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Home -- Portuguese -- 04. Sira -- 11 O último ano de MUHAMMAD (632 d.C.)

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04. A VIDA DE MUHAMMAD SEGUNDO IBN HISHAM

11 - O último ano de MUHAMMAD (632 d.C.)

A peregrinação final de Muhammad e outras campanhas militares (antes e após março de 632 d.C.) - A última ordem de guerra de Muhammad (junho 632 d.C.)


11.01 -- Titulo
11.02 -- A peregrinação final de Muhammad e outras campanhas militares (antes e após março de 632 d.C.)


11.01 -- O último ano de MUHAMMAD (632 d.C.)

Segundo Ibn Ishaq (falecido em 767 d.C.) Editado por Abd al-Malik Ibn Hischam (falecido em 834 d.C.)

Tradução original editada a partir do árabe por Alfred Guillaume

Uma seleção de anotações por Abd al-Masih e Salam Falaki

11.02 -- A peregrinação final de Muhammad e outras campanhas militares (antes e após março de 632 d.C.)

No mês de Dhu al-Qa’da (11º mês), Muhammad fez preparativos para a peregrinação e ordenou que o povo fizesse o mesmo. Aisha, a esposa do profeta, disse que Muhammad tinha partido em peregrinação quando ainda restavam cinco noites de Dhu al-Qa’da (11º mês). Ele designou Abu Dujana al-Saa’id responsável por Medina. Nem Muhammad ou outra pessoa falou qualquer coisa que não fosse sobre a peregrinação até que ele chegou a Sarif. Muhammad levou animais sacrificiais consigo, e alguns homens respeitados fizeram o mesmo. Após as visitas aos santuários, ele ordenou que o povo abandonasse seus status de peregrinos. As exceções foram para aqueles que trouxeram animais sacrificais consigo. No dia em que Muhammad teve comigo, eu estava impura. Ele perguntou: “O que a aflige, Aisha? Você está impura?” Eu respondi: “Sim, por Allah, eu queria não ter viajado de forma alguma com você neste ano!” Muhammad respondeu: “Não diga isso! Você fazer o mesmo que todos os outros peregrinos fazem, apenas não ande à volta da Caaba.” Então Muhammad entrou em Meca. Quem não trouxe animais sacrificiais teve se abandonar seu status de peregrino, com suas e suas esposas também.

* No islã, bem como no judaísmo, quando uma mulher está menstruada ela é considerada impura e não pode participar de todas as atividades de adoração. O islã não reconhece que processos biológicos nada têm a ver com pureza ou impureza espiritual.

No dia do sacrifício, muita carne foi trazida à minha tenda. Eu perguntei: “Por que isso?” Me responderam: “Muhammad sacrificou gado por suas esposas.” Na noite de lançar pedras,* Muhammad me enviou meu irmão, Abd-al-Rahman, que me permitiu visitar todos os lugares de peregrinação que eu havia perdido em Tan’im. Hafsa, outra esposa de Muhammad, disse: “Quando Muhammad ordenou que suas esposas abandonassem o status de peregrinas após a peregrinação, eu perguntei: ‘E o que o impede de fazer o mesmo?’ Ele respondeu: ‘Eu trouxe animais para sacrifício e trancei meu cabelo. Eu somente posso abandonar meu status de peregrinação após ter matado meus animais sacrificiais.’”

* O apedrejamento durante a peregrinação não era obrigatório e começou em tempo pré-islâmicos. Segundo o costume do profeta, no dia posterior ao sacrifício, os peregrinos seguiam a Mina para apedrejarem Satanás. Essa cerimônia visa simbolicamente demonstrar o ódio contra tudo o que é maligno. Ao mesmo tempo, é uma tentativa de reprimir o espírito satânico do islã e sua atitude fundamentalmente anti-cristã.

11.02.1 -- O encontro de Ali com Muhammad

Abd Allah ibn Abi Najih me relatou que Muhammad enviou Ali a Najran*. Ali encontrou Muhammad em Meca, e ele também estava com status de peregrino. Quando chegou a Fátima, filha de Muhammad, ele viu que ela já havia abandonado seu status de peregrina e que havia se limpado. Então ele a perguntou: “O que te aflige, filha de Muhammad?” Ela respondeu: “Muhammad nos ordenou que tirássemos nossas vestes de peregrinação após a visita aos lugares sagrados, por isso eu tirei.” Após isso, ele foi a Muhammad. Ao terminar de prestar contas de jornada, Muhammad o ordenou: “Vá, circule a Caaba e depois tire suas roupas de peregrino, como seus companheiros já fizeram.” Então Ali respondeu: “Eu me consagrei, da mesma forma que você.” Muhammad repetiu: “Vá e tire suas vestes de peregrino da mesma forma que seus companheiros fizeram!” Então Ali disse: “Ó, mensageiro de Allah, quando pus minha veste de peregrino, eu jurei: ‘Allah, eu me consagro a ti, tal como seu profeta, seu servo e mensageiro Muhammad se consagrou a ti!’” Após isso, Muhammad o perguntou se ele havia trazido animais para sacrifício consigo. Quando Ali respondeu negativamente, ele deu-lhe alguns dos seus. Ali permaneceu com status de peregrino até que o tempo da peregrinação acabou. Muhammad sacrificou os animais em favor dos dois.**

* “Najran” fica a cerca de 640km a sudeste de Meca, e faz fronteira com a parte norte do Iêmen.
** Bastante estranho, o islã incorporou o rito de sacrifício durante as peregrinações, mesmo sem ter qualquer característica de redenção. O islã rejeita todo tido de sacrifício substitutivo, anulando, assim, o sacrifício vicário, substitutivo de Cristo como Cordeiro de Deus pelos pecados do mundo. O sacrífico é desprovido de seu significado essencial, o que revela a natureza do islã: é vazio, sem salvação para os pecadores perdidos.

Quando Ali retornou do Iêmen para encontrar Muhammad em Meca, ele deixou um de seus companheiros responsável pelas tropas que tinha consigo. O homem entrou na câmara de roupas que Ali trazia consigo e deu a cada um de seus homens uma veste. Quando ele se aproximou da cidade, Ali saiu para encontrá-los. Ele viu as roupas do povo e exclamou: “Ai de você! O que é isso?” O companheiro respondeu: “Eu vesti o grupo de modo que se pareçam mais com as outras pessoas.” Ali exclamou: “Ai de você! Remova as roupas deles antes que vocês apareçam diante de Muhammad!” Ele tirou as roupas das tropas e as pôs de volta na câmara. Os soldados deixaram claro que ficaram insatisfeitos com essa ação. Quando começaram a reclamar com Ali, Muhammad subiu ao púlpito e eu o ouvi dizer: “Ó, povo, não murmurem contra Ali! Por Allah, no que se trata da religião de Allah, dificilmente há alguém como ele, que é tão sério e rigoroso quanto ele é.”

11.02.2 -- O sermão de Muhammad na despedida da peregrinação (março de 632 d.C.)

Durante a peregrinação, Muhammad mostrou que sacramentou costumes e cerimônias da peregrinação e deu um sermão no qual ele explicou outras coisas. Após ter louvado e adorado a Allah, ele disse: “Ó, povo, ouçam minhas palavras, porque não sei se os encontrarei novamente aqui no próximo ano. Ó, povo, mantenham sua propriedade e seu corpo santo* até que se encontrem com o Senhor, tão santo quanto este dia e este mês são; pois um dia vocês encontrarão o Senhor e ele os perguntará sobre suas obras.”**

* No islã, o termo “santo” não significa “sem pecado, puro e bom”, tal como na bíblia, mas sim “separado”, “intocável” e “desautorizado” para os de fora.
** No julgamento futuro, Allah não perguntará sobre as intenções e a fé dos muçulmanos, mas sim sobre suas obras. No Juízo Final, Cristo também julgará conforme nossas obras (Mateus 25:31-46). A diferença, no entanto, está no fato de que Jesus, por meio de Seu sangue, limpou e justificou Sua igreja – que é todos os que Nele creem –, enquanto o islã não conhece justificação e nem reconciliação com Deus. Por essa razão, todos os muçulmanos serão considerados culpados no julgamento. Até mesmo sua própria lei – a Sharia – os acusará e manifestará o que faltou nas obras de cada um deles. Isso consiste principalmente na realização das obrigações de adoração, na construção de mesquitas e na prática de caridade. O islã não conhece os frutos do Espírito Santo, os quais serão reconhecidos e recompensados no juízo de Deus. Esses frutos do Espírito são: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, gentileza e autocontrole (Gálatas 5:22,23).

“Eu vos revelo a verdade. Qualquer um de vocês que têm uma propriedade a quem vos foi confiada, deve retorná-la a quem deu. Todo juro decorrente do uso está proibido, mas o capital pertence a si. Não faça mal a pessoal alguma, e nenhum mal será feito a você. Allah determinou que não se deve pagar juros*, e que toda cobrança de juros de ‘Abbas ibn Abd al-Muttalib está anulada e vazia.”

* Receber juros é proibido no islã. Em lugar disso, os que emprestam dinheiro compartilham dos lucros e das perdas do que tomou emprestado, obtendo uma uma visão geral e informações a respeito de segredos familiares e dos negócios.

“Também não se deve realizar vingança de sangue do sangue que foi derramado durante o tempo de paganismo.* O primeiro sangue que deve permanecer não-redimido é o de Ibn Rabi’a ibn al-Harith ibn Abd al-Muttalib. Ele foi criado pelos Banu Laith e morto pelos dhailitas. Esse é o primeiro sangue da era do paganismo que não deverá ser vingado.”

* A obrigação de se vingar de uma transgressão cometida na era do paganismo foi abolida no islã, mas a possibilidade de se vingar, após a vinda de Muhammad, não. A lei da vingança ainda é válida e é parte legal da Sharia.

“Então, povo, Satanás perde as esperanças de ser novamente adorado em seus países. Mas se ele for seguido em outros assuntos, ele se satisfará com a maldade de suas obras. Portanto, guardem-se dele em sua fé!”

“Ó, povo, postergar os meses sagrados é um ato de descrença, no qual os descrentes erram. Eles declaram que um mês e um ano não são santos, e que um outro ano é santo, a fim de alterar o número de meses que Allah consagrou.* Mas eles profanam o que Allah santificou e santificam aquilo que Allah não santificou. O tempo já completou seu ciclo e é da forma que era nos dias em que Allah criou o céu e a terra. O número de meses de Allah é doze, dos quais quatro são santos, três são consecutivos, e depois vem Rajab (7º mês), entre Jumada (6º mês) e Sha’ban (8º mês).”

* Muhammad criticou a introdução do ano bissexto. Ele pensou que os descrentes declararam que alguns meses no ano bissexto são profanos, enquanto outros, no ano normal, são santos. Por essa razão, o islã usa o calendário lunar, que é diferente do calendário solar em cerca de 11 dias.

