam os bens dos demais e os desencaminham da senda de Deus. Quanto àqueles que entesouram o ouro e a prata,* e não os empregam na causa de Deus, anuncia-lhes (ó Muhammad) um doloroso castigo.” (Sura al-Tawba 9:34)

* Muhammad sabia algo sobre as riquezas das igrejas Ortodoxas e Católicas e dos monastérios. Ele alegremente teria confiscado essas riquezas para financiar suas guerras.

Para Deus o número dos meses é de doze, como reza o Livro Divino, desde o dia em que Ele criou os céus e a terra. Quatro deles são sagrados; tal é o cômputo exato. Durante estes meses não vos condeneis...” (Sura al-Tawba 9:36).

As esmolas são tão-somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionário empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de Deus e para o viajante; isso é um preceito emanado de Deus, porque é Sapiente, Prudentíssimo.” (Sura al-Tawba 9:60).

* O imposto religioso não deve ser visto apenas como um imposto social de caridade, já que ele também ajuda a financiar a Guerra Santa. Ele serve para comprar muçulmanos que se tornaram escravos ou para resgatar escravos que se tornaram muçulmanos, bem como como uma ajuda inicial para novos convertidos e para apagar a dívida que muçulmanos tinham com inimigos do islã, de modo que não estariam mais dependentes dos descrentes. Então, o imposto religioso não é apenas usado para caridade, mas para ajudar na divulgação do islã.

Quanto àqueles que calunia os fiéis, caritativos, por seus donativos, e escarnecem daqueles que não dão mais do que o fruto do seu labor, Deus escarnecerá deles, e sofrerão um doloroso castigo.” (Sura al-Tawba 9:79). Os fiéis foram Abd al-Rahman ibn Auf e Assim ibn Adi, um irmão dos Banu al-Ajlan. Muhammad deu a ordem urgente para se dar esmolas. Abd al-Rahman, então, trouxe 4 mil dirhams e Assim 100 cargas de tâmaras. Então eles criticaram os dois e disseram: “Vocês só estão fingindo ser devotos.” O único que realmente trabalhou duro para dar esmolas foi Abu Aqil, um irmão dos Banu ‘Unaif. Ele trouxe um Saa’ (uma medida de barril) de tâmaras. Eles o zombaram por isso e disseram: “Allah não precisa dessa medida de Abu Aqil!”

Entre os beduínos, há aqueles que consideram tudo quanto distribuem em caridade como uma perda; aguardam, ainda, que vos açoitem as vicissitudes. Que as vicissitudes caiam sobre eles! Sabei que Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.” (Sura al-Tawba 9:98).

A respeito dos beduínos direitos e crentes, lemos: “Também, entre os beduínos, há aqueles que crêem em Deus e no Dia do Juízo Final; consideram tudo quanto distribuem em caridade como um veículo que os aproximará de Deus e lhes proporcionará as preces do Mensageiro. Sabei que isso os aproximará!” (Sura al-Tawba 9:99).

10.02.13 -- O poema de Hassan

No seguinte poema, Hassan ibn Thabit reconta as batalhas nas quais os auxiliadores perseveraram com Muhammad e menciona os lugares onde acamparam. Outros dizem que o poema é de Abd al-Rahman.

Vocês não são os melhores de Ma’d, / tanto sozinhos quanto como companheiros de guerra? / Vocês deveriam ser avaliados individualmente ou em grupo? / Eles são um povo que lutou resolutamente com o Mensageiro em Badr. / Nenhum fugiu ou se apostatou dentre eles. / Eles o pagaram tributo e nenhum deles quebrou seu voto. / Sua fé estava além de toda dúvida. / Eles estavam com ele no dia em que no Vale de Uhud / golpes violentos caíram sobre eles, os queimando como com o calor do fogo. / Também no Dia de Dhu Qarad, quando ele os chamou para lutar em cavalos nobres. / Eles não foram fracos ou covardes. / Eles atacaram a Dhu al-‘Ushaira, com seus cavaleiros armados com capacetes e lanças, / e no Dia de Waddan eles foram com seus cavalos e moradores à frente / de si, até que o chão de pedras e as montanhas os deram um objetivo. / Por algumas noites procuraram pelos inimigos por Allah, / e Allah os recompensou pelo que faziam. / Na Batalha de Najd eles também saíram com o Mensageiro contra o inimigo, / e encontraram outros espólios. / Também na Noite de Hunain eles lutaram ao seu lado. / Ali ele os conduziu novamente ao lugar de guerra abundante de água. / Na Batalha de al-Qaa’ nós dispersamos o inimigo, / como um rebanho que se afasta de um buraco de água. / No Dia do Tributo, eles juraram lutar por ele, / e eles ficaram com ele e não recuaram. / Na conquista de Meca, eles se uniram a seu anfitrião. / Eles não foram iracundos ou precipitados. / No Dia de Khaybar, eles estavam em seu exército, / e saíram como heróis, menosprezando a morte, / brandindo espada em suas mãos direitas, / espadas que rapidamente se curvam em batalha mas que logo se endireitam novamente. / No dia em que o Mensageiro de Allah saiu contra Tabut, / contando com a recompensa do Senhor, / eles foram o padrão e comandantes tão logo a guerra chegou, / sempre que se pensava em avançar ou em recuar. / Esse povo protegeu o Profeta. / Eles são meu povo; eu sou deles. / Eles nobremente oferecem suas vidas e não transgridem a aliança. / Se forem mortos, eles morrem no caminho de Allah.*
* Nesse louvor de morte, 12 das 38 campanhas militares que Muhammad comandou são citadas, sendo que na maior parte ele mesmo participou.
A respeito de Jesus, não lemos sobre guerras, mas sobre os milagres nos quais ele curou os doentes, expulsou demônios e salvou Seus discípulos da tempestade e da fome.

10.03 -- As delegações das tribos beduínas honram a Muhammad (631 d.C.)

10.03.1 -- O ano das deputações (631 d.C.)

Após Muhammad conquistar Meca e ter retornado a Tabuk e os taqhifitas terem se convertido e pago tribute a ele, delegados de todas as regiões da arábia foram ter com ele. Isso foi no ano nove após a Hégira, e por isso também é chamado de o “Ano da Purificação”. Os beduínos estavam esperando para ver como a batalha entre a tribo dos coraixitas e Muhammad terminaria. Os coraixitas eram líderes exemplares na Península Árabe, senhores da santa Caaba, a progenia ressurreta de Ismael, filho de Abraão. Também foram os coraixitas os primeiros a contradizerem Muhammad e a incitar guerra contra ele. Mas após Meca ter sido conquistada e os coraixitas subjugados a Muhammad, os beduínos vizinhos sabiam que não possuiriam força suficiente para batalhar com sucesso contra Muhammad. Portanto, eles confessaram a fé em Allah. Se lê: “1 Quando te chegar o socorro de Deus e o triunfo, 2 e vires entrar a gente, em massa, na religião de Deus, 3 celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque Ele é Remissório.” (Sura al-Nasr 110:1-3).

* A conversão em massa ao islã não se deu por convicção ou fé, mas por razões oportunistas. Apesar disso, Muhammad louvava a Allah pelo crescimento do islã na Península Árabe. Para ele, o islã não apenas era uma fé e uma religião, mas acima de tudo era poder e domínio.
“Fé”, no islã, está frequentemente ligada em domínio por causa do medo. Esse tipo de fé nada tem a ver com a fé que resulta do amor e da confian-ça, que é a que Jesus trouxe.

O verdadeiro anjo Gabriel disse a José: “Ele (Jesus) salvará seu povo de seus pecados” (Mateus 1:21), e em Lucas 24:46,47 Jesus profetizou: “Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.

10.03.2 -- A competição dos poetas

Junto de outras delegações dos beduínos, também veio o tamimita Utarid ibn Hajib a Muhammad. Ele se encontrava acompanhado de nobres tamimitas, como al-Aqra ibn Habis, Zibriqan ibn Badr e Amr ibn al-Ahtam al-Habhab. Foi al-Hutat que Muhammad tinha ligado em amizade fraternal com Mu'awiya ibn Sufyan.

Entre seus companheiros, Muhammad estabeceu irmandade entre: Abu Bakr com Umar, Uthman ibn ‘Affan com Abd al-Rahman ibn Auf, Talha ibn ‘Ubaid Allah com Zubair ibn al-Awwam, Abu Dharr al-Ghifari com Miqdad ibn Amr al-Bahrani, Mu'awiya com Hutat ibn Jazid al-Mujashi. Hutat morreu sob o califado de Mu'awiya, e Mu'awiya assumiu as propriedades de Hutat por conta de sua irmandade. Farazdaq (entre outros) dirigiu o seguinte verso a Mu'awiya:

Ó, Mu'awiya, seu pai e tio deixaram heranças. / Seus parentes deveriam ser os que a receberiam. / Por que você devora a parte de Hutat, / quando aquilo que resta da porção de Harb / ainda está em sua mão?

Quando os delegados de Tamim foram à Caaba, eles gritaram por trás da habitação de Muhammad: “Sai para falar conosco, Muhammad!” Essa comoção desagradou a Muhammad, mas ainda assim ele saiu para ter com eles. Então eles disseram: “Ó, Muhammad, nós viemos para te envolver em uma competição de poesia. Permita que nossos poetas e oradores recitem.” Muhammad disse: “Eu permito.” Então Utarid se levantou e disse:

Louvado seja Allah, exaltado acima de todos nós. / A Ele pertence a honra acima de tudo. / Ele nos fez príncipes e nos deu grandes posses, / com as quais devemos fazer o bem. / Ele nos tornou os mais poderosos de / todos os habitantes do oriente, / os mais numerosos e os melhor equipados. / Quem se assemelha a nós entre os povos? / Não somos os líderes da humanidade, / os preferidos acima de todos? / Quem tenta contestar nossa fama, / que liste também aqui que podemos numerar. / E se quiséssemos, poderíamos dizer muito mais. / Apenas nos constrangemos de falar muito mais do que temos recebido. / Por isso também somos conhecidos. / Diga o que você pode fazer que se assemelhe a nós, / ou que seja ainda melhor.

Após isso, ele se sentou novamente e Muhammad disse a Thabit ibn Qays ibn al-Shammas:* “Levante-se e enfrente o discurso desse homem!”

* Thabit foi um poeta islâmico de histórico cristão, o que pode ser visto nos elementos bíblicos de sua poesia.

Thabit se levantou e falou:

Que Allah seja louvado, o criador do céu e da terra, onde ele cumpre seus propósitos, cuja sabedoria envolve seu trono, por meio de cuja bondade todas as coisas existem. Em sua onipotência ele nos fez príncipes e dentre o melhor de suas criaturas ele escolheu um mensageiro, o de linhagem mais nobre, o de fala mais confiável e o mais excelente em nobreza. Ele o revelou sua Escritura e confiou a ele suas criaturas. Ele é o escolhido de Allah entre todos os seres. Ele conclamou seu povo para crer nele. Seus parentes e os Imigrantes de seu povo creram nele, homens da geração mais nobre, o de aparência mais atraente e o de melhor caráter. Nós fomos os primeiros a dar ouvidos ao Mensageiro de Allah, quando ele clamou a Allah. Somos os Auxiliadores de Allah e os delegados de seu mensageiro. Nós lutamos contra os povos até que creiam em Allah. Quem crê em Allah e em seu mensageiro salva a si e às suas posses. Quem nega Allah lutará sem cessar e pouco se importa com sua morte.* Essas são minhas palavras. Que Allah me pordoe e a todos os homens e mulheres crentes. Paz seja convosco!
* Esses fundamentos do pensamento islâmico não são apenas opinião pessoal do poeta, mas são parte integral da lei islâmica. Todos os europeus, asiáticos, africanos e americanos devem ter esses princípios islâmicos em mente: “Nós lutamos contra os povos até que creiam em Allah. Quem crê em Allah e em seu mensageiro salva a si e às suas posses. Quem nega Allah lutará sem cessar e pouco se importa com sua morte.

Então Zibriqan se levantou e falou:

Somos os nobres! Nenhuma tribo é como a nossa. De nós surgem os príncipes. Por meio de nós o comércio florece. Já subjugamos a muitas tribos no combate montado. Nossa força precisa ser reconhecida. Alimentamos-nos de assados mesmo em anos de fome, quando as condições dos outros países são severas. Portanto, você vê os mais nobres de todas as nações vindo a nós durante a noite. Nós nos ocupamos em alimentá-los e matamos cáfilas inteiras de camelos por honra a nosso clã, para que os convidados que nos visitem sejam saciados. Sempre que competimos contra outra tribo por fama, você a vê humilhada, caminhando cabisbaixa. A quem conhecemos que queira contestar nossa fama? O povo pode voltar para casa. As notícias a esse respeito já são conhecidas. Nós resistimos a todos enquanto ninguém resiste a nós. Então nos levantamos para uma fama cada vez maior.

Hassan não estava presente, então Muhammad o convocou. O próprio Hassan explicou: “O mensageiro de Muhammad veio a mim e disse que Muhammad me chamou para responder ao poeta dos Banu Tamim. Eu fui a Muhammad e compus o seguinte”:

Nós protegemos o mensageiro de Allah contra os descontentes e os indesejosos de Ma’d, enquanto ele habitava entre nós. Nós o protegemos de todos blasfemador e malfeitor com nossas espadas quando ele permanecia entre nós em uma casa isolada, cuja força e poder fica em Jabiya al-Jaulan, em meio a estrangeiros. Existe fama outra coisa que não em governante maduro, generoso, do melhor nível e que suporta eventos árduos?

Quando cheguei a Muhammad e o poeta estava recitando seus versos ao povo, eu recitei de maneira parecida, o refutando. Quando ele terminou e Muhammad me convocou para respondê-lo, eu comecei:

Os líderes de Fihr (uma tribo beduína) e seus irmãos marcaram o caminho que o povo deve seguir. Quem teme Allah em sua alma se satisfaz, e tudo de bom será seu prêmio. Essas são as pessoas que trazem destruição a seus inimigos quando fazem guerra contra eles e que obtêm lucro para seus próprios seguidores. Essa é sua natureza desde tempos imemoriáveis; e saiba que o mau nas pessoas reside em suas inovações. Ninguém pode restaurar o que suas mãos rasgaram na guerra, nem rasgar o que foi remendado. Quando eles competem contra o povo, são eles que recebem o prêmio, e quando eles disputam em generosidade, são eles que se sobressaem a todos os outros. Eles são virtuosos. Sua virtude é exaltada na revelação. Eles não se sujam e nenhum desejo desmedido os leva à destruição. Eles não cobiçam os bens de seus vizinhos e nem a ganância os aproxima do imundo. Quando saímos contra uma tribo, nós subimos ao mais alto quando as garras da guerra se aproximam de nós, enquanto os covardes recuam. Quando atacamos o inimigo, nós não nos vangloriamos, e quando somos atingidos, nós não ficamos com medo ou nos acovardamos em nossos corações. Na batalha, quando a morte se aproxima de nós, somos como os leãos de Halya*, que têm patas deslocadas. Somos perfumados por incenso, então aceite de nós o que oferecemos generosamente. Não busque coisas que já recusamos. Se fazemos guerra, então tema nossa disposição e considere sua ruína, porque você afundará, cercado por plantas venenosas e por árvores sala. Honráveis são as pessoas que seguem o mensageiro de Allah, quando outras hostes se perdem em suas paixões. Nenhum coração lhe oferece louvor cujo desejo é sustentado por uma língua eloquente e orgulhosa. Esse é o povo mais excente dentre todas as tribos, seja em assuntos insignificantes ou importantes."
* Uma área do Iêmen em que há muitos leões (segundo o dicionário: Lisan al-‘Arab).

Então Zibriqan se levantou e respondeu com os seguintes versos:

Viemos a vocês para que o povo possa reconhecer nossas excelências, caso discutam sobre as próximas celebrações. Somos os líderes da humanidade em todos os lugares. Ninguém em toda a Hijaz pode se comparar a Darim. Nós damos o troco aos notáveis quando caminham orgulhosamente e golpeamos a cabeça dos líderes arrogantes. Para nós pertence a quarta parte de de toda guerra que empreendemos contra Najd ou em outros lugares.

Então Hassan se levantou e falou:

A fama reside em outra coisa que não domínio desde os tempos antigos, generosidade e na resistência a momentos difíceis? Nós saudamos o profeta Muhammad e o apoiamos, quer isso agrade a Ma’d ou não, com uma tribo isolada cuja origem está em Jabia al-Jaulan, no meio do povo estrangeiro. Quando ele se estabeleceu entre nós, nós o apoiamos com nossas espadas contra os malditos e malfeitors. Nós o abrigamos com nossos filhos e filhas, e não nos aborrecemos quando ele se encarregou dos espólios. Nós ferimos os povos com espadas de lâmina fina, afiada, até que eles seguiram sua fé. Nós demos à luz o mais excelente dos coraixitas, o profeta da salvação do clã de Hashim. Ó, filhos de Darim, não se vangloriem, que sua jactância não os destrua quando as virtudes forem mencionadas. Que vocês se tornem órfãos! Vocês querem se exaltar acima de nós, embora vocês sejam nossa posse, nossos servos e escravos. Se vocês vieram salvaguardar seus bens e seu sangue, para que vocês não sejam distribuídos com seus espólios, então não associem parceiro a Muhammad, se tornem muçulmanos e não se vistam à maneira dos estrangeiros!

Quando Hassan recitou seu poema, al-Aqra disse: “Por meu pai, esse homem merece ser seguido. Seu representante é melhor do que o nosso. Sua poesia supera a nossa e sua voz é mais alta do que a nossa.” Então eles se converteram ao islã e Muhammad os presentou com generosidade. Entre os delegados, Amr ibn al-Ahtam ficou com os camelos, porquanto era o mais jovem. Qays ibn Asim, que o odiava, disse a Muhammad: “Ó, Mensageiro de Allah! Um de nós ficou com os camelos!” E depreciativamente disse: “É só um menino novo!” Não obstante, Muhammad deu-lhe presentes como dera aos outros. Quando Amr ouviu como Qays havia zombado dele, ele recitou:

Você me desgraçou pelas minhas costas e me insultou diante do mensageiro. Você não falou a verdade e não alcançou seu objetivo. Impusemos uma esplêndida governância sobre você, enquanto seu poder é como um sentando sobre o próprio rabo e abrindo a boca até que os dentes de trás são vistos.

No Alcorão é dito a este respeito: “Em verdade, a maioria daqueles que gritam (o teu nome), do lado de fora dos (teus) aposentos, é insensata.”* (Sura al-Hujurat 49:4).