“Então, ó povo! Vocês têm direitos sobre suas esposas e elas têm direitos sobre vocês. Vocês podem exigir que elas não estendam esteiras por alguém de quem vocês se desagradam, bem como que elas não cometam claro adultério. Se elas cometerem, Allah os permite que se ausentem da cama e que as discipline com moderação. Mas se elas se absterem disso, vocês estão obrigados a fornecê-las comida e o que vestir. Tratem bem as mulheres, elas são suas auxiliadores e não podem realizar coisa alguma sozinhas. Vocês as recebem como propriedade que Allah confiou a vocês as recebem por palavra piedosa.”*

* No islã, as mulheres são frequentemente consideradas posses. Embora com certeza não sejam escravas, elas ainda assim têm apenas metade do valor de um homem. Em processos legais, o testemunho de duas mulheres corresponde ao testemunho de um homem (Sura al-Baqara 2:282). Além disso, o marido tem o direito de disciplinar sua esposa se ele suspeitar que ela está se rebelando contra ele (Sura al-Nisa’ 4:34).

“Considere minhas palavras, ó povo! Eu cumpri minha missão e deixo para trás muito para vocês, de modo que se vocês forem atentos, não serão desviados: deixo uma clara instrução, o livro de Allah e o exemplo de seu profeta.”*

* O alcorão e a Sunna (os exemplos de Muhammad) são as duas principais fontes da Sharia.

“Ó, povo, ouça e considere minhas palavras! Saibam que cada muçulmano é irmão do outro. Todos os muçulmanos são irmãos. Ninguém está autorizado a tomar algo de seu irmão que não lhe fora livremente concedido. Não errem entre si!”

“Allah, fiz o bastante para satisfazer minha missão?”

Então o povo respondeu: “Ó, Allah, sim!”, de modo que Muhammad disse: “Allah, seja testemunha disso!”*

* O último grande discurso de Muhammad, na ocasião de sua despedida da peregrinação, não trouxe promessas aos muçulmanos, nem salvação, nem perdão e nenhum poder. Ele apenas fortaleceu as leis, direitos, deveres, ordenanças e proibições. Ele pregou mera trivialidades e assuntos externos, deixando para trás vazio e falta de esperança para os muçulmanos. O islã permanece uma “religião sob a lei”, sem a graça de Deus que é encontrada apenas em Jesus (João 1:17).

O homem que reverberou em alta voz as palavras de Muhammad ao povo em Arafa foi Rabi’a ibn Umaiyya ibn Khalaf. Muhammad disse a ele: “Dize: Ó povo, Muhammad pergunta se vocês sabem em que mês estamos?” Rabi’a repetiu as palavras e o povo respondeu: “É o mês santo!” Então Muhammad disse mais: “Dize, ó povo, Allah santificou seu sangue e suas propriedades até que se encontrem com seu Senhor, da mesma forma que esse mês é sagrado para vocês.” Então continuou: “Dize, ó povo, Muhammad pergunta: vocês sabem o que é essa terra?” Rabi’a anunciou as palavras em alta voz e o povo respondeu: “Esta é a terra intocável e separada.” Então Muhammad disse: “Dize, Allah santificou seu sangue e suas propriedades até que se encontrem com seu Senhor, da mesma forma que essa terra é sagrada para vocês!” Então disse: “Dize, ó povo, o mensageiro de Allah pergunta: ‘Vocês sabem que dia é esse?’” Rabi’a repetiu as palavras e o povo respondeu: “O dia do festival da grande peregrinação!” Então ele continuou: “Allah santificou suas posses e seu sangue, tal como ele fez com esse dia.”

Amr ibn Kharija disse: “Attaab ibn Usayd me enviou a Muhammad com um pedido enquanto ele estava em Arafa. Eu fui ter com ele e permaneci de pé sob seu camelo, de modo que sua espuma da boca caiu sobre minha cabeça. Então eu ouvi como ele disse: ‘Ó, povo! Allah determinou o seguinte dever a todos. Heranças testamentárias aos herdeiros não são permitidas. Cada criança pertence ao leito do casamento e o adúltero deve ser apedrejado.* Aquele que diz ser filho de quem não é seu pai ou que se põe como guardião sobre um povo que não é, está sob maldição de Allah, dos anjos e da humanidade onde quer que esteja. Allah não aceitará expiação remissória dele, não importando quando grande seja.’”

* Se todos os adúlteros devem ser apedrejados, quantos mortos haveriam! A lei do islã treina os muçulmanos para serem hipócritas.
Jesus disse: “Quem olhar para uma mulher com olhar impuro, já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mateus 5:28).
Ele desafiou os acusadores de uma mulher pega em adultério: “Quem de vocês que nunca pecou, que atire a primeira pedra” (João 8:3-11).

Abd Allah ibn Abi Najih relatou que enquanto Muhammad falava de pé em Arafa, ele disse: “Essa estação pertence à montanha na qual está e toda Arafa é uma estação. Quando ele subiu à colina de Qusah na manhã de Muzdalifa, ele disse: ‘O lugar sobre o qual eu estou de pé e tudo de Muzdalifa é uma estação.’ Quando ele sacrificou seus animais em Mina, no lugar de sacrifícios, ele disse: ‘Ele lugar de sacrifício e tudo em Mina é um lugar de sacrifício (para o abate de animais sacrificiais).’”

Muhammad completou a peregrinação, mostrou ao povo as práticas, os ensinou sobre ordenanças divinas da peregrinação, sobre as estações, sobre jogar pedras, sobre dar a volta à Caaba, bem como o que está proibido e o que está autorizado durante a peregrinação. Isso ficou conhecido como “a peregrinação da instrução e da partida”, porque foi a última peregrinação de Muhammad.

11.02.3 -- Mais missões e campanhas (junho e julho de 632 d.C.)

Então Muhammad retornou a Medina. Após passar o resto de Dhu al-Hijja (12º mês) ali, bem como Muharram (1º mês) e Safar (2º mês), ele ordenou uma expedição à Síria. Ele escolheu a Usama, filho de seu ex-escravo Zaid, para liderar o exército. Ele o ordenou que conduzisse os cavaleiros aos distritos de Balqa* e Darum. O povo se armou e os mais velhos dos emigrantes se reuniram à volta de Usama.

* “Balqa” é uma região a leste do Mar Morto, na Transjordânia, que, na bíblia, às vezes envolvia a parte norte de Edom e toda a Moabe. Hoje fica no reino da Jordânia.

11.02.4 -- Os enviados de Muhammad a Imperadores e Reis

Muhammad enviou homens dentre seus companheiros e deu-lhes cartas para que levassem aos governantes e reis, os chamando para o islã.

Um dia, após Muhammad ter retornado da peregrinação, no Dia de Hudaibiya, ele foi a seus companheiros e disse: “Ó, povo, por misericórdia Allah me enviou a vocês e os afastou do mau. Não resistam a mim como os discípulos de Jesus, o filho de Maria (Isa ibn Maryam) resistiram a ele.” Os companheiros perguntaram: “Como eles se opuseram a ele?” Muhammad respondeu: “Ele os chamou àquilo que eu também vos chamo. Mas apenas aqueles que ele chamou para uma jornada curta ficaram satisfeitos e aceitaram. Mas aqueles que ele enviou para um lugar distante estavam relutantes e inventaram dificuldades. Isa reclamou deles a Allah e na manhã seguinte aqueles que inventaram dificuldades falavam na língua do povo* para o qual eles foram enviados.”

* Está é a interpretação islâmica do milagroso evento do falar em línguas no Dia de Pentecostes (Atos 2:1-13).

Ibn ‘Abbas disse: “Entre os discípulos e seguidores que ‘Isa enviou, estavam Pedro e Paulo. (O último pertencia aos seguidores, não aos discípulos). Ambos foram enviados a Roma, e André e Manta (Mateus) ao país dos canibais. Tomé foi para o leste, à terra de Babel, Felipe a Cartago, na África, João a Éfeso, na terra dos companheiros da caverna (os sete dormentes), Tiago a Jerusalém, ibn Thalma (Bartolomeu) à Arábia, na terra de Hijaz, e Simão ao país dos berberes. E Jahudha, que não pertencia aos discípulos, foi posto no lugar de Judas.**

* André, o irmão de Pedro, segundo a lenda foi crucificado de ponta-cabeça.
** Ibn Hisham associou a comissão de Muhammad ao relato do envio dos apóstolos de Jesus.

Então Muhammad escolheu enviados dentre seus companheiros e deu-lhes escritos para que levassem aos governantes que ele estava chamando a abraçar o islã.* Ele enviou Dihya ibn Khalifa al-Kalbi ao imperador dos gregos (Bizâncio); Abd Allah ibn Hudhafa al-Sahmi a Kyros (Kisra), o rei dos persas (Sassânidas); Amr ibn Umaiyya al-Damri a Najashi, o governador da Abissínia**, Hatib ibn Abi Balta a Muqauqis, governador de Alexandria (Egito); Amr ibn al-‘As al-Sahmi a Jaifar e Iyadh, os governantes de Uman (Omã); Salit ibn Amr, dos Banu Amir ibn Lu’ai, a Thumama ibn Uthal e Haudha ibn Ali, da tribo dos Hanifa, aos governantes de Yamama (no leste árabe, no golfo persa). Ele também enviou Ala ibn al-Hadrami a Mundhir ibn Sawa al-Abdi, o príncipe de Bahrain; Shudya’ ibn Wahb al-Azdi a al-Harith Abi Shamir al Ghassani, o príncipe das regiões fronteiriças da Síria (Jordânia); Muhajir ibn Umaiyya al-Makhzumi a Harith ibn Abd Kulal al-Himyari, o governador do Iêmen.

* A designação de enviados e sua comitiva a esses governantes não tinha natureza meramente religiosa. Muhammad exigia submissão política dos governantes. No islã, política e religião são uma única coisa, cujo objetivo é o domínio global.
A maior parte dos enviados de Muhammad foi morta, mas assim, com o passar dos séculos, o islã dominou todos esses reinos, com exceção da Etiópia.
** Apesar do fato de que Najashi, na Etiópia, concedeu asilo aos refugiados muçulmanos, ele foi convocado a se submeter ao islã.