* A batalha de poetas foi uma forma intelectual de duelo e parafraseou de maneira poética a percepção e cultura dos animistas e dos muçulmanos vivendo na Península Árabe daquele tempo. Batalha, vitória, honra e direito eram mais importantes do que fé, amor e esperança. Humilhação e humildade estavam em falta e perdão de pecados nem era buscado.

10.03.3 -- Dois inimigos de Allah e seu destino

Entre os delegados dos Banu Amir* que foram ter com Muhammad, estavam Amir ibn Tufail, Arbad ibn Qays, Khalid ibn Ja’far e Jabbar ibn Salma. Esses eram os líderes dos satanases** da tribo. Amir ibn Tufail, o inimigo de Allah, foi a Muhammad com o propósito de trai-lo. Seus tribais disseram-lhe: “Todo o povo está se tornando muçulmano! Se converta você também!” A isso ele respondeu: “Por Allah, eu jurei não descansar até que todos os árabes sigam meus passos! Agora eu deveria seguir esse coraixita?” Então ele disse a Arbad: “Quando nos aproximarmos do homem, eu desviarei a atenção dele de você. Se isso acontecer, caia sobre ele com sua espada! Quando eles se aproximaram de Muhammad, Amir disse: “Ó, Muhammad, deixe-me falar a sós!” Muhammad respondeu: “Por Allah, não antes que você creia em Allah, o único.” Amir repetiu seu pedido e disse algo mais a Muhammad, de modo que ele esperava que Arbad fizesse conforme ordenado. Mas Arbad não fez conforme o desejado. Quando Amir viu isso, ele repetiu seu pedido, mas Muhammad respondeu: “Não antes que você creia em Allah, o único e que não tem parceiro.” Quando Muhammad persistiu em sua recusa, Amir disse: “Por Allah, eu encherei a terra com cavaleiros e homens a pé contra você!” Quando ele se retirou, Muhammad falou: “Allah, me proteja de Amir ibn Tufail!”

* Os Banu Amir ibn Sa’as’a viviam em uma área que ficava de 300 a 550km a nordeste de Meca.
** Os principais adversários de Muhammad era sempre e sempre chamado de “satanás”.

Quando os dois homens deixaram Muhammad, Amir disse a Arbad: “Ai de você! Você pode não cumpriu a ordem que eu te dei? Por Allah, eu nunca tive medo de algum homem na terra como tive medo de você. Mas de agora em diante não terei mais medo de você.” Arbad respondeu: “Que você seja um órfão! Não tire conclusões precipitadas a meu respeito! Por Allah, logo que pensei em sua ordem, você ficou entre mim e o homem, se modo que eu pude ver apenas você. Eu deveria ter te atacado com a espada?” Então eles visaram voltar para sua terra. Mas no caminho de casa, Allah enviou uma peste bubônica sobre o pescoço de Amir e o matou na casa de uma mulher dos Banu Salul. Amir disse: “Deveria uma ferida como a ferida de um camelo jovem cair sobre mim? É esta a casa de uma mulher dos Banu Salul?” Após Amir ser enterrado, seus companheiros foram à terra dos Banu Amir para invernar por lá. Quando voltaram à sua casa, os tribais de Arbad perguntaram o que ele trazia. Ele respondeu: “Nada, por Allah. Ele nos conclamou a adorar uma coisa que se ela estivesse aqui, comigo, eu acertaria com flechas e mataria!” Um dia ou dois depois que ele disse essas palavras, ele saiu com um camelo que queria vender. Então Allah enviou um raio que consumiu tanto a ele quanto ao seu camelo.

10.03.4 -- Dimam ibn Tha’laba, o delegado dos Banu Sa'd ibn Bakr*

Os Banu Sa'd ibn Bakr enviaram um de seus homens, chamado Dimam ibn Tha’laba, a Muhammad. Quando ele chegou a Medina, ele fez seu camelo se abaixar diante da porta da mesquita e, então, o amarrou firmemente. Então ele entrou na mesquita, na qual Muhammad estava sentado, cercado por seus companheiros. Dimam era um homem forte e peludo, de topete volumoso. Quando ele ficou diante de Muhammad, perguntou: “Quem de vocês é filho de Abd al-Muttalib?” Muhammad respondeu: “Eu sou!” – “Você é Muhammad?” – “Sim.” – “Eu quero fazer perguntas importantes a você. Você as levará a mal?” – “Não, pergunte o que quiser!” – “Eu adjuro por Allah, seu Deus, pelo Deus de seus ancestrais e por aqueles que o seguem: Allah te enviou a nós como mensageiro?” – “Por Allah, sim!” – “Eu te adjuro por Allah, seu Deus, pelo Deus de seus ancestrais e por aqueles que o seguem: Allah o ordenou que nos admoestasse a adorarmos apenas a Ele, a não associar-lhe parceiros e a nos livrarmos dos deuses que nossos ancestrais serviram juntamente a Ele?” – “Sim Allah, sim.” – “Eu o adjuro por Allah, seu Deus e Deus de seus ancestrais e por aqueles que o seguem: Allah o ordenou que prescrevesse cinco orações diárias?” – “Sim”. Então ele mencionou os requisitos do islã, um após o outro, dar esmolas, jejuar, peregrinar, bem como outras ordenanças, implorando a Muhammad cada uma das vezes, tal como fizera no começo. Quando ele terminou, ele disse: “Eu confesso que não há Deus além de Allah e que Muhammad é Seu Mensageiro. Eu seguirei essas ordenanças, renunciarei ao que está proibido, a elas nada adicionarei e delas nada removerei.” Então ele retornou ao seu camelo. Muhammad disse: “Esse homem com o topete é sincero, ele entrará no paraíso.” Dimam desamarrou seu camelo e retornou aos de sua tribo. Quando eles se reuniram à sua volta, sua primeira palavra foi: “Lat e Uzza caíram em desgraça!” O povo gritou: “Calma lá, Dimam! Espere por lepra, elefantíase e loucura!” Mas ele disse: “Ai de vocês! Por Allah, eles (os deuses) não podem te ajudar e nem te prejudicar. Allah enviou seu mensageiro e revelou uma Escritura a ele, na qual Ele os redime de sua condição atual. Eu testifico que Allah é um, sem parceiros, e que Muhammad é seu servo e mensageiro. Eu trago a você seus mandamentos e proibições.” Antes do cair da noite, todos os homens e mulheres de seu acampamento haviam se convertido ao islã. Segundo o relato de Ibn ‘Abbas, nunca se ouviu falar de melhor delegado do que Dhimam.

* Os Banu Sa'd ibn Bakr viviam em uma região que ficava a cerca de 130km ao nordeste de Meca.

10.03.5 -- Jarud, o cristão,* se torna muçulmano

Após isso, Jarud ibn Amr foi a Muhammad. Ele era um cristão. Quando ele esteve diante de Muhammad, o Profeta o apresentou ao islã e instigou nele o desejo de aceitá-lo.

* Jarud pertencia aos Banu ‘Abd al-Qays, que viviam na parte leste da Península Árabe, sob influência sassânida, a cerca de 1100km a leste de Medina, no golfo árabe, ao longo do atual Bahrein. Ele provavelmente era um cristão nestoriano.

Então Jarud disse: “Ó, Muhammad! Eu tenho uma fé da qual abrirei mão em favor de sua fé. Você pode me garantir uma substituição aceitável à minha fé?” Muhammad respondeu: “Sim, eu garanto que Allah está te guiando a uma fé que é melhor do que a sua.” Então Jarud se converteu ao islã e seus companheiros também.* Então ele pediu a Muhammad animais de carga. Muhammad respondeu: “Por Allah, eu não tenho algum que possa dar!” Então ele disse: “Ó, mensageiro de Allah, entre nós e minha terra há muitas pessoas desviadas.** Deveríamos retornar à nossa terra com pessoas assim?” Muhammad respondeu: “Não, fique longe deles. Eles são chamas do inferno.” Então al-Jarud retornou à sua tribo e foi um bom muçulmano, que permaneceu firme na fé até morrer. Ele viveu até o tempo da apostasia, quando os de sua tribo, com Gharur ibn al-Mundhir, retornaram à sua fé antiga. Mas ele falou ao povo e os desafiou a perseverarem no islã, dizendo: “Eu testifico a vocês do povo que não há Deus além de Allah e que Muhammad é Seu servo e mensageiro. Eu proclamo que aquele que não crê é um descrente.”

* Alguns cristãos reconheceram, após sua rápida aceitação do islã, o que haviam perdido. Eles se afastaram do islã e, posteriormente, foram superados e conquistados pelos muçulmanos.
** Os que se “desviaram” são cristãos que deveriam ir ao deserto para morrer de sede por crer em Deus, o Pai, e no Filho. Muhammad os descreveu como combustível para o fogo do inferno. (Sura Al ‘Imran 3:10)

10.03.6 -- A chegada dos delegados dos Banu Hanifa com Musaylima

Após isso, chegaram delegados dos Banu Hanifa.* Entre eles estava Musaylima** ibn Habib, o mentiroso. Eles desmontaram à filha de al-Harith, a esposa de um dos companheiros dos Banu al-Najjar. Os delegados dos Banu Hanifa foram a Muhammad, mas deixaram Musaylima para trás, no campo. Quando eles confessaram o islã, eles o mencionaram e disseram: “Deixamos um de nossos companheiros no campo com os camelos, para cuidar deles.” Muhammad os ordenou que dessem a ele o mesmo que seus companheiros haviam recebido, e disse: “Ele não ocupa o pior lugar entre vocês.” Então eles deixaram a Muhammad e levaram a Musaylima o que Muhammad lhes havia dado. Mas quando chegaram a Yamama, o inimigo de Allah se apostatou, se disse profeta, mentiu para eles e disse: “Eu sou seu parceiro.” Aos delegados, ele disse: “Ele não disse a vocês, quando me mencionou, que meu lugar não é o pior entre vocês? Isso porque vocês sabem que eu sou seu parceiro nessa questão.” Então ele falou-lhes por rima e disse, imitando o Alcorão:

Allah é misericordioso para com as grávidas.
Delas ele trás seres vivos, que se movem
Entre o abdômen e os intestinos.