11.02.5 -- O registro de todas as campanhas militares de Muhammad

Ao todo, Muhammad participou de 27 campanhas militares, a saber:

  1. A campanha a Wadan (agosto de 623, veja seção 14;1) ou Abwa’;
  2. A campanha a Buwat (setembro de 623, veja seção 14.2), no distrito de Radwa;
  3. A campanha a ‘Ushaira (dezembro de 623, veja seção 14.4), no Vale de Yanbu’;
  4. A primeira campanha a Badr (setembro de 623; veja seção 14.4), contra Kurz ibn Ja'bir;
  5. A grande campanha de Badr (15 de março de 624; veja as seções 15.1 a 26), na qual os líderes dos coraixitas foram mortos;
  6. A campanha contra os Banu Sulaim (julho de 624; veja seção 15.26), até Kudr;
  7. A camapnha de Sawiq (maio a junho de 624, veja seção 15.27) contra Abu Sufyan;
  8. A campanha contra Ghatafan (julho de 624, ver seção 15.28) ou Dhu Amir;
  9. A campanha a Bahran (outubro e novembro de 624, ver seção 15.28), um lugar de mineração em Hijaz;
  10. A campanha de Uhud (março de 625, ver seções 16.1 a 22);
  11. A campanha a Hamra 'al-Asad (março de 625; ver seção 16.23);
  12. A campanha contra os (judeus) Banu Nadir (agosto de 625, ver seção 16.27);
  13. A campanha a Dhat al-Riqa' (junho 626, veja seção 16.28), de Nakhl;
  14. A última campanha a Badr (abril 626);
  15. A campanha contra (os cristãos em) Dumat al-Jandal (agosto a setembro de 626, ver seção 16.28);
  16. A campanha da Guerra das Trincheiras (março de 627, ver seções 17.1 a 9);
  17. A campanha contra o (judeu) Banu Quraiza (maio de 627, ver secções 17.10 a 18);
  18. A campanha contra os Banu Lihyan (julho de 627, ver seção 18.1), de Hudhail;
  19. A campanha de Dhu Qarad (agosto de 627, ver seção 18.2);
  20. A campanha contra os Banu al-Mustaliq de Khuza'a (janeiro de 627/8, ver seção 18.3);
  21. A campanha a Hudaibiyya (março de 628, ver seções 19-1 a 3), na qual Muhammad não queria guerra, mas os politeístas se opuseram à sua passagem;
  22. A campanha contra (os judeus em) Khaybar (de maio a junho de 628, ver seções 19.5 a 27);
  23. A Peregrinação Contratada (para Meca; março de 629, ver seção 20.1);
  24. A campanha da Conquista (de Meca; janeiro de 630, ver seções 21.1 a 20);
  25. A campanha de Hunain (janeiro de 630, ver seções 22.1 a 10);
  26. A campanha a Ta'if (fevereiro de 630, ver seções 22.15 a 18); e
  27. A campanha para a Tabuk (outubro a dezembro de 630, ver seções 23.1 a 8).

Em nove dessas campanhas houve batalha, a saber, a de Badr (5), próximo a Uhud (10), na Trincheira (16), contra (os judeus de) Quraiza (17), e Mustaliq (20), (contra os judeus de) Khaybar (22), na conquista de Meca (24), em Hunain (25) e em Ta’if (26).*

* No islã, a coroa dos mártires não é vista na perseverança passiva durante açoites e apedrejamentos até a morte, mas a honra do muçulmano está nas batalhas, nos cercos, em defesas firmes e em novos ataques. Onde o islã tiver a chance, ele buscará poder e instituirá um estado religioso.
O ponto notável nesse resumo é que o próprio Muhammad participou de 27 batalhas, das quais nove foram sangrentas. Ele não era, apesar de tudo o que os muçulmanos dizem, um homem de paz.

11.02.6 -- A menção de expedições e despachos dos quais Muhammad não participou

Ao todo, Muhammad ordenou 38 expedições e despachos.* Os seguintes fazem parte:

  1. A expedição de Ubaida ibn al-Harith abaixo de Thaniyyat al-Mara (março de 623, veja seção 14.2);
  2. A expedição de Hamza ao litoral (ao lado de Sif al-Bahr), na região de Ijs – algumas pessoas dizem que a saída de Hamza foi antes da de Ubaida (março de 623, veja seção 14.2);
  3. A expedição de Sa'd ibn Waqqas a al-Kharrar (maio de 623, veja seção 14.3);
  4. A expedição de Abd Allah ibn Jahsh a Nakhla (janeiro de 624, veja seção 14.5);
  5. A expedição de Zaid ibn Haritha a Qarda (novembro de 624, veja seção 15.30);
  6. A expedição de Muhammad ibn Maslama contra Ka’b ibn al-Ashraf (setembro de 624, veja seção 15.31);
  7. A expedição de Marthad ibn Abi Marthad a Radji’ (julho de 625, veja seção 16.25);
  8. A expedição de Mundhir ibn Amr a Bi’r Ma’uma (julho de 625, veja seção 16.26);
  9. A expedição de Ubaida ibn al-Jarrah a Dhu al-Qassa, no caminho para o Iraque (agosto de setembro de 627);
  10. A expedição de Umar a Turba, na terra dos Banu Amir (dezembro de 628);
  11. A expedição de Ali ao Iêmen (junho a dezembro de 631, veja mais na seção 25.22);
  12. A expedição de Ghalib ibn Abd Allah al-Kalbi, da tribo dos Laith, a Kadid, onde venceu os Banu Mulawwah (junho de 629, veja na seção 25.7).**
* O fato de que um total de 65 campanhas, ataques e missões ocorreram em um período de dez anos significa que houve uma guerra santa a cada quase 1 mês!
** Essa lista incompleta de 12 expedições (na verdade, há apenas 11, já que a última expedição mencionada ocorre na próxima seção em mais detalhes) é tratada nas próximas seções (25.7 a 23) com descrições detalhas de expedições ainda mais violentas ordenadas por Muhammad.

11.02.7 -- A notícias do ataque contra os Banu Mulawwah (junho de 626 d.C.)

Muhammad enviou al-Ghalib ibn Abd Allah al-Kalbi para um ataque do qual eu também participei, e o ordenou que atacasse os Banu Mulawwah, que estavam acampados em Kadid.* Quando chegamos a Qudaid**, encontramos al-Harith ibn Malik al-Laithi, também chamado de “Ibn al-Barsa”, e o tomamos cativo. Ele disse: “Eu vim apenas para me converter ao islã, eu estou indo ter com o mensageiro de Allah.” Nós respondemos: “Se você realmente é muçulmano, não te fará mal se nós o mantivermos amarrado por uma noite; se não, nós já o temos sob custódia.” Então nós soltamos seus grilhões e deixamos um jovem escravo negro de guarda por trás dele. Ele deveria cortar-lhe a cabeça se ele oferecesse qualquer resistência. Então seguimos a Kadid, aonde chegamos ao pôr do sol. Meu companheiros m enviaram para observar a área e eu escalei um morro que se elevava sobre o campo. Então um homem saiu de sua tenda e disse à sua esposa: “Eu vejo algo escuro sobre o morro que não havia visto antes. Dê uma olhada em seus pertences e veja se não está faltando algo, pode ser que os cães tenham arrastado algo.” Ela foi olhar e disse: “Por Allah, nada falta!” Então ele disse: “Me dê meu arco e duas flechas.” Quando ela os deu a ele, ele atirou uma flecha que me atingiu do lado. Eu a arranquei, a deixei de lado e permanecei em meu posto. Ele atirou uma segunda e me acertou no ombro. Eu arranquei essa também, a deixei de lado e permaneci em meu lugar. Então ele disse à sua esposa: “Se fosse um observador hostil ele teria se movido, já que minhas duas flechas o acertaram. Procure por elas quando você se levantar amanhã, pobre coitada, para que os cães não as mastiguem.” Então ele voltou à sua tenda e esperou até que se sentiu seguro e dormiu. Na manhã seguinte nós os atacamos, matamos alguns e tomamos os rebanhos. Então os melhores da tribo saíram de suas tendas em tão grande número que não pudemos fazer coisa alguma contra eles. Nós fugimos rapidamente com o gado e quando chegamos a Ibn al-Barsa’, nós o levamos conosco. Mas os perseguidores continuaram se aproximando de nós. Apenas o Vale de Qudaid estava entre eles e nós. Então Allah enviou um grande fluxo de água para dentro do vale, sem que víssemos qualquer nuvem de chuva. Ele veio com tão grande força que ninguém podia resistir ou conseguir atravessar. Nossos perseguidores permaneceram de pé do outro lado e tiveram de nos ver conduzindo seus rebanhos para longe. Nenhum inimigo pôde se aproximar ou nos perseguir depois disso. Logo já estávamos fora de vista e trouxemos tudo em boas condições ao mensageiro de Allah. O grito de guerra dos companheiros de Muhammad naquela noite foi “Matem! Matem!”**

* “Kadid” fica a cerca de 75km noroeste de Meca, logo após ‘Usfan, para quem viaja em direção ao norte.
** “Qudaid” fica a 25km a noroeste de Kadid, a cerca de 100km noroeste de Meca.
*** A ordem para matar aparece de várias formas por mais de 16 vezes no Alcorão. Por isso não é de se espantar quando repetidamente todo tipo de terror aparece como forma de obediência a Allah. O islã não é uma religião de paz, tolerância ou perdão, na verdade, ele busca vitória sobre seus inimigos e tenta subjugar a destruir sempre que possível.

11.02.8 -- O ataque contra os cristãos de Judham* (outubro e novembro de 627 d.C.)

Quando Rifa’a ibn Zaid al-Judhami chegou com o escrito de Muhammad a seu povo, o chamando ao islã, eles deram-lhe ouvidos. Pouco depois, Dihya ibn Khalifa al-Kalbi também voltou do imperador de Bizâncio. Ele tinha coisas valiosas consigo. Quando passou pelo Vale de Shinar, Hunaid ibn ‘Us e seu filho ‘Us do clã de Dulay, um ramo dos Judham, atacaram-lhe e roubaram tudo o que ele trazia consigo.

* O banu parcialmente cristão de Judham ficava ao longo do golfo de Aqaba, na ponta nordeste do Mar Vermelho, a cerca de 550 a 750km a noroeste de Medina. Eles eram parte do império bizantino.

Quando o povo de Dhubaib, que era muçulmano, e o clã de Rifa’a ibn Zaid ficaram sabendo disso, eles perseguiram Hunaid e seu filho e os alcançaram. Naquele dia, Qurra ibn Ashqar enalteceu seu clã e disse: “Eu sou o filho de Lubna!” Al-Nu’man atirou uma flecha contra ele, que o atingiu no joelho, e gritou: “Tome isso! Eu sou o filho de Lubna!” O nome de sua mãe era Lubna. Hassan ibn Milla havia sido companheiros de Dihya e havia aprendido o Alcorão com ele.