Musaylima os permitiu o vinho e prostituição, e os liberou das orações obrigatórias. Ainda assim, ele confessava que Muhammad era um profeta, e os Banu Hanifa concordaram com ele.

* Os Banu Hanifa viviam a noroeste dos Banu ‘Abd al-Qays, na área do golfo árabe, numa região que fica de 860 a 1100km a leste de Medina.
** No Islã, Musaylima se tornou a personificação de um falto profeta, por isso dizem: “Ele mente como Musaylima.” Essa é a forma diminutiva de “Maslama”, que é usada para ridicularizá-lo.

10.03.7 -- A chegada de Zaid al-Khail com os delegados de Tayyi’*

Entre os delegados que foram a Muhammad de Tayyi’, também estava o chefe deles, Zaid al-Khail. Muhammad explicou o islã a eles. Eles se converteram e se tornaram muçulmanos devotos. Segundo o relato de um tayyita confiável, Muhammad disse a eles: “Nenhum beduíno que veio a mim foi tão louvável quanto Zaid al-Khail, de quem tudo o que foi dito não lhe faz justiça.” Então ele o chamou de “Zaid al-Khair” (Zaid, o bom ou o melhor), deu-lhe espólio e algumas terras e deu-lhe algo em conformidade. Após isso, Zaid retornou à sua tribo. Muhammad disse: “Zaid não escapará da febre de Medina!” Quando Zaid chegou à água de Fard em Najd, a febre o venceu e ele morreu.

* Os Banu Tayyi’ viviam no coração da Arábia, cerca de 380 a 550km ao nordeste de Medina.

10.03.8 -- O príncipe cristão ‘Adi ibn Hatim se torna muçulmano

‘Adi ibn Hatim explicou: “Nenhum beduíno odiou mais a Muhammad após ouvir falar dele do que eu. Eu era um homem respeitado, um cristão. Meu povo me reconhecia como seu chefe, a quem eles davam um quarto de sua renda. Segundo meu entendimento, eu estava na fé certa. Portanto, eu odiei a Muhammad quando ouvi falar dele pela primeira vez, e disse a meu escravo árabe, que cuidava de meus camelos: ‘Você ficará sem pai! Mantenham prontos para mim camelos domados e bem alimentados, e quando você ouvir que as tropas de Muhammad estão chegando a essa terra, venha me contar!’ O escravo obedeceu a essa ordem. Em uma manhã ele veio e disse: ‘Ó, ‘Adi, faça agora o que você se determinou a fazer quando as tropas de Muhammad atacarem. Eu vi estandartes e busquei informação sobre eles. Me disseram que eram tropas de Muhammad.’ Ele me trouxe meus camelos, neles montei minha esposa e filhos e me determinei a seguir caminho à Síria, aos meus companheiros de fé. Eu segui meu caminho por al-Jaudhiya, mas deixei minha irmã no campo. As tropas de Muhammad, que logo chegaram, a levaram a Muhamamd, junto de outros cativos de Tayyi’. Ele já ouvira que eu havia fugido à Síria. Minha irmã foi levada a uma cabana que ficava à frente da mesquita, onde os prisioneiros eram trancados. Quando Muhammad passou por ela, ela ficou de pé e disse: “Ó, mensageiro de Allah! Meu pai está morto e o homem que me sustenta fugiu. Poupe-me, Allah será misericordioso para com você!’ Muhammad perguntou: “Quem é o homem que deveria cuidar de você?’ Ela respondeu: ‘’Adi, o filho de Hatim!’ Então ele perguntou: ‘Foi ele quem fugiu diante de Allah e de seu mensageiro?’ Então ele seguiu seu caminho.”

“No dia seguinte,” a menina explicou, “ele novamente passou por mim. Eu falei com ele da mesma maneira e ele me deu a mesma resposta. Quando, no outro dia, ele novamente passou por ali eu já havia perdido minhas esperanças, mas um homem atrás de mim me motivou a ficar de fé e a falar novamente. Eu me levantei e disse: ‘Ó, mensageiro de Allah, meu pai está morto e aquele que me sustentava fugiu, então me perdoe que Allah te será misericordioso!’ Ele respondeu: ‘Então que assim seja, mas não se apresse em partir até que encontre pessoas de sua tribo em quem você confia para que te levem de volta à sua terra. Então me dê notícias a esse respeito!’ Então ele perguntou sobre o homem que me fez um sinal para que falasse com Muhammad. Me foi dito que era Ali. Eu permaneci até que uma caravana de Baliy ou Quda’a veio, porque eu queria ir ter com meu irmão na Síria. Então eu disse a Muhammad: “Alguns homens de minha tribo vieram, nos quais eu posso confiar que me levarão à minha terra!’ Muhammad me deu um vestido, um camelo e a provisão alimentícia necessária, e eu viajei com a caravana até a Síria.”

“Por Allah,” ‘Adi contou, “eu estava sentado com minha família quando vi como um viajante chegou até nós. Eu disse: ‘Essa é a filha de Hatim,’ e era mesmo. Quando ela ficou diante de mim, as palavras fluíram dela: ‘Seu malfeitor, que rasga os elos de parentesco. Você partiu com sua esposa e seus filhos e abandonou os restos de seu pai e seu pudor para trás!’ Eu respondi: ‘Irmãzinha, fale bem, eu não tenho desculpa. Eu fiz o que você disse.’

Então ela desmontou e permaneceu comigo. Como ela era uma pessoa discreta, eu a perguntei: ‘O que você acha desse homem?’ Ela respondeu: ‘Minha opinião é, por Allah, você deveria ir imediatamente até ele, porque ele é um profeta. Quem vai a ela pela primeira vez recebe uma vantagem. Se ele se tornar forte como um príncipe, você não será humilhado por isso, porque o Iêmen também será forte.’ Eu respondi: ‘Por Allah, esse é um julgamento correto,’ então eu fui a Muhammad em Medina.

Ele estava na mesquita. Eu entrei e o saudei. Ele perguntou: ‘Quem é esse homem?’ Eu respondi: ‘Adi, filho de Hatim.’ Ele se levantou e me levou à sua casa. No caminho, encontramos uma mulher velha e fraca, que o agarrou. Ele ficou com ela por um longo tempo e ela fez-lhe um pedido. Eu pensei: ‘Por Allah, isso não é um rei!’ Quando ele finalmente entrou em sua casa comigo, ele alcançou um travesseiro de couro revestido de fibras de palmeira e o jogou para mim, dizendo: ‘Sente-se nisso!’ Eu respondi: ‘Não, sente-se você nele.’ Ele respondeu: ‘Não, você!’ Eu me sentei e ele sentou diretamente no chão. Eu pensei: ‘Por Allah, isso não é um rei de forma alguma!’ Então ele disse: ‘Não, Adi, você não é um rakusiano?’* - ‘Sim, sou!’ – “Você não recebe um quarto do povo?’ – ‘Certamente!’ – ‘Mas sua religião não permite isso!’ – ‘Por Allah, você está certo!’ – Eu agora reconheço que ele era um profeta de Deus, que sabia o que estava oculto aos outros. Então ele disse: ‘Talvez você não queira aceitar nossa fé, porque nosso povo é muito pobre.** Mas, por Allah, não está distante o tempo em que dinheiro e riqueza serão abundantes entre nós que ninguém poderá a tomar.*** Ou o pequeno número do povo e o grande número dos inimigos o assusta? Mas, por Allah, logo você ouvirá que uma mulher virá aqui com seu camelo sem medo dos qadisiya, para visitar a Caaba. Ou você não aceitará nossa fé porque o poder e domínio está com os outros? Mas, por Allah, logo você ouvirá que os castelos de mármore branco de Babel foram conquistados.’ Então eu me converti.”****

* Os rakusianos eram seguidores de uma religião cuja fé era uma mistura de cristianianismo e sabianismo.
** Os muçumanos de Meca, após sua migração para Medina e apesar dos saques e guerras, não se tornaram muito ricos. Os moradores do fértil e rico de águas Iêmen possuíam padrões de vida superiores do que os beduínos de então, que moravam em lugares ermos e desertos da Península Árabe.
*** A visão de Muhammad de grande riqueza para o islã se cumpriu por meio de conquistas posteriores e por meio da descoberta de petróleo nos tempos modernos. Ainda assim, a riqueza dos arábes continuou limitada a poucos clãs governantes. Ainda há beduínos na Arábia Saudita que vivem em grande pobreza, enquanto outros vivem ostentando luxo.
**** Esse relato deixa claro que a conversão ao islã vinha primeiramente por razões materiais, sem mudança interna no coração. Isso tem pouco a ver com a conversão bíblica. Em Atos dos Apóstolos lemos: “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” (Atos 2:37,38).