Os Dhubaib tomaram tudo de Hunaid e de seu filho e devolveram a Dihya, que retornou e contou a história a Muhammad, pedindo pelo sangue de Hunaid e de seu filho. Após isso, Zaid (ibn Haritha), junto de seu exército, foi enviado contra os Judham. Os Ghatafan de Judham, os Banu Wa’il e aqueles que descendiam de Salaman e Sa'd Hudhaim ergueram acampamento quando Rifa’a ibn Zaid veio com o escrito de Muhammad, movendo seu acampamento a Harra al-Rajila. Rifa’a ibn Zaid nada sabia a esse respeito. Apenas alguns dhubaibitas estavam em Rafa’a. O restante estava no Vale de Madaan, no lado de Harra, onde riacho vai para leste. O exército de Zaid veio de al-Aulaaj e atacou al-Maqis, que veio de Harra, ajuntou todos os inimigos com seus pertences e matou a Humaid e seu filho, dois homens dos Banu al-Ahnaf e um dos Banu al-Khasib. Quando os Banu Dhubaib ficaram sabendo disso, que estavam acampados em Faifaa’ Madaan, alguns deles saíram, entre os quais estavam Hassan ibn Malla com um cavalo de Suwaid ibn Zaid, que se chamava “al-Ajaja”, Unaif ibn Malla com um cavalo que pertencia a Malla chamado “Righal”, e Abu Zaid ibn Amr, com um cavalo chamado “Shamir”. Quando se aproximaram do exército muçulmano, Abu Zaid e Hassan disseram a Unaif: “Nos deixe em paz e vão! Nós tememos sua língua.” Unaif parou. Os dois ainda não haviam se distanciado quando o cavalo de Unaif bateu com seus cascos dianteiros no chão e seguiu os outros. Unaif disse a si mesmo: “Eu estou mais interessado nos dois homens do que vocês nos dois cavalos.” Então deixou folgou as rédeas até que os alcançou. Então eles disseram-lhe: “Já que você nos perseguiu, ao menos nos poupe de sua língua para não nos trazer má sorte hoje!” Eles concordaram que apenas Hassan ibn Malla falaria. No tempo do paganismo, eles tinham uma palavra que aprendiam um com o outro. Quando um queria ferir à espada, ele diria “Buri” ou “Thuri.”*

* Não há certeza, hoje em dia, sobre o significado dessas palavras. Provavelmente significavam “morra” ou “suma”.

Quando as tropas os detectaram e se apressaram para alcançá-los, Hassan exclamou: “Somos crentes!” O primeiro a se aproximar deles foi um homem em um cavalo preto. Ele começou a conduzi-los à sua frente. Então Unaif disse: “Buri!” Hassan respondeu: “Suavemente!” Quando estavam diante de Zaid ibn Haritha, Hassa repetiu sua declaração de que eram crentes. Então Zaid disse: “Então recite a primeira sura do Alcorão.” Quando Hassan recitou, Zaid disse: “Façam saber ao exército que Allah tornou o acampamento ao qual esses homens pertencem intocável, exceto contra os que cometerem traição.” Entre os prisioneiros também estava uma irmã de Hassan, a esposa de Abu Wabr ibn Adi ibn Umaiyya ibn al-Dhubaib. Zaid disse a Hassan: “Pegue ela!” Então ela o agarrou pelos lados. Mas a mãe de al-Fizr al-Dulai’iyya gritou: “Você quer partir com as filhas e deixar as mães para trás?” Então um dos Banu al-Khasib disse: “Realmente, os Banu Dhubaib e a mágica de suas línguas se manifestaram hoje!” Um dos soldados que ouviu isso informou a Zaid. Zaid deu ordem para que as mãos da irmã de Hassan soltassem-lhe os lados e disse a ela: “Permaneça com seus primos até que Allah dê palavra de julgamento sobre você.” Então partiram novamente. As tropas foram proibidas de descer para dentro do vale pelo qual haviam vindo. Eles foram às suas famílias e ordenharam os camelos de Suwaid ibn Zaid. Quando já haviam bebido todo o leite tarde da noite, eles cavalgaram de volta a Rifa’a ibn Zaid. De manhã cedo chegaram a Zaid, em Kuraa’ Raba, às costas de Harra Laila, próximo a um poço que há ali. Hassan disse a Zaid: “Você fica sentado aqui ordenhando sua cabra enquanto as mulheres de Judham estão presas. O escrito que você trouxe as enganou.” Trouxeram um camelo com sela a Rifa’a e ele perguntou: “Você ainda está vivo ou apenas diz estar vivo?” Então partiu com eles nas primeiras horas do dia e levou consigo Umaiyya ibn Dafara, o irmão do ferido khasibi. Após três noites eles chegaram a Medina. Quando se aproximaram da mesquita, um homem os viu e disse: “Não deixem seus camelos se ajoelharem, se não eles quebrarão as pernas dianteiras!” Então eles desmontaram, deixando seus camelos de pé, e foram a Muhammad. Quando ele os viu, ele deu sinal para que se aproximassem. Quando Rifa’a começou a falar, um homem se levantou e disse: “Ó, mensageiro de Allah, essas pessoas são feiticeiras!” Então ele repetidamente os empurrou para trás. Então Rifa’a disse: “Que Allah tenha misericórdia daquele que hoje somente faz bem!” Então ele deu a Muhammad o escrito que lhe fora dado e disse: “Ó, mensageiro de Allah! Aqui, tome esse velho escrito sobre o qual uma nova traição há de vir.” Muhammad ordenou que um jovem o lesse em voz alta. Quando ele terminou de ler, Muhammad perguntou o que aconteceu. Quando foi contado, ele perguntou três vezes: “O que eu deveria fazer a respeito dos mortos?” Rifa’a respondeu: “Você sabe o que é melhor, mensageiro de Allah. Nós não queremos proibi-lo de coisa alguma a que está autorizado e nem autorizá-lo a coisa alguma que esteja proibida!” Zaid ibn Amr disse mais: “Liberte os que estão vivos e os mortos eu pisarei sob meus pés.” Então Muhammad disse: “Abu Zaid falou a verdade, vá com ele, Ali!” Ali disse: “Zaid não obedecerá!” “Então leve minha espada,” Muhammad disse, entregando-lhe a espada. Então Ali disse: “Eu não tenho camelo para montar.” Então ele foi colocado sobre um camelo de Tha’laba ibn Amr, que se chamava “Mikhal”. Como cavalgavam de volta, apareceu um mensageiro de Zaid em um camelo de Abu Wabr chamado “Shamir”. Ele foi autorizado a desmontar. Ele disse: “Ó, Ali! Qual é sua posição?” Ele respondeu: “Eles reconheceram a propriedade do povo e ainda a tiraram deles!” Então eles partiram e encontraram o exército em Faifaa’ al-Fahlatain. Eles tomaram tudo deles, exceto o saco de mantimentos que estava sob a sela.

11.02.9 -- A campanha contra os Banu Fazaara em Wadi al-Qura (novembro e dezembro de 627 d.C.)

Zaid ibn Haritha saiu para Wadi al-Qura* e lá encontrou os Banu Fazaara. Diversos de seus companheiros foram mortos. O próprio Zaid foi tirado de baixo dos mortos. Ward ibn Amr ibn Madash também morreu ali. Ele pertencia aos Banu Sa'd ibn Hudhail. Ele foi morto por um dos Banu Badr (ibn Fazaara). Quando Zaid retornou, ele jurou que não lavaria sua cabeça até que tivesse saído em campanha contra os Banu Fazaara. Quando suas feridas se curaram, Muhammad o enviou com um exército contra eles. Ele os feriu em Wadi al-Qura e matou muitos deles. Zaid ordenou Qays ibn Musahhar a matar Umm Qirfa. Ele a matou de maneira terrível. Então eles retornaram com sua filha e com Abd Allah a Muhammad. A filha de Umm Qirfa pertencia a Salama ibn Amr ibn al-Aqwa, que a havia tomado cativa. Ela pertencia a um clã nobre, de modo que os árabes diziam: “Se você fosse mais estimado do que Umm Qirfa, você não poderia fazer mais!” Muhammad pediu a Salama por ela, e ele a deu a Muhammad. Então Muhammad a deu a seu tio maternal Hazn ibn Abi Wahb e ela concebeu dele a Abd Al-Rahman.

* “Wadi al-Qura” (Vale das Vilas) fica a cerca de 290km a noroeste de Medina, na rota das caranavas para a Síria.

11.02.10 -- A campanha para matar o judeu Yusair ibn Rizam em Khaybar* (fevereiro e março de 628 d.C.)

Então seguiram-se duas campanhas de Abd Allah ibn Rawaha a Khaybar. Uma serviu ao propósito de matar Yusair ibn Rizam ibn Rizam, sobre o qual o seguinte é relatado: “Yusair ibn Rizam estava em Khaybar e se reuniu com os Ghatafan para lutar contra Muhammad. Muhammad enviou Abd Allah ibn Rawaha com um número de companheiros, incluindo Abd Allah ibn Unais, um aliado dos Banu Salima. Quando eles chegaram e falaram com ele, eles disseram: ‘Se você for ter com Muhammad, ele te dará um cargo e assim o honrará.’ Eles o pressionaram até que ele se uniu a eles com um contingente de alguns judeus. Abd Allah o deixou montar seu camelo até que chegaram a Qarqara, a doze quilômetros de Khaybar. Foi então que Yusair começou a se arrepender de ir ter com Muhammad. Abd Allah o observou e caiu sobre ele com sua espada, arrancando-lhe seu pé. Yusair ibn Rizan o acertou com uma vara de madeira que tinha em sua mão, que o feriu. Os companheiros de Muhammad então se voltaram contra seus companheiros judeus e os mataram. Somente um homem escapou a pé. Quando Abd Allah foi a Muhammad, o mensageiro cuspiu sobre sua ferida e sucedeu.”

* “Khaybar” fica a 160km a noroeste de Medina. Muitos judeus fugiram para lá após serem expulsos ou fugirem de Medina.

11.02.11 -- O assassinato de Khalid ibn Sufyan ibn Nubaih al-Hudhali (junho de 625 d.C.)

Então chegou o enviado de Abd Allah ibn Unais, a quem Muhammad enviara a Nakhla* ou ‘Urana* contra Khalid ibn Sufyan, onde esse homem havia reunido pessoas para fazerem guerra contra Muhammad. Abd Allah o matou. Abd Allah ibn Unair relatou: “Muhammad me chamou e disse: ‘Eu ouvi que Abu Sufyan ibn Nubaih está reunindo pessoas para fazer guerra contra mim em Nakhla. Vá até ele e o mate!’ Então eu disse: ‘Descreva ele a mim para que eu possa reconhecê-lo!’ Então ele disse: ‘Quando você o ver, você se lembrará de Satanás. Um sinal que você terá é que o achará totalmente repugnante.’ Eu saí com a espada cingida até que o alcancei. Ele estava com mulheres, às quais tentava encontrar um acampamento. Era hora da oração da tarde. Quando eu o vi, eu senti um arrepio, exatamente como Muhammad dissera. De qualquer forma, eu fui até ele. Como eu temia que ocorresse uma batalha entre nós que me impedisse de orar, eu orei antes de ir ter com ele. Então me aproximei dele e acenei com minha cabeça. Quando estava ao lado dele, ele perguntou: ‘Quem é esse homem?’ Eu respondi: ‘Um beduíno que ouviu como você estava reunindo pessoas contra aquele homem, e que vim ter com você.’ Ele disse: ‘Bom, estou me ocupando com isso.’ Então eu saí com ele por um trecho até que encontrei a oportunidade de atacá-lo e matá-lo com a espada. Então eu saí, enquanto suas mulheres se jogavam sobre ele e choravam. Quando cheguei a Muhammad, ele disse, tão logo me viu: ‘O assunto está resolvido!’ Eu disse: ‘Eu o matei, mensageiro de Allah!’ Ele respondeu: ‘Você fala a verdade!’ Então ele me levou à sua casa e me deu uma vara e disse: ‘Mantenha essa vara com você!’ Quando eu saí e o povo me viu carregando a vara, eles perguntaram: ‘Qual é o significado dessa vara?’ Eu respondi: ‘Muhammad deu a mim e disse que eu deveria mantê-la comigo.’ Eles disseram: ‘Por que você não volta e pergunta a ele qual é o significado?’ Eu retornei e perguntei: ‘Ó, mensageiro de Allah, com que propósito você me deu essa vara?’ Ele respondeu: ‘Ela é um sinal entre você e eu no Dia da Ressurreição, porque naquele dia poucas pessoas terão um apoio.’”** Abd Allah então prendeu a vara à sua espada e permaneceu com ela até sua morte. Ele também foi enterrado com ela, segundo sua instrução.