Posteriormente, ‘Adi disse: “Duas dessas condições já foram cumpridas, e a terceira, segundo a vontade de Allah, será cumprida. Eu vi os castelos brancos de Babel serem conquistados* e como uma mulher viajou em seu camelo de Qadisiya para peregrinar na Caaba. Por Allah, a terceira profecia ainda se cumprirá; haverá tanto dinheiro que ninguém terá falta dele.”

* Nessa ocasião, as profecias de Muhammad eram de origem demoníaca, similarmente à tentação de Jesus: “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”. (Mateus 4:8,9).
Então disse-lhe Jesus: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” (Mateus 4:10). Isso mostra que ninguém pode adorar verdadeiramente e buscar espólios de guerra, querer o Espírito Santo e dinheiro, Deus e poderes terrenos ao mesmo tempo. É necessário decidir entre um e o outro. O islã escolheu dinheiro e poder terreno.

10.03.9 -- A chegada de Farwa ibn Musaik al-Muradi

Farwa ibn Musaik se separou dos demais príncipes dos (cristãos) Banu Kinda* e foi a Muhammad. Pouco antes de o islã ser aceitado, estourou uma batalha entre Hamdan e Murad, na qual Hamdan obteve total vitória sobre Murad em um único dia, chamado de “al-Radm”, em que Murad foi totalmente sujeitado a Hamdan. O líder dos Murad era al-Adja’ ibn Malik. Quando ele foi a Muhammad, o Mensageiro o perguntou: “Você está perturbado com o que ocorreu com seu povo no Dia de al-Radm?” Ele respondeu: “Ó, mensageiro de Allah! Que homem não estaria perturbado se seu povo passasse pelo que o meu passou no Dia de al-Radm?” Então Muhammad respondeu: “Mas isso apenas trará ao seu povo muito mais boa sorte!” Então Muhammad o designou governador de Murad, Zubayd e Madhhij, e enviou Khalid ibn Sa'id al-‘As como administrador do imposto religioso com ele. Khalid permaneceu com ele em sua terra até a morte de Muhammad.**

* Esses cristãos do Banu Kinda viviam em Hadramawt, cerca de 1500km a sudeste de Meca, no Oceano Índico (hoje, parte do Iêmen).
** Os beduínos tinham um instinto para força militar e se uniram a Muhammad. Muhammad enviou comissários com tropas aos novos convertidos, que deveriam apoiar seus protetores e líderes religiosos com o imposto religioso. Sacrifício, humilhação e ajuda não eram assunto na expansão do islã, mas sim eram campanhas militares, vitória e imposto religioso. Muhammad estabeleceu um reino terrestre, um reino deste mundo.

10.03.10 -- A chegada de al-Ash’ath ibn Qays com os delegados do cristão Banu Kinda

Então al-Ash’ath ibn Qays, com oitenta cavaleiros dos Banu Kinda*, chegaram a Muhammad em sua mesquita. Antes disso, eles escovaram seus cabelos, pintaram suas pálpebras com carvão e vestiram sobretudos feitos de material listrado, com orla de seda. Muhammad os perguntou se les não haviam se tornado muçulmanos. Eles responderam: “Certamente!” Então Muhammad disse: “O que a seda** em volta de seus pescoços significa?” Então eles a rasgaram e a jogaram fora. Então al-Ash’ath disse: “Ó, mensageiro de Allah, somos filhos de Aqil al-Murar, tal como você.” Muhammad sorriu e disse: “Vocês atribuem essa linhagem a ‘Abbas ibn Abd al-Muttalib e a al-Harith Rabi’a que, quando viajaram como mercadores entre os beduínos, se jactaram de sua linhagem quando foram perguntados, dizendo ‘Somos filhos de Aqil al-Murar,’ porque os Banu Kinda eram os governantes.” Então ele disse: “Não, somos filhos de Nadr ibn Kinana. Nós não negamos nossa mãe ou rejeitamos nosso pai.” Então al-Ash’ath disse: “Vocês já terminaram, Banu Kinda? Por Allah, se eu ouvir alguém dizendo isso novamente, eu lhe darei oitenta açoites.”***

* Esse ramo dos Banu Kinda vivia em uma região de Dumat al-Jandal, a cerca de 590km ao norte de Medina.
** Adornos de seda, bem como jóias de ouro e prata, eram desprezados e rejeitados para os homens na tradição islâmica.
*** Inimigos do islã devem ser açoitados até terem suas costas em carne viva se rebaixarem o nome de Muhammad. A palavra de Muhammad se aplica a todos que lutam contra o islã: “O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo.” (Sura al-Ma’ida 5:33)
Porém, Jesus orou por aqueles que o crucificavam: “Pai, os perdoe, eles não sabem o que fazem” (Lucas 23:34)

10.03.11 -- A chegada de Surad ibn Abd Allah al-Azdi*

Então Surad ibn Allah al-Azdi foi a Muhammad, junto de outros de sua tribo, e se tornou um bom muçulmano.** Muhammad o pôs sobre os crentes de sua triba e o ordenou a batalhar contra as tribos vizinhas de descrentes do Iêmen. Surad fez conforme a ordem de Muhammad e cercou a Jurash***. Naquele tempo Jurash era uma cidade fortificada, na qual algumas das tribos mais fracas do Iêmen habitavam. Também era o lugar para onde os Khath’am haviam fugido quando ouviram da chegada dos muçulmanos. Surad cercou a cidade por quase que um mês inteiro. Então ele se retirou para a montanha de Shakar. Quando o povo da ciedade acreditou que ele havia se retirado em fuga, eles o perseguiram. Mas quando eles o alcançaram, ele se virou e matou grande número deles.

* Esse homem pertencia à tribo dos Banu Azd Shanu’a, que viviam em uma região do Mar Vermelho, a cerca de 260 a 430km de Meca, entre Meca e o Iêmen.
** Um bom muçulmano é alguém que “luta pelo islã com arma em mãos e que luta com truques” a fim de aniquilar os inimigos de Allah.
*** “Jurash” fica a cerca de 490km ao sul de Meca, nos arredores da rota de caravanas ao Iêmen.

O povo dos Jurash já havia enviado dois homens a Muhammad. Eles queriam ver o que estava acontecendo e queriam implorar por misericórdia. Uma noite, enquanto estavam assentados com ele após a oração da tarde, Muhammad os perguntou: “Em que país dos abd Allah está a montanha Shakr?” Os dois homens dos Jurash se levantaram e disseram: “Em nosso país há uma montanha chamada ‘Kashar’”. Muhammad respondeu: “Não se chama ‘Kashar’, mas ‘Shakar’”.* Então eles perguntaram: “O que há sobre essa montanha?” Muhammad respondeu: “Os camelos sacrificados a Allah** estão sendo mortos lá agora.” Então os dois homens se sentaram com Abu Bakr ou possivelmente Uthman. Então ele disse: “Ai de vocês! Muhammad anunciou a morte dos de sua tribo. Levantem-se supliquem para que ele interceda a Allah para que poupe sua tribo!” Então pediram a Muhammad para que assim o fizesse, e ele disse: “Allah! Poupe-os!” Então eles retornaram às suas terras e descobriram que seu povo fora ferido por Surad no mesmo dia e hora em que Muhammad anunciou. Delegados dos Jurash foram a Muhammad e se converteram ao islã. Então Muhammad marcou todos os campos à volta de suas cidades com um símbolo especial de cavalos, camelos e gados com o propósito de lavrar a terra. Se eu estrangeiro, apesar disso, deixasse seus animais pastando naquelas terras, ele teria seus animais confiscados.

* A transposição de consonantes sem qualquer mudança em seu significado é um fenômeno comum no idioma árabe.
** Os oponentes do islã aqui foram designados como o “sacrifício de camelos” a Allah, que eram mortos tendo suas gargantas cortadas. Porém, Jesus foi o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo. O islã não reconhece qualquer sacrifício vicário, de redenção. Não obstante, muçulmanos que morrem em Guerra Santa são designados como um tipo de “sacrifício” por meio do qual asseguram sua justificação (Sura al-Baqara 2:207).

10.03.12 -- A chega do mensageiro dos príncipes de Himyar*

Após o retorno de Muhammad de Tabuk, um mensageiro trouxe uma carta dos príncipes de Himyar. Ela continha as notícias da conversão dos príncipes al-Harith ibn Abd Kulal, Nua’im ibn Abd Kual, Nu’man, que era chamado Dhu Ru’ayn, Ma’afir e Hamdan. O nome do mensageiro era Malik ibn Murra al-Rahawi. Ele foi enviado de Zur’a Dhu Yazan com as notícias de que haviam aceitado o islã e abandonado o politeísmo. Muhammad os enviou a seguinte carta:

“Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo. De Muhammad, o mensageiro de Allah, o profeta, a Harith ibn Abd Kulal, Nua’im ibn Abd Kulal, Nu’man Dhu Ru’ayn, Ma’afir e Hamdan. Louvo a Allah, o único, por vocês. Confirmo que seu mensageiro veio a nós em Medina, após nosso retorno da área dos bizantinos, e entrogou a nós sua mensagem. Ele nos relatou sobre sua situação e nos entregou que vocês se tornaram muçulmanos e que desejam lutar contra os descrentes.** Allah vos assegura que os liderará. Se vocês forem devotos, sigam Allah e seu mensageiro, realizem as orações, deem esmolas e deixem a quinta parte dos espólios à disposição de Allah, bem como ao que é devido ao seu mensageiro. Façam também conforme o que é determinado para o imposto religioso! Do que for produzido pela água das montanhas e pela chuva, a décima parte deve ser dada, dos que for aguado por balse, a metade. De cada quarenta camelos, deem (como imposto religioso) uma jovem fêmea entrando em seu terceiro ano; a cada trinta, deem um jovem macho; a cada cinco, deem uma ovelha; a cada dez, duas ovelhas. A cada quarenta do gado, deem uma vaca; a cada trinta, um bezerro. A cada quarenta ovelhas, deem uma que pode pastar sozinha. Esse imposto foi prescrito por Allah para todos os crentes. Quem faz mais, o faz por seu próprio mérito. Mas quem crumpre o prescrito, dá bom testemunho de seu islã e apóia os crentes contra os politeístas, pertence aos crentes e divide com eles seus privilégios e obrigações. Allah e Seu mensageiro o protege.”

* Os Banu Himyar viviam no Iêmen, a mais de 1.000km ao sul de Meca, no Oceano Índico.
** “Ser um bom muçulmano e lutar com as armas do islã” caminham juntos. Capturar espólios de guerra continua sendo a força motriz do islã, e a cada muçulmano é reforçado que pagar o imposto religioso é um dever mandatório.

“Judeus e cristãos que aceitaram o islã também compartilham com os outros crentes os mesmos privilégios e obrigações. Aqueles que continuarem em sua fé não devem ser apostatados de sua fé.* Porém, eles devem pagar o imposto (Jizya), a saber, para cada adulto, seja mulher ou homem, escravo ou livre, um dinar inteiro segundo o valor de Ma’afir, ou algo de igual valor. Quem pagar isso ao mensageiro de Allah recebe proteção de Allah e de Seu mensageiro. Quem se recusa a pagar é inimigo de Allah e de Seu mensageiro.”

* Segundo o Alcorão e a Sharia, judeus e cristãos não precisam necessariamente se tornar muçulmanos. Eles têm o direito de viver como cidadãos de segunda categoria na esfera do islã enquanto pagarem o imposto (Jizya), que deve ser mantido à parte do imposto religioso dos muçulmanos (zakat).

“Então Muhammad, o profeta, o mensageiro de Allah, está enviando delegados a Zur’a, a saber, Mu'adh ibn Jabal, Abd Allah ibn Zaid, Malik ibn Ubada, Uqba ibn Namir, Malik ibn Murra e sua comitiva. Coletem todos os impostos devidos de seus distritos e entreguem a meus enviados, cujo superior é Mu'adh ibn Jabal, de modo que possam retornar satisfeitos!”

“Então confessem que não há Deus além de Allah e que Muhammad é Seu mensageiro e servo!”

“Malik ibn Murra al-Rahawi me relatou que vocês foram os primeiros de Himyar a se tornarem muçulmanos e que lutaram contra os politeístas. Portanto, recebam boas notícias! Tratem bem os Himyar; não fraudulem e nem traiam! O mensageiro de Allah é o guardião dos pobres entre vocês, bem como dos ricos. O imposto religioso é inviolável para Muhammad e para sua família. Serve para purificar a alma do que o paga* e é usado como esmola para os crentes pobres e para os viajantes sem meios. Malik me relatou tudo manteve segredo. Eu o recomendo a vocês. Eu vos envio as melhores pessoas, os crentes mais fiéis e estudiosos mais versados. Trate-os bem, como é de se esperar. Paz, e que a compaixão de Allah esteja com vocês!”**

* Doações e o imposto religioso servem para justificar o que os paga no islã.
** A paz no islã depende da espada. Isso não é o espírito de paz que “excede todo entendimento” (Filipenses 4:7). A paz no islã ocorre por meio de sujeição. Portanto, a saudação dos muçulmanos é que a “paz seja sobre você”. Porém, a paz de Cristo é de natureza totalmente diferente. Ela é oferecida e pode ser rejeitada. Ela não é uma coisa forçada. A pessoa não é privada de sua responsabilidade. Após Sua ressurreição, Cristo disse a seus discípulos: “Paz convosco!”. Por isso, os cristãos árabes dizem “Salam lakum” (a paz é sua). Com a expressão “Salam ‘aleikum” um indivíduo é reconhecido como muçulmano.

10.03.13 -- O envio de Mu'adh ao Iêmen

Abd Allah ibn Abi Bakr me relatou que lhe foi dito que quando Muhammad enviou Mu'adh, ele lhe deu todo tipo de advertências para sua missão. Finalmente, ele teria dito: “Torne as coisas fáceis, não difíceis. Anuncie bondade a eles, não os afaste. Você estará com homens das Escrituras, que te perguntarão: ‘Qual é a chave do Paraíso?’* Responda: ‘O reconhecimento de que Allah é um apenas e que não tem parceiros.’” Então Mu'adh partiu para o Iêmen e fez conforme as ordens de Muhammad.

* No islã, a rejeição do Filho de Deus e do Espírito Santo é a ‘chave do paraíso’. Na realidade, com a rejeição dos muçulmanos do Deus Triuno, eles se trancam para fora do paraíso. Portanto, os muçulmanos endurecem seus corações contra a salvação em Cristo.

Uma vez, no Iêmen, uma mulher foi a ele e disse: “Ó, companheiro do mensageiro de Allah! Que direitos um marido pode reivindicar de sua esposa?” Mu'adh respondeu: “Ai de você! A esposa de forma alguma pode cumprir todas as suas obrigações para com seu marido. Portanto, se aplique para realizar o máximo possível.” Então ela respondeu: “Se você é um companheiro do mensageiro de Allah, então você deve saber quais são os direitos que um marido pode reivindicar.”* Mu'adh respondeu: “Ai de você! Quando você vai ao seu marido e observa que sangue e pus estão escorrendo do nariz dele, e então você os começa a sugar com a boca até que parem, ainda assim você não fez por ele tudo o que deveria.”

* O padrão legal do muçulmano para com suas esposas é compreensível no islã. Ele está acima delas e tem o direito de discipliná-las com punição física tão logo tenha a impressão de que elas estão se rebelando contra ele. Diferentemente, suas esposas têm a responsabilidade total de servi-lo.
Diferentemente disso, Paulo descreveu o mistério de um casamento feliz como sendo o amor e humilhação de Cristo. Tal como um cristão se submete a Jesus por vontade própria, a esposa da mesma forma se submete ao seu marido. E tal como Cristo amou a igreja e deu a Si mesmo por ele, o marido deve amar sua esposa e se sacrificar por sua família.
No casamento cristão, poder e violência não reinam, mas sim o espírito de amor, de serviço e de mútua subordinação. Em um casamento onde um marido exerce violência sobre sua esposa, o marido age contra o Espírito de Jesus (Efésios 5:21-33).

10.03.14 -- A conversão do governador de Mu'an

Farwa ibn Amr ibn al-Nafira enviou um mensageiro a Muhammad para informá-lo sobre sua conversão e presenteá-lo com uma mula branca. Farwa era o governador bizantino de Mu'an e da região árabe da Síria. Quando os bizantinos souberam de sua conversão, eles o prenderam e o lançaram na prisão. Quando eles decidiram crucificá-lo próximo às águas de Afra, na Palestina, Farwa compôs o seguinte:

Ouviu Salma que seu amado / está próximo às águas de Afra, sentando sobre um camelo, / um camelo cuja mãe nenhum garanhão jamais montou, / com pernas cortadas à foice?

Segundo a Zuhri, ele recitou o seguinte quando o levaram para ser decapitado e crucificado:

Anuncie aos líderes dos crentes, / que eu entrego ao Senhor, / meus ossos, corpo e todo ser.*
* Caso essa informação seja verdadeira, então o administrador do distrito árabe foi desmascarado como espião de Muhammad pelos bizantinos e executado. A hostilidade entre islã e cristianismo cresceu. Não havia mais espaço para diálogo, porquanto muçulmanos estavam fixados em conquista e vitória.

10.03.15 -- A conversão dos cristãos Banu al-Harith ibn Ka’b (de julho a setembro de 631 d.C.))

No mês de Rabi’a al-Akhir (4º mês) ou de Jumada al-Ula (5º mês), Muhammad enviou Khalid ibn Walid aos Banu al-Harith ibn Ka’b em Najran* e o ordenou que os chamasse ao islã dentro de três dias. Somente se eles não dessem atenção é que deveria atacá-los. Quando Khalid foi a eles, ele enviou cavaleiros a todas as direções para chamá-los ao islã. Eles gritavam: “Ó, povo, convertam-se (ao islã) e sejam poupados!”** O povo deu ouvidos ao chamado e se converteu. Khalid permaneceu com eles para ensinar o islã, o livro de Allah e os costumes do profeta, tal como Muhammad havia ordenado para o caso de se converterem, e não fez guerra. Então Khalid escreveu a Muhammad: “Em nome de Allah, o Misericordioso, o compassivo. A Muhammad, o profeta e mensageiro de Allah, de Khalid ibn Walid. Que a paz esteja sobre você, mensageiro de Allah! Que a compaixão e bênção de Allah estejam sobre você! Eu louvo a Allah, o único. Ó mensageiro de Allah, a quem Allah é gracioso, você me enviou aos Banu al-Harith e me ordenou que não os batalhasse por três dias, mas que os chamasse ao islã e que vejesse como crentes se dessem ouvidos ao chamado, e que os instruísse no ensino do islã, no livro de Allah e nos costumes do profeta, e a batalhar contra eles se eles não aceitassem o islã. Agora, segundo a ordem do mensageiro de Allah, eu os chamei ao islã por três dias, enviando cavaleiros que gritavam: ‘Ó, Banu al-Harith! Aceitem o islã que vocês serão poupados!’ Eles se converteram (ao islã) e não empreendi guerra. Agora estou com eles para instruí-los nas leis do islã e nos costumes do profeta, até o tempo em que o mensageiro de Allah possa escrever a mim. Paz seja sobre você, mensageiro de Allah! Que a compaixão e bênção de Allah estejam sobre você!”