* O lugar exato desse assassinato é desconhecido. Os dois lugares citados ficam nos arredores de Meca.
** O assassinato de um dos inimigos de Muhammad serve de justificativa ao assassino no dia do julgamento de Allah. No islã, o assassinato é visto como um serviço a Allah e uma forma de justificação de um pecador.

11.02.12 -- A campanha na terra dos Banu Murra (dezembro de 628 d.C.)

Então se seguiu à campanha de Ghalib ibn Abd Allah al-Kalbi, no país dos Banu Murra*. Usama ibn Zaid, com um auxiliador, matou ali a Mirdas ibn Nahik, um de seus aliados de Juhaina**. Usama ibn Zaid relatou sobre esse evento: “Eu e um auxiliador o alcançamos. Quando sacamos nossas espadas, ele gritou: ‘Eu confesso que não há Deus além de Allah!’ Mas nós desistimos de matá-lo. Quando fomos a Muhammad, nós o contamos o que aconteceu. Então ele perguntou: ‘Quem te deu o direito de matar alguém que diz: Não há Deus além de Allah?’ Eu respondi: ‘Ó, mensageiro de Allah, ele só disse isso por medo de morrer.’ Então Muhammad disse novamente: ‘E quem te deu o direito de fazer isso?’ Por aquele que o enviou em verdade, ele continuou me acusando por tanto tempo que eu desejei não ter me convertido antes, somente naquele dia, e que eu não o tivesse matado. Então eu disse: ‘Me tolere, mensageiro de Allah! Eu juro que nunca mais vou matar um homem que diz: Não há Deus além de Allah.’ Muhammad perguntou: ‘Mesmo após minha morte?’ Eu respondi: ‘Mesmo quando você não estiver mais conosco!’”*

* Os Banu Murra viviam em uma área de cerca de 230km ao norte de Medina.
** Os Banu Juhaina viviam na costa do Mar Vermelho, a oeste de Medina.
*** No islã, é pecado imperdoável quando um muçulmano intencionalmente mata outro muçulmano, a não ser que seja por vingança de sangue.

11.02.13 -- O ataque a Dhat al-Salasil, na terra dos Banu ‘Udhra (outubro de 629 d.C.)

Então se seguiu com o ataque de Amr ibn al-‘As a Dhat al-Salasil, na terra dos Banu ‘Udhra. A respeito dessa campanha é relatado: “Muhammad o ordenou que convocasse beduínos para uma campanha na Síria, porquanto a mãe de al-‘As ibn Wa’il era da tribo de Bali e ele, assim, esperava ganhá-los. Quando Amr chegou à nascente de Salsal, na terra de Judham, ele começou a temer e pediu reforços a Muhammad. Muhammad enviou-lhe Ubaid ibn al-Jarrah com os emigrantes mais velhos, entre os quais estavam Abu Bakr e Umar. Quando Abu Ubaida chegou a Amr, ele disse: ‘Você veio tão somente para me reforçar!’ Abu Ubaida respondeu: ‘Não, eu lidero os que estão sob meu comando e você comanda seu povo.’ Abu Ubaida era um homem amigável e manso, que era indiferente às coisas do mundo. Amr disse: ‘Não, você veio apenas para nos reforçar.’ Então Abu Ubaida disse: ‘Muhammad nos ordenou para que fossemos unidos. Se você não quer me obedecer, então eu me submeterei a você.’ Então Amr disse: ‘Então eu sou seu emir e você é meu reforço!’ ‘Então é isso,’ Abu Ubaida respondeu, e Amr conduziu o povo em oração.”

* Os Banu ‘Udhra viviam ao sul de Tabuk, em uma área a cerca de 430 a 510km ao noroeste de Medina, ao longo da rota de caravanas à Síria.

11.02.14 -- Como Abu Bakr advertiu o ex-cristão Raafi’ ibn Abi Raafi’

Conforme ouvi, Raafi’ ibn Abi Raafi’ explicou o seguinte sobre esse ataque: “Eu era um cristão chamado Sarjis. Eu era o guia mais experiente dessa parte do deserto. No tempo do politeísmo, eu escondia água nos ovos de avestruzes na areia e conduzia ataques usando camelos que eu conduzia ao deserto e tomava tudo para minha posse, já que ninguém podia me perseguir ali. Eu seguia para um lugar de águas escondidas e bebia dela. Quando eu me converti ao islã, eu me juntei à expedição de Amr ibn al-‘As a Dhat al-Salasil. Como eu queria escolher um companheiro, eu escolhi a Abu Bakr e entrei para seu acampamento. Ele vestia uma capa de Fadak, a qual ele usava, ao desmontar, como tapete. Tão logo nós partíamos, ele se envolvia novamente com sua capa, a qual ele mantinha fechada com agulhas de madeira. Portanto, os moradores de Najd murmuraram quando se apostataram: ‘Deveríamos pagar tributo a alguém que veste essa capa?’ Eu disse a ele: ‘Ó, Abu Bakr, eu tenho te acompanhado à espera de que Allah me beneficie de sua companhia. Me dê bom conselho e me instrua!’ Ele respondeu: ‘Eu faria isso ainda que você não me pedisse. Eu te ordeno que reconheça a Allah apenas e que não associe ninguém a ele, que faças as orações, dê esmolas, jejue no Ramadã (9º mês), peregrine ao santuário, lave-se após cada impureza e que nunca queira assumir autoridade sobre dois muçulmanos.’* Então eu respondi: ‘Ó, Abu Bakr, eu espero, por Allah, nunca associar alguém a ele, que eu nunca falhe em orar e que, se Allah quiser, se eu possuir algo, que eu sempre pague o imposto religioso. Eu jejuarei no Ramadã (9º mês), peregrinarei à Caaba em Meca, se tiver meios para tal, me lavarei tão logo precisar me limpar. Mas a respeito de sua ordem, conforme vejo, apenas aqueles a quem é confiado o ofício de emir são revestidos de honra por Muhammad e pelos outros do povo. Então por que você me proíbe?’ Ele respondeu: ‘Você me pediu para te contar sobre os deveres sagrados, e isso eu farei. Allah enviou Muhammad com sua fé, e ele lutou por ela até que todas as pessoas a aceitaram, seja voluntariamente ou à força.** Quando eles a aceitaram, eles se tornaram protegidos e aliados sob sua proteção. Tenha cuidado para não trair a Allah por meio se seus protegidos, caso contrário ele desistirá de você. Porque se um de vocês errarem nisso, seus músculos se incharão de raiva se um único camelo ou uma única ovelha de seus protegidos for ferida. E Allah virá com ainda maior fúria em favor de seus protegidos.’ Então eu o deixei. Quando Abu Bakr foi escolhido após Muhammad para ser o líder, eu fui a ele e disse: ‘Ó, Abu Bakr, você não me proibiu de exercer autoridade sobre dois muçulmanos?’ Ele respondeu: ‘Certamente, e eu ainda o proíbo disso.’ Então eu disse: ‘Então por que você assume o supremo comando (o califado) sobre todo o povo?’ Ele respondeu: ‘Eu não poderia fazer diferente, já que eu temia que a comunidade de Muhammad (Umma) fosse dividida.’”***

* Esse resumo do islã sintetiza os deveres e as proibições. Não há salvação no islã, nem prática de misericórdia ou renovação do coração. Continua sendo uma tarefa do esforço humano, já que seus adeptos continuam precisando fazer tudo sozinhos.
** Abu Bakr admitiu abertamente que o islã espera tanto uma submissão de livre vontade quanto à força – por força bruta, se for necessário.
*** Após a morte de Muhammad, a situação dos muçulmanos foi, por um pouco de tempo, muito crítica. Apenas Abu Bakr era a figura que poderia manter juntas as tribos com interesses diferentes.

11.02.15 -- O que aconteceu com ‘Auf ibn Malik al-Ajsha’i

‘Auf ibn Malik al-Ajsha’i relatou: “Eu estava presente no ataque a Dhat al-Salasil, em companhia de Umar e de Abu Bakr. Então eu passei por algumas pessoas que mataram um camelo, mas que não podiam desmembrá-lo. Como eu era um açougueiro talentoso, eu perguntei a eles se me dariam uma décima parte se eu dividisse o camelo entre eles. Eles concordaram e eu tomei uma faca, imediatamente cortei animal, tomei um pedaço e o trouxe a meus companheiros. Nós cozinhamos e comemos. Abu Bakr e Umar me perguntaram onde consegui a carne. Eu os contei e eles disseram: ‘Você fez errado em nos dar essa carne!’ Então eles se levantaram e vomitaram o que haviam comido.* Na jornada de volta, eu fui o primeiro a ir ter com Muhammad. Ele estava orando em sua casa, e eu disse: ‘Que a paz seja sobre você, mensageiro de Allah, e que a graça e misericórdia de Allah sejam sobre você!’ Ele me perguntou: ‘Você é ‘Auf ibn Malik al-Ajsha’i?’ Eu respondi: ‘Sim, e você me é mais precioso do que um pai e uma mãe.’ Então ele perguntou: ‘Você é o homem que matou o camelo?’ E eu não disse mais coisa alguma.”

* O camelo não havia sido morto conforme o ritual prescrito de se cortar a garganta e recitar a fórmula Basmallah. Portanto, a carne era considerada impura.

11.02.16 -- A campanha ao vale de Idam (dezembro de 629 d.C.)

Então ocorreu o ataque de Ibn Abi Hadrad no vale de Idam.* Al-Qa’qaa’ ibn Abd Allah relatou que seu pai disse-lhe: “Muhammad nos enviou com um número de muçulmanos a Idam. Abu Qatada al-Harith e Muhallim ibn Jaththama estavam entre eles. Quando estávamos no vale de Idam, ‘Aamir ibn al-Adbat al-Ashja’i veio a nós em um camelo. Ele tinha consigo pão com banha e um alforje cheio de leite. Quando ele passou por nós, nós o saudamos do modo islâmico e o deixamos seguir adiante. Mas Muhallim o atacou e o matou por causa de uma desavença antiga e tomou para si seu camelo e seu pão. Quando fomos a Muhammad e contamos-lhe o que ocorreu, ele revelou: “Ó fiéis, quando viajardes pela causa de Deus, sede ponderados; não digais, a quem vos propõe a paz: Tu não é fiel - com o intento de auferirdes (matando-o e despojando-o) a transitória fortuna da vida terrena...” (Sura al-Nisa 4:94).

* O vale de Idam fica a cerca de 120km a noroeste de Medina. A rota de caravanas da Síria passa por ele.

‘Urwa ibn Zubair relatou o seguinte sobre seu avô, que estava com Muhammad em Hunain (veja seções 22.1 a 10): “Muhammad nos conduziu na oração do meio dia, então ele se sentou sob a sombra de uma árvore em Hunain. Al-Aqra ibn Habis e Uyayna ibn Hisn ibn Hudhaifa caíram em disputa entre si por causa do assunto de Amir ibn al-Adbat. Uyayna, que naquele tempo era o chefe dos Ghatafan, exigia vingança de sangue de Amir, e al-Aqra’ defendia Muhallim por causa de sua posição sob Khindif. Então eles levaram a disputa diante de Muhammad e nós ouvimos. Nós ouvimos como Uyayna disse: ‘Por Allah, mensageiro de Allah, eu não o deixarei em paz até que eu faça suas mulheres sofrer a mesma dor que ele causou às minhas.’ Muhammad disse: ‘Você precisa aceitar dinheiro de sangue – cinquenta camelos nessa viagem e mais cinquenta após nosso retorno!’ Uyayna se recusou a aceitar. Então Mukaithar se levantou, sendo ele um homem pequeno e encorpado dos Banu Laith, e disse: ‘Ó, mensageiro de Allah! Por Allah, só posso comparar esse homem que morreu no primeiro brilho do islã com um rebanho de ovelhas que foram à água e que se espalharam completamente quando a primeira foi ferida à flecha. Dê o exemplo correto hoje e mude a lei amanhã!’ Muhammad ergueu sua mão direita e disse: ‘Não, você precisa aceitar o dinheiro da redenção – cinquenta durante e viagem e mais cinquenta ao retornarmos.’ Após isso, eles aceitaram o dinheiro da redenção. Então eles perguntaram: ‘Onde está seu amigo para que Muhammad possa implorar pelo perdão de Allah a ele?’ Então se levantou um homem alto, magro e queimado do sol, enrolado em uma capa na qual ele pensava que seria morto, e se sentou diante de Muhammad. O profeta perguntou seu nome e ele respondeu: ‘Meu nome é Muhallim ibn Jaththama!’ Muhammad levantou sua mão e disse três vezes: ‘Allah, não perdoe Muhallim ibn Jaththama!’* Ele se levantou e secou suas lágrimas com a borda de suas roupas. Nós, porém, dissemos a nós mesmos: ‘Nós esperávamos que Muhammad fosse implorar a Allah que o perdoasse.’ Mas o que vimos ele fazer foi o que acabemos de dizer.”

* Que oração horrível!

11.02.17 -- O assassinato do jushamita Rifa’a ibn Qays próximo a Medina (dezembro de 629 d.C.)

Então sucedeu a campanha de Ibn Abi Hadrad a al-Ghaba*, uma que, uma pessoa de confiança me contou, o próprio Ibn Abi Hadrad relatou da seguinte maneira: “Eu queria me casar com uma mulher de minha tribo e a prometi um dote de duzentos dirhams. Eu pedi a Muhammad ajuda com esse assunto de meu casamento. Ele me perguntou qual era meu dote. Quando eu disse que eram 200 dirhams, ele respondeu: ‘Que Allah seja louvado! Se você pudesse obter dirhams do fundo de um vale, você não teria oferecido mais. Por Allah, não há coisa alguma em que eu possa te ajudar!’

* “al-Ghaba” (a floresta) fica a cerca de 12km ao norte de Medina.

Após alguns dias, um homem respeitado, honrado, chamado Rifa’a ibn Qays, saiu com muitas famílias de sua tribo para al-Ghaba, a fim de reunirem ali os Banu Qays para guerrearem contra Muhammad. Muhammad me chamou e disse a mim e a outros dois muçulmanos: ‘Saiam e me tragam notícias desse homem!’ Então nos trouxeram um camelo velho e abatido, que quando um de nós montava, ele não conseguia ficar se levantar de tão fraco que era, de modo que alguns homens precisavam apoiá-lo por trás até que finalmente conseguisse se levantar. Então Muhammad disse: ‘Fiquem felizes com esse camelo e o montem em turnos!’ Nós saímos armados com espadas e flechas ao pôr do sol e chegamos às vicinidades do acampamento inimigo. Eu esperei de um lado do acampamento e meus companheiros do outro. Eu disse a eles: ‘Quando vocês me ouvirem gritar: Allah é grande!* e verem que estou invadindo o acampamento, façam o mesmo de seu lado.’ Nós permanecemos em nossos lugares e esperamos para que pudéssemos surpreender o inimigo ou pela oportunidade de tomar dele alguma coisa. A noite já havia caído sobre nós. As fogueiras noturnas já haviam se apagado e os pastores que estavam com o gado ainda não haviam retornado. Eles ficaram com medo. Rifa’a, o chefe deles, desembainhou sua espada e disse: ‘Por Allah, eu vou procurar nosso pastor. Um infortúnio deve ter acontecido a ele!’ Muitos de seus companheiros se ofereceram para ir com ele e imploraram tanto para que ele ficasse ou para que fosse acompanhado. Mas ele jurou por Allah que iria desacompanhado. Quando ele chegou perto de mim, eu atirei uma flecha em seu coração. Por Allah, ele não disse mais nenhuma palavra. Então eu saltei sobre ele e arranquei-lhe a cabeça. Então gritei: ‘Allah é grande!’ e ataquei o acampamento por um lado, enquanto meus companheiros entraram pelo outro. Por Allah, o povo não pensou em nada além de fugir, e pegaram o que podiam apressadamente. Nós tomamos muitos camelos e ovelhas e os levamos a Muhammad. Eu também levei a cabeça de Rifa’a. Muhammad me deu treze camelos para o dote e eu consumei o casamento.”

* “Allahu akbar!” é a forma curta da confissão de fé islâmica e significa “Allah é grande!” Essa exclamação descreve o Deus inacessível, inalcançável e distante, que é maior do que qualquer coisa que possamos pensar ou dizer a seu respeito. Cada pensamento sobre Allah é, no entendimento islâmico, falso e deficiente. Nenhum muçulmano realmente sabe quem Allah é. Por contraste, como nosso Pai celestial se torna concreto em Seu Filho Jesus: quem O vê, vê o Pai, quem o conhece, também conhece o Pai.

11.02.18 -- O assassinato de Abu ‘Afak em Medina (abril de 624 d.C.)

Salim ibn ‘Umayr, um dos hipócritas, foi enviado para matar Abu ‘Afak, dos Banu ‘Ubaida. Sua hipocrisia se tornou evidente quando Muhammad matou al-Harith ibn Suwayd. Então ele compôs:

Eu vivi muito e não encontrei lugar para morar
E nem uma assembleia de pessoas mais fiéis
Às suas alianças, que mantêm sua palavra
A companheiros que precisam de ajuda, do que os Filhos de Qaila.
As montanhas se racharam ao meio, mas eles não se renderam.
Veio um cavaleiro que os dividiu em dois,
O santo e o profano foram separados.
Ah, se você tivesse reconhecido a verdadeira força
Ou se tivesse seguido a antiga regra!

Muhammad perguntou: “Quem me livrará desse canalha?” Salim ibn ‘Umayr, um dos hipócritas, se adiantou e o feriu.* Umama al-Muzairriyya compôs:

Você chama a fé em Allah e em Muhammad de mentira.
Realmente, Amr, que o gerou, gerou um homem mau.
Por isso um Crente o feriu ao cair da noite.
Tome isso, Abu ‘Afak, apesar de sua idade avançada.”
* Novamente uma ordem de assassinato! Há muito sangue nas mãos de Muhammad.

11.02.19 -- O assassinato de Asma’, a filha de Marwan, em Medina (março de 624 d.C.)

Asma’, a filha de Marwan, contra quem ‘Umayr ibn Adi saiu, era dos Banu Umaiyya, e se revelou uma hipócrita após a morte de Abu ‘Afak. Ela era a esposa de um homem dos Banu Khatma, cujo nome era Yazid ibn Zaid. Ela ofendeu o islã e aqueles que o confessavam nos seguintes versos:

Vocês obedecem aos humildes Banu Malik, Nabit, Auf, Khazraj,
E após o assassinato de líderes
Esperam ganhar presentes de estrangeiros,
Não de Murad e Madhhij,
Como alguém espera o suco de frutas partidas.
Não se parecem vocês com aquele que tem um nariz doentio,
Que deseja ter boa aparência,
Criando falsas esperanças que jamais serão cumpridas?

Quando Muhammad ouviu isso, ele perguntou: “Não há quem me livre da filha de Marwan?” Quando ‘Umayr ibn Adi al-Khatmi, que estava com ele, ouviu isso, ele saiu na mesma noite e a matou. Na manhã seguinte ele foi a Muhammad e disse que a havia matado. Muhammad disse: “Você ajudou a Allah e ao seu mensageiro.”* Então ele perguntou se deveria temer algo pelo que fizera à mulher. Muhammad respondeu: ‘Nem mesmo duas cabras dariam suas cabeças por ela.” Após isso, ‘Umayr voltou para seu próprio povo. Os Banu Khatma ficaram muito agitados pelo assassinato da filha de Marwan, porquanto naquele tempo ela tinha cinco filhos crescidos. Quando ‘Umayr foi aos Banu Khatma, ele disse: “Eu feri a filha de Marwan! Lutem contra mim, assim vocês nem precisarão de tempo para pensar.” Esse foi o primeiro dia em que a casa dos Banu Khatma foi glorificada pelo islã, porque aqueles que haviam confessado o islã mantinham isso em segrego. O primeiro foi ‘Umayr, que era chamado de “leitor do Alcorão”, depois Abd Allah ibn Aus e Khuzaima ibn Thabit. Mas no dia do assassinato da filha de Marwan, quando os Banu Khatma viram a força do islã, muitos deles se converteram.

* Novamente, um assassinato por ordem de Muhammad – dessa vez, uma poeta inteligente e indefesa. Muhammad foi um assassino em massa.