* “Najran”, a área da colônia cristã dos Banu al-Harith ibn Ka’b, fica a cerca de 640km a sudeste de Meca, na parte norte do Iêmen.
** Conversão forçada, motivada por autopreservação, se tornou mais e mais o princípio por trás do avanço do islã.

Muhammad respondeu e escreveu a ele: “Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo, de Muhammad, o profeta e mensageiro de Allah, a Khalid ibn Walid. Paz seja sobre você! Eu louvo a Allah, o único, por você. Sua carta chegou a mim por meio de seu mensageiro, na qual me relata que os Banu al-Harith se converteram antes que você tivesse que batalhar contra eles, e que eles deram ouvidos ao chamado ao islã e confessaram que não há Deus além de Allah e que Muhammad é Seu servo e mensageiro, e que Allah os têm guiado. Pronuncie paz a eles, os admoeste e depois retorne com sua delegação! Que a paz seja sobre você, bem como a bênção e compaixão de Allah!”

Então Khalid retornou a Muhammad. Com ele estava uma delegação dos Banu al-Harith: Qays ibn al-Husayn Dhu al-Ghusa, Yazid ibn Abd al-Madan, Yazid ibn al-Muhajjal, Abd Allah ibn Qurad al-Ziyadi, Shaddad ibn Abd Allah al-Qanani e Amr ibn Abd Allah al-Dibabi. Quando Muhammad os viu se aproximando, ele perguntou: “Quem são esses que se parecem indianos?”* Ele recebeu a resposta: “Eles são os Banu al-Harith ibn Ka’b.” Quando se aproximaram de Muhammad, eles o saudaram e disseram: “Nós confessamos que você é o mensageiro de Allah e que não há Deus além de Allah.” Muhammad respondeu: “E eu confesso que não há Deus além de Allah e que eu sou um mensageiro de Allah.” Muhammad perguntou: “Vocês são o povo que são frequentemente expulsos e que de novo e de novo fazem novos avanços?” O povo ficou em silêncio e ninguém respondeu. Mesmo quando ele repetiu a pergunta duas vezes, ninguém respondeu. Apenas quando ele perguntou pela quarta vez, Yazid ibn Abd al-Madan disse: “Sim, mensageiro de Allah, somos aqueles que quando são expulsos, continuam a avançar.” Ele repetiu isso quatro vezes. Muhammad disse: “Se Khalid não me tivesse escrito que vocês haviam se convertido sem guerra, eu teria suas cabeças lançadas sob meus pés.” Então Yazid disse: “Mas, por Allah, não é a você ou a Khalid que temos de agradecer por isso.” Muhammad perguntou: “Então a quem vocês têm que agradecer?” Yazid respondeu: “Nós louvamos a Allah, que nos direcionou por meio de você, mensageiro de Allah.” Muhammad disse: “Vocês falam a verdade!” Então ele os perguntou: “De que forma vocês conquistaram os pagãos, aqueles que lutaram contra vocês?” Eles responderam: “Nós os derrotamos por meio de nossa união. Nós nunca nos dividimos e nenhum de nós já cometeu um ato violento.” Muhamamd disse: “Vocês dizem a verdade!” Então ele designou Qays ibn al-Husayn como o supervisor dos Banu al-Harith, então a delegação retornou ao fim de Shawwal (10º mês) ou no começo de Dhu al-Qa’ada (11º mês, a saber, fevereiro de 632 d.C.) ao seu próprio povo. Não foram nem quatro meses depois que Muhammad veio a morrer. Que Allah tenha misericórdia dele e o abençoe!

* A costa sul da Península Árabe fica mais perto da Índia do que do Mediterrâneo. A cultura indiana havia se misturado à cultura semita por ali.

10.03.16 -- Como Muhammad enviou Amr ibn Hazm a eles

Após a partida da delegação, Muhammad enviou Amr ibn Hazm aos Banu al-Harith, a fim de instruí-los sobre as leis, custumes e ensinos do islã, bem como para recolher o imposto religioso. Ele também os deu o seguinte escrito, que continha suas condições e ordens:

“Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo. Esta é uma ordem de Allah e de Seu mensageiro.* Ó, vocês que creem, cumpram com o acordo! Essa é uma ordem de Muhammad, o profeta e mensageiro de Allah, a Amr ibn Hazm, quando ele o enviou ao Iêmen. Ele o ordenou que temesse a Allah em tudo, porque Allah está com aqueles que o temem e que fazem o bem. Ele o ordenou a agir corretamente, tal como Allah ordena. Ele deve proclamar boas novas ao povo e fixar neles o que é bom. Ele deve ensinar o Alcorão ao povo e explicar suas leis, bem como ensiná-los a não tocar o Alcorão enquanto estiverem impuros. Ele deve declará-los que se espera deles que cumpram o que é requerido. Ele deve tratá-los bem quando fazerem o certo e severamente quando fizerem errado, porque Allah despreza o erro e diz “... Que a maldição de Deus caia sobre os iníquos...” (Sura Hud 11:18). Ele deve anunciar ao povo o Paraíso e suas maravilhas, bem como o Inferno e suas consequências, e ocupar-se com o povo até que estejam instruídos na fé e que saiba o que é exigido e os costumes da peregrinação, a maior e a menor delas. Ele deve proibir que uma pessoa use as vestes de outra que é menor durante a oração, se não for capaz de amarrar os dois fins em volta dos ombros. Também, ninguém deve vestir as vestes de outros se ela não cobrir suas partes íntimas. Além disso, proíba que os homens deixen seu cabelo alcançar o pescoço em trança, e também clame por ajuda por sua tribo se se encontrarem em tumulto. Eles devem clamar ao único Deus, que não tem parceiros. Quem clamar à sua tribo ou clã por ajuda, deve ser afligido por espada até que clame a Allah.

* Quem lê com atenção a carta de Muhammad encontrará responsabilidades, ordens, leis e ordenanças, tudo o que um muçulmano deve seguir. Mas nisso tudo não se diz o que Allah fará por eles.
O islã permanece, com seu sistema de justificação pelas obras, no nível de uma religião legalista. Não é uma religião de graça e de redenção, na qual Deus fez tudo e que a única expectativa dos seguidores de Cristo é receber Sua salvação pela fé, desejosos de obedecê-lo por gratidão.
Se todos os malfeitores que permanecem sob a maldição de Allah serão destruídos, então quem será salvo? Nenhum homem é justo diante de Deus; somos todos transgressores da lei. Portanto, Jesus veio para procurar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10). Com sua morte vicária, Ele tornou a justificação pela graça acessível a todos os pecadores, o que é a única coisa que vale diante de Deus.

Ele também ordena o povo a se lavar completamente antes das orações, o rosto, as mãos até a altura dos cotovelos, e os pés e tornozelos. Eles também devem limpar suas cabeças, como Allah ordenou. Eles devem realizar as orações em momentos específicos e se prostrar e humilhar totalmente, sendo no nascer do dia, quando o sol do meio dia se inclina para o oeste, de tarde ao início da descida do sol, e de noite, quando o crepúsculo se aproxima e antes que as estrelas possam ser vistas, e na primeira parte da noite.* Também se deve participar da oração de sexta-feira quando for chamado, denvod primeiro se lavar antes da oração. Muhammad também ordena que se tome a quinta parte dos espólios para Allah, bem como os impostos; um décimo do que for produzido com água de nascentes ou da chuva, e metade dos que for produzido em lugares para onde a água precisa ser levada; a cada dez camelos, duas ovelhas; de vinte, quatro; de cada quarenta gados, uma vaca; de cada trinca, um bezerro; de cada quarenta ovelhas, uma ovelha. Essa é a ordem de Allah a respeito do imposto religioso sobre os crentes. Quem faz mais do que isso, o faz para seu próprio bem.

* As cinco orações já eram reconhecidas no começo do islã como um dever da lei. Essas orações não permitem que o muçulmano fale pessoalmente com Deus, mas contêm apenas uma liturgia simples, tão simples que pode ser recitada e praticada por iletrados. A maior parte das palavras dela serve para adorar e glorificar a Allah. Se os cristãos não repensarem e renovarem suas mentes e não adorarem o Pai, Filho e Espírito Santo com mais consciência e intensidade, levando diante Dele todas as suas dúvidas e problemas, então eles não superarão o islã.