11.02.20 -- A captura e conversão de Thumama

Abu Huraira relatou: “Alguns cavaleiros de Muhammad saíram e tomaram cativo um homem dos Banu Hanifa*. Eles não sabiam quem ele era até que o trouxeram a Muhammad. Muhammad disse: ‘Vocês sabem quem vocês fizeram prisioneiro? Esse é Thumama ibn Uthal al-Hanafi! Trate-o bem!’ Então Muhammad retornou à sua família e disse: ‘Ajuntem toda a comida que vocês têm e a enviem ao prisioneiro!’ Também lhe levaram uma camela leiteira de manhã e de noite, de modo que nada lhe faltou. Então Muhammad foi a ele e o convidou a se tornar muçulmano. Ele respondeu: ‘Se você quer me matar, então mate um homem sobrecarregado por uma dívida de sangue. Se você quer fiança, então diga o que quer!’ Então ele passou tantos dias quanto aprouve a Allah. Um dia, Muhammad disse: ‘Libertem Thuamam!’ Quando ele estava livre, ele foi a al-Baqi’ e se purificou da melhor maneira. Então ele foi a Muhammad e pagou tributo ao islã. De noite trouxeram-lhe comida tal como antes. Mas ele apenas tomou um pouco do leite da camela. Os muçulmanos estavam maravilhados por isso. Quando Muhammad ouviu isso, ele disse: ‘O que os maravilha? É por que um homem que comeu de manhã com estômago de descrente e que de noite comeu com o estômago de um crente? O descrente come com sete estômagos, mas o crente com apenas um.’”

* Os Banu Hanifa viviam no leste Árabe, na costa do golfo da Arábia, perto do Bahrein, em uma região a cerca de 860 a 1100km a leste de Medina.

Ibn Hisham disse: “Me contaram que quando ele peregrinou a Meca ele disse, ao chegar ao Vale de Meca, ‘Iabbaika’* (estou ao seu serviço). Ele foi o primeiro a dizer isso ao entrar em Meca.”

* Todos os muçulmanos frequentemente devem repetir essa frase de devoção e de entrega a Allah durante sua peregrinação. Esse se tornou o lema da peregrinação e reforça os elos dos muçulmanos com o espírito que se revelou como “Allah”.

11.02.21 -- A expedição para punir os homens de Badjila (setembro de 624 d.C.)

Nos ataques contra Muharib e Tha’laba, Muhammad tinha consigo um escravo chamado “Yasar”. Na região de Jamaa’ (próximo a Medina), um de seus camelos foi levado ao pasto. Um dia, veio gente de Qays Kubba, um ramo dos Bajila*, a Muhammad. Eles estavam com febre e inchaços. Muhammad disse: “Vão à camela e bebam de seu leite e de sua urina.” Quando eles ficaram bons de novo e seus estômagos voltaram ao tamanho normal, eles atacaram Yasar e o degolaram**, furaram seus olhos com espinhos e tomaram o camelo. Então Muhammad enviou Kurz ibn Jabir a eles. Ele os trouxe a Muhammad após retornar de Dhu Qarad***. Eles tinham suas mãos e pés cortados fora e seus olhos cegados.****

* Os Banu Bajila viviam em uma área de aproximadamente 130km ao sul de Meca.
** “Degolar” significava matar alguém cortando a garganta para que o sangue da vítima escorresse lentamente para a morte. Em seus últimos minutos de vida, eles furaram os olhos de Yasar.
*** “Dhu Qarad” fica a cerca de 20km norte de Medina.
**** Um horrível julgamento após um ato maligno! O islã continua a seguir a ordem: “olho por olho, dente por dente” (Êxodo 21:23-25). Ele não conhece a resposta de Cristo: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau” (Mateus 5:38,39).

11.02.22 -- A expedição de Ali e Khalid ibn al-Walid ao Iêmen (junho a dezembro de 631 d.C.)

Muhammad enviou Ali (dezembro de 631 d.C.) ao Iêmen. Além disso, enviou outras tropas para lá com Khalid ibn al-Walid (junho e julho de 631 d.C.) e disse: “Quando vocês se encontrarem, Ali será o comandante.” Ibn Ishaq menciona em sua história o envio de Khalid ao Iêmen, mas ele não menciona na lista de campanhas militares e de missões militares. Portanto, o número total deveria ser 39.

11.02.23 -- A última ordem de guerra de Muhammad (junho 632 d.C.)

Muhammad enviou Zaid à Síria,* e para os distritos de Balqa’ e Darum, que pertencem à Palestina. O povo se armou e os mais velhos dos emigrantes foram ter com Zaid. Essa foi a última expedição ordenada por Muhammad.

* Não ao sul, no fértil Iêmen, mas no norte distante, na Síria, estava o futuro do islã. Até o fim de sua vida, Muhammad direciona os olhos de seus seguidores aos países dos cristãos, desejando conquistá-los. Foi ele quem determinou para onde iriam as futuras decisões de batalhas das tropas islâmicas.

11.03 -- O último dia de Muhammad, sua morte e seu enterro (junho de 632 d.C.)

11.03.1 -- O início da doença de Muhammad (junho de 632 d.C.)

Quando as pessoas já estavam a caminho, a doença começou a se manifestar, a qual veio a ser o modo pelo qual Allah e sua compaixão tomou seu mensageiro. Foi durante os últimos dias de Safar (2º mês), respectivamente nos primeiros dias de Rabi’a al Awwal (3º mês do 11º ano após a Hégira). No meio da noite, Muhammad foi a Baqi al-Garhqad e suplicou a bênção de Allah pelos que estavam enterrados ali. Então ele retornou à sua família. A partir daquela noite ele estava doente.

Abu Muwaihiba, um ex-escravo de Muhammad, disse: “Muhammad me acordou no meio da noite e disse: ‘Me foi ordenado que orasse pelas pessoas deste cemitério. Venha comigo!’ Eu fui com ele, e ele estava de pé no meio, quando disse: ‘Paz seja sobre vocês, habitantes dos túmulos! Sua condição será melhor do que a das outras pessoas.

As tentações dos presságios do Dia do Juízo virão como porções em uma noite escura. Um seguirá o outro e o último será pior do que o primeiro!’ Então ele se virou a mim e disse: ‘Ó, Muwaihiba! Me foi dada a escolha entre a chave dos tesouros da terra e as chaves do Paraíso. Eu escolhi o Paraíso.’ Então ele orou pelos habitantes dos túmulos e foi embora; então a doença da qual ele viria a morrer começou.”

Aisha, a esposa de Muhammad, relatou: “Quando Muhammad voltou do cemitério, eu tive uma dor de cabeça e disse: ‘Ó, que dor de cabeça!’ Ele disse: “Não, ai da minha cabeça!’ Então disse: ‘Que mal te faria se você morresse na minha frente, eu te pusesse na mortalha de enterro, orasse por você e a enterrasse?’ Eu respondi: ‘Por Allah, se você fizesse isso, seria como se te ver voltar para minha casa e se noivar em minha casa com outra mulher.’ Muhammad sorriu.* Embora a enfermidade ficou pior e pior, ele ainda pôde fazer os turnos de visita** às suas esposas até que a enfermidade ficou insuportável. Aconteceu quando ele estava na casa de Maimuna. Então ele chamou todas as suas esposas e pediu-lhes permissão para passar o tempo de sua enfermidade em minha habitação. E elas realizaram-lhe seu desejo.”

* Aisha, a “adolescente”, esposa favorita de Muhammad, tinha uma língua afiada e disse-lhe a verdade, quase à hora de sua morte.
** Rondas, ou Tawaf: Essa palavra era usada para descrever a circambulação à Caaba e também era usada para as obrigações maritais de Muhammad para com suas diversas esposas.

11.03.2 -- As esposas de Muhammad, as mães e o crentes

Muhammad tinha nove esposas: Aisha, a filha de Abu Bakr; Hafsa, a filha de Umar; Umm Habiba, a filha de Abu Sufyan ibn Harb; Umm Salama, a filha de Abu Umaiyya ibn al-Mughira; Sauda, a filha de Zama’a ibn Qays; Zainab, a filha de Jahsh ibn Riab; Maimuna, a filha de Harith ibn Hazn; Juwairiya, a filha de Harih ibn Abi Dhirar e Safiyya, a filha de Huyay ibn Akhtab.

Ao todo, Muhammad se casou com 13 esposas:* a primeira foi Khadija, cujo pai Khuwailid ibn Asad confiou-lhe, a quem ele deu doto dez camelos novos. Também foi Khadija que concebeu-lhe todos os filhos, exceto Ibrahim. O antigo marido de Khadija era Abu Hala ibn Malik, dos Banu Usayd ibn Amr ibn Tamim, um aliado dos Banu Abd al-Dar. Khadija concebeu-lhe Hind e Zainab. Antes de Abu Hala, ela fora casada com ‘Utayyiq ibn ‘Aabid, de quem ela concebeu Abd Allah e Jariya.

* Ao todo, Muhammad se casou com treze mulheres. Ao fazer isso, ele se pôs ao nível de Davi e do rei Salomão, mas não ao nível de Jesus Cristo.
Muhammad viveu uma vida de poligamia, o que foi confirmado no Alcorão (Sura al-Nisa 4:3) e se tornou uma revelação divina para a Sharia. Ele possuía, além de suas esposas, escravas, uma das quais era Miriam, uma cristã do Egito, a única dentre todas as suas esposas a conceber-lhe um filho durante seus dez anos de governo em Medina.
O entendimento que Muhammad fazia do casamento era muito diferente da ordem estabelecida por Deus na criação (Gênesis 1:27) e da confirmação desse mandamento por Jesus Cristo (Marcos 10:2-12). Estava de acordo, porém, com as práticas de Davi e Salomão.
Com seu entendimento islâmico de casamento, Muhammad pecou contra uma ordem fundamental do Criador, de pôr um fim ao sofrimento sem fim de todas as mulheres.

Muhammad noivou de Aisha em Meca quando ela tinha 7 anos e consumiu seu casamento em Medina quando ela tinha 9 anos:* ela foi a única virgem com quem ele se casou. Seu pai (Abu Bakr) a deu-lhe por esposa. O dote foi de 400 dirhams.

* Muhammad foi casado com uma mulher de percepções fortes, séria e que era uma comerciante rica, chamada Khadija, que o influenciou profundamente e o moldou.
Quando ela morreu e Muhammad se tornou o governante de Medina, ele se noivou de uma criança de sete anos de idade, Aisha. No primeiro ele ainda brincava com ela no chão de sua casa. Quando ela atingiu maturidade física, ela se tornou a esposa preferida de Muhammad, e ela só tinha 19 anos quando Muhammad morreu. Não há maior contraste na vida de Muhammad do que seus casamentos com Khadija e Aisha. Ambas as mulheres tiverem papel fundamental na história do islã.