Judeus e cristãos que desejosamente e que por motivos puros se convertam ao islã e que se conduzam conforme a fé, devem ser tratados como crentes, com todos os benefícios e obrigações. Quem permanecer no judaísmo e cristianismo não deve ser forçado a se apostatar. Mas tomem de cada adulto, seja escravo ou livre, homem ou mulher, um dinário inteiro ou o seu valor em roupas.* Quem paga esse imposto desfruta da proteção de Allah e de Seu mensageiro. Quem se recusa a isso é inimigo de Allah, de seu mensageiro e de todos os crentes. Que a misericórdia de Allah seja sobre Muhammad! Paz, compaixão e bênçãos sobre ele!”

* Naquele tempo, um dinário era um valor alto, um que deveria ser pago todos os anos por cada cristão e cada judeu. Ao longo do tempo o preço foi aumentando mais e mais, de modo que os cristãos e judeus ficaram pobres e os muçulmanos ricos.

10.03.17 -- A chegada dos delegados de Hamdan*

Entre os delegados de Hamdan que foram a Muhammad, estavam Malik ibn Namat, Abu Thaur, Malik ibn Aifa’, Dimam ibn Malik al-Salmani e ‘Amir ibn Malik al-Khaarifiy. Eles foram a Muhammad e depois retornaram a Tabuk. Eles vestiam roupas curtas e listradas e turbantes de Aden, e usavam selas feitas de palha de milho indiano em seus camelos de Mahra e Arhab (duas tribos do Iêmen). Malik ibn Namat recitou:

Os Hamdan são os melhores entre todos os povos, / e seus príncipes busca para o povo o que lhes agrada por todo o mundo. / Sua habitação é uma fortaleza / e dele surgiram heróis. / Seus príncipes se assentam sobre tronos, / e eles têm os maiores prazers da vida.
* A tribo dos Banu Hamdan vivia na parte leste do Iêmen, na fronteira com o deserto de Rub’ al-Khali, a cerca de 850km a sudeste de Meca.

Então Malik ibn Namat se levantou e disse: “Ó, mensageiro de Allah! As cabeças dos Hamdan assentados e viajantes vieram a você sobre camelos jovens e rápidos, a fim de aprender o islã, de modo que não possam, de forma alguma, ofender a Allah. Eles vêm da região de Kharif*, Yam e Shakir (duas outras tribos os Iêmen) e são homens de senhorio e de orientação. Eles ouviram o chamado do mensageiro de Allah e abandonaram seus ídolos e santuários. Eles não quebram sua palavra enquando (a montanha de) La’la existir e os cervos correrem sobre terra fértil.”

* A área da atual Saná, capital do Iêmen.

Muhammad deu-lhes o seguinte escrito: “Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo. Este é um escrito de Muhammad, o mensageiro de Allah, aos moradores da região de Kharif e às tribos acampadas próximo ao Monte Hadb e próximas à colina de areia, entregada por meio de seus delegados Dhu al-Mish’aar Malik ibn Namat. Isso também se aplica aos homens da tribo que se converteram ao islã com ele. Eles devem permanecer donos de suas terras enquanto continuarem a realizar as orações e a dar esmolas. Eles devem desfrutar de sua comida e conduzir seus animais às terras de pastagens. Para isso eles têm a promessa de Allah e a proteção de seu mensageiro. Os companheiros emigrantes e os auxiliadores são testemunhas.”

* Essas cartas foram cartas de proteção, contratos e acordo feitos entre Muhammad e tribos árabes particulares. Eles valeram apenas enquanto Muhamamd viveu. Depois elas foram anuladas ou substituídas por outras.

10.03.18 -- Os mentirosos Musaylima al-Hanafi, de Yamama (próximo ao Bahrein), e al-Aswad al-‘Ansi, de Saná (Iêmen)

Durante o tempo de Muhammad, os dois mentirosos, Musaylima ibn Habib e al-Aswad ibn Ka’b al-‘Ansi, falaram aos Banu Hanifa, em Yamama, e em Saná, respectivamente. É seguramente dito que Muhammad uma vez disse no púlpito a respeito desses dois homens: “Ó, povo! Eu vi a noite da predestinação a esqueci novamente. Então eu vi em meu braço dois anéis de ouro, mas eles me eram desagradáveis. Eu assoprei sobre eles e eles voaram para longe, e eu entendi que eles eram os dois mentirosos do Iêmen e de Yamama.” Muhammad disse mais: “A hora da ressurreição chegará antes que trinta falsos anticristos* surjam, se dizendo profetas.”

* É interessante que Muhammad tenha aceitado a pessoa do Anticristo do Evangelho e deu a ele uma nova interpretação. Ele avisou seus segui-dores de antemão sobre trinta falsos messias e profetas anti-islâmicos. (Mateus 24:5; I João 2:18 e 22,23; 4:1-3).

10.03.19 -- O envio do Emir e comissários para a coleta do imposto religioso

Muhammad enviou emires e governadores para todas as áreas da Península Árabe que haviam se sujeitado ao islã para coletarem o imposto religioso. Então ele enviou Muhajir ibn Abi Umaiya a Saná, e al-‘Ansi, que estava lá, ficou indignado com ele. Adicionalmente, ele enviou Ziyad ibn Labid, o auxiliador, a Hadramawt, a fim de coletar o imposto. Ele deixou ‘Adi ibn Hatim sobre Tayyi’ e sobre os Banu Asad, e Malik ibn Nuwaira sobre os Banu Handhala. A fim de calcular o imposto dos Banu Sa'd, ele comissionou dois homens dentre o povo. Ele enviou Zibriqan ibn Badr sobre uma parte e Qays ibn Assim sobre a outra. Ele enviou Ala ibn al-Hadrami aos Bahrein e Ali a Najran, e para cobrar o imposto religioso e trazer os impostos individuais.*

* Coletar impostos em uma região tão grande quando a área entre Madri e a Varsóvia somente foi possível por meio de uma organização constituída sobre confiança em comissários.

10.03.20 -- O escrito de Musaylima*

Musaylima ibn Habib escreveu a Muhammad: “De Musaylima, o mensageiro de Allah, a Muhammad, o mensageiro de Allah. Paz seja sobre você! Saiba que eu, como seu companheiro, estou confiando a você em autoridade. Metade do mundo pertence a nós e a outra metade aos coraixitas; mas eles são malfeitores.” Dois mensageiros levaram a Muhammad esse escrito. Após Muhammad ter lido a carta, ele perguntou ao mensageiro: “E o que vocês acham disso?” Eles responderam: “Nós apenas falamos conforme ele disse.” Então Muhammad disse: “Se porta-vozes não fossem intocáveis, eu decaptaria vocês dois!” Então ele escreveu a Musaylima: “Em nome de Allah, o Misericordioso, o Compassivo. De Muhammad, o mensageiro de Allah, a Musaylima, o mentiroso: Paz seja sobre aquele que segue a orientação. A terra pertence a Allah! Ele a dá como herança a Seus servos, aos quais Ele escolhe.** Ao temente a Deus um bom desfecho o aguarda.” Isso foi ao fim do décimo ano da Hégira.

* Musaylima pertencia aos Banu Hanifa, que viviam perto do Bahrein, a cerca de 1100km a leste de Medina.
** Aqui Muhammad deve ter se referido a si mesmo. Mas não foi a ele, mas a Jesus Cristo que Deus deu o mundo (veja Salmos 2 e 110; Mateus 28:18; João 17:2 e Hebreus 1:1-14). Todo poder e autoridade foram dados a Ele no céu e na terra. Que presunção da parte de Muhammad! Mais e mais ele entendia seu islã como um poder terreno.

10.04 -- Teste

Prezado leitor,
Se você estudou com atenção esse volume, você facilmente será capaz de responder às seguintes questões. Quem responder corretamente 90% dessas questões, nos 11 volumes desta série, receberá de nosso centro um certificado escrito de reconhecimento em:

Estudos Avançados
da vida de Muhammad à luz do Evangelho

- como encorajamento para o futuro serviço para Cristo.

  1. Por que Muhammad disse seu verdadeiro objetivo quando ordenou que fossem feitos preparativos para a campanha militar contra Tabut?
  2. Por que Muhammad destruiu uma mesquita ao retornar de Tabuk?
  3. Como Muhammad castigou os muçulmanos que ficaram para trás, em Medina, evitando entrar em batalha?
  4. Como e por que os ídolos de Ta’if foram destruídos?
  5. Qual foi o propósito de Muhammad garantir uma folga durante os quatro meses sagrados? Que ordens de Allah os muçulmanos deveriam seguir após o fim desses quatro meses?
  6. O que foi a competição de poetas?
  7. Como ocorreu a conversão para o islã do cristão Jarud?
  8. De que lugares da Arábia Muhammad recebeu delegações?
  9. Por que a tribo cristã dos Banu al-Harith se converteu ao islã?
  10. Que alegação Musaylima, próximo do Bahrein, e al-Aswad, no Iêmen, quando apareceram?
  11. Qual foi o propósito de Muhammad ao enviar emires e comissários às tribos aliadas na Arábia?

Todo participante deste teste está autorizado, com o propósito de responder as questões, a usar qualquer livro disponível ou a questionar pessoas de confiança, conforme desejado. Aguardamos respostas escritas, incluindo seu endereço completo, seja em papel ou e-mail. Oramos a Jesus, o vivo Senhor, para que Ele possa chamá-lo, enviá-lo, fortalecê-lo e preservá-lo todos os dias de sua vida!

Unidos com você a serviço de Jesus,
Abd al-Masih e Salam Falaki.

Envie suas respostas para:
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