Muhammad recebeu Sauda de Salit ibn Amr. Outros relatos dizem que foi de Abu Hatib ibn Amr Abd Sham ibn Abd Wudd. O dote dela também foi de 400 dirhams.

O guardião de Zainab foi seu irmão Abu Ahmad ibn Jahsh. Ela também recebeu 400 dirhams de dote. Seu primeiro marido foi Zaid ibn Haritha, um ex-escravo de Muhammad (e filho adotivo). Allah revelou sobre ela: “... quando Zaid resolveu dissolver o seu casamento com a necessária (formalidade), permitimos que tu a desposasses...” (Sura al-Ahzab 33:37).

Muhammad recebeu Umm Salama, que era chamada Hind, das mãos de seu filho Salama ibn Abi Salama. Seu dote foi uma cama coberta de folhas de palmeira, um cálice, uma tigela e um moinho. Seu primeiro marido foi Abu Salama Abd Allah ibn Abd al-Asad. Ela concebeu-lhe Salama, Umar, Zainab e Ruqaiya.

Muhammad recebeu Hafsa de seu pai Umar. Seu dote foi 400 dirhams. O nome de seu primeiro marido foi Khunais ibn Hudhaafa al-Sahmi.

Umm Habib, que era chamada Ramla, foi-lhe dada por esposa por Khalid ibn Sa'id ibn al-‘As. Ela estava com Khalid na Abissínia e Najashi a deu 400 dirhams como dote em lugar de Muhammad. Ele também a pediu que se tornasse esposa de Muhammad. Seu primeiro marido foi ‘Ubaid Allah ibn Jahsh al-Asadi.

Juwairriya estava entre os prisioneiros dos Banu al-Mustaliq de Khuza’a. Ela caiu nas mãos de Thabit ibn Qays ibn al-Shammas, que firmou um acordo de redenção com ela. Quando ela foi a Muhammad e pediu-lhe que a ajudasse em seu acordo de redenção, ele a perguntou: “Você quer uma coisa melhor?” Ela respondeu: “O que seria?” Ele respondeu: “Eu comprarei sua liberdade e me casarei com você.” Ela concordou. Então Muhammad pediu ao pai dela em casamento. Ele a deu por esposa e seu dote foi de 400 dirhams. Seu primeiro marido foi seu primo Abd Allah.

Safiyya era uma prisioneira judia de Khaybar, a quem Muhammad escolheu para si. Na festa de casamento, Muhammad não consumiu carne ou gorduras. Se alimentou apenas de mingau e tâmaras. Seu primeiro marido foi Kinana ibn Rabi’a ibn Abi al-Huqaiq.

Muhammad recebeu Maimuna das mãos de seu tio al-‘Abbas como esposa, que pagou um dote de 40 dinares. Seu primeiro marido foi Abu Ruhm ibn Abd al-‘Uzza. Segundo outros relatos, ela se deu a ele. Ele pediu-lhe a mão em casamento enquanto ela ainda estava montada em seu camelo. Então ela disse: “O camelo e o que está em sua bagagem pertence a Allah e ao seu mensageiro!”, do que Allah revelou: “bem como toda a mulher fiel que se dedicar ao Profeta, por gosto...” (Sura al-Ahzab 33:50).* Segundo o que outros dizem, foi Zainab quem se deu ao profeta, outros dizem que foi Umm Sharik Ghaziyya, a filha de Ja'bir ibn Wahb.

* No árabe, esse verso pode ser entendido dizendo que Muhammad tinha o direito de se casar com qualquer mulher e qualquer menina que ele quisesse, se ela se oferecesse a ele e ele quisesse consumar casamento com ela. Então, Allah deu a Muhammad autorização para satisfazer todos os seus desejos sexuais. Então ele não precisaria se sentir perturbado em exceder o limite que fora estipulado aos outros muçulmanos. Na vida de Muhammad, o sexo, após a morte de Khadija e se tornar governador de Medina, um fator dominante de toda a sua vida.
A fim de justificar essa exceção, os estudiosos da Shara falam do casamento Hiba, que acontece quando uma mulher se oferece incondicionalmente a um homem, o que era um privilégio apenas de Muhammad.

Muhamamd recebeu como esposa a Zainab, quem, por causa de sua bondade, era chamada de “Mãe dos pobres”, de Qabisa ibn Amr al-Hilali. O dote de Muhammad foi de 400 dirhams. Seu segundo marido foi Ubaida ibn al-Harith ibn al-Muttalib, e seu primeiro marido foi seu primo Jahm ibn Amr ibn al-Harith.

Muhammad consumiu casamento com essas onze mulheres. Duas delas: Khadija e Zainab, morreram antes de Muhammad e nove delas viveram mais. Com duas outras mulheres ele não consumou casamento: Asma, filha de Nu’man, da tribo de Kinda, a quem ele descobriu ser leprosa, devolvendo de volta à sua família com seu dote, e com Amra, a filha de Yazid, tribo de Kilab, que apenas recentemente havia se tornado crente e que buscou refúgio em Allah quando foi a Muhammad. Então ele disse: “Quem vai a Allah em busca de refúgio será protegido!” Ele a enviou de volta à sua família.

Entre as esposas de Muhammad houve seis coraixitas: Khadija, Aisha, Hafsa, Umm Habiba, Umm Salama e Sauda. Sete outras vieram de tribos beduínas de grupos estrangeiros: Zainab (filha de Jahsh), Maimuna (filha de Khuzaima), Juwairiyya, Asma’ e Amra. Safiyya não era beduína (era judia); ela era dos Banu al-Nadir.

11.03.3 -- Muhammad na casa de Aisha

Aisha relatou: “Muhammad entrou em minha casa conduzido por dois homens de sua família. Uma era al-Fadl ibn ‘Abbas. Muhammad tinha um pano envolto em sua cabeça e suas pernas estavam fracas.” Ubaid Allah disse: “Quando eu passei essa tradição a Abd Allah ibn al-‘Abbas, ele perguntou: ‘Você sabe quem era o outro?’ Eu disse: Não’ Então ele disse: ‘Foi Ali.’” Muhammad, por fim, ficou inconsciente. A doença piorou. Depois ele ordenou: “Derramem sete cantis de água gelada sobre mim para que eu vá ao povo e anuncie minhas últimas palavras a eles.” Nós o pusemos em uma banheira que pertencia a Hafsa e derramamos água sobre ele até que ele gritou: “Está bom! Está bom!”

Então Muhammad saiu com sua cabeça atada e se sentou ao púlpito. Ele começou com uma longa oração pelos companheiros de Uhud, pelos quais implorou a misericórdia de Allah.*

* A derrota em Uhud afligiu Muhammad até o fim de sua vida. Ele orou pelos mártires caídos e pelos que ainda estavam vivos.

Então ele disse: “Allah deu a seu servo a escolha entre este mundo e o seguinte, e seu servo escolheu o que fica mais perto de Allah!”*

* Muhammad esperava que, tal como Jesus, ele fosse arrebatado à presença de Allah após sua morte. Apesar disso, os ossos de Muhammad ainda continuam em sua tumba em Medina e os teólogos islâmicos dizem que Muhammad está aguardando no Barzakh (ponto intermediário) pelo Juízo Final. Portanto, é dever de todos os muçulmanos, ao mencionarem o nome de Muhammad, dizer: “Que Allah interceda por ele e o conceda paz!” Eles suspeitam que Muhammad ainda não está a salvo e que ele ainda não entrou no Paraíso.

Abu Bakr percebeu o significado dessas palavras e soube que Muhammad falava de si mesmo. Por isso, ele chorou e disse: “Nós alegremente daremos nós mesmos e nossos filhos a você!” Muhammad respondeu: “É muito gentil, Abu Bakr!” Então continuou: “Vejam as portas que dão à mesquita. Fechem todas elas menos a que dá à casa de Abu Bakr; porque entre meus companheiros, não há ninguém que seja tão próximo a mim do que ele.”*

* Essa tradição infere que Muhammad, pouco antes de sua morte, recomendou que Abu Bakr fosse seu sucessor. Mas essa tradição foi transmitida por Aisha, que ficou em silêncio sobre a presença de Ali, trazendo a ideia de que seu pai deveria ser o califa.

11.03.4 -- Muhammad ordena o envio de Usama ibn Zaid (junho de 632 d.C.)

Durante os dias de sua doença, Muhammad observou que o povo não estava satisfeito com o envio de Usama ibn Zaid. Alguns deles resmungavam: “Ele pôs um jovem acima dos mais honráveis dos emigrantes e dos auxiliadores!” Então Muhammad saiu da casa de Aisha com sua cabeça atada, se sentou em pódio e disse (após louvar e exalar a Allah de maneira digna e devida): “Ó, povo! Cumprem o envio de Usama! Por minha vida, se vocês tiverem algo contra a liderança dele, então vocês também têm contra o pai dele. Ele é tão digno quanto seu pai foi.” Quando Muhammad deixou o pódio, sua doença piorou. Usama deixou a cidade com seu exército e ergueu acampamento em Juraf, a cinco quilômetros da cidade. O povo o seguiu. Mas como Muhammad estava muito doente, Usama permaneceu acampado com seu povo. Ele queria aguardar e ver o que Allah decidiria sobre seu mensageiro.

11.03.5 -- Muhammad elogia os auxiliadores

Foi relatado que Muhammad, no dia em que orou pelos companheiros de Uhud, teria dito, entre outras coisas: “Ó, emigrantes, tratem bem os auxiliadores!* Outros povos se multiplicam, mas os auxiliadores continuam como são; eles não aumentam em número. Eles foram o abrigo em que me refugiei. Sejam bons a eles, a quem é amigo deles e punam a todos que os tratam com má vontade.” Após isso, Muhammad deixou o púlpito. Seu sofrimento aumentou tanto que ele ficou inconsciente.

* Até o fim houve forte dissenções entre os muçulmanos de Meca, que fugiram de sua cidade (eles eram os emigrantes), e aqueles muçulmanos de longa data de Medina, os auxiliadores.

11.03.6 -- Como remédio foi dado a Muhammad

Abd Allah disse: “Algumas de suas esposas foram ter com ele – Umm Salama, Maimuna e outras, entre as quais estava Asma, filha de Unais, bem como seu tio ‘Abbas. Eles concordaram sobre dá-lo remédio. ‘Abbas se ofereceu a medicá-lo, e foi o que aconteceu. Quando Muhammad reganhou consciência, ele perguntou: ‘Quem fez isso a mim?’ Eles responderam: ‘Seu tio.’ Então ele disse: ‘Esse é um remédio que as mulheres trouxeram daquele país.’ Ele apontou à direção da Abissínia. ‘Por que vocês fizeram isso?’ ‘Abbas respondeu: ‘Nós tememos que você sofresse de pleurite (uma infecção das membranas que envolvem o pulmão).’ Então ele disse: ‘Essa é uma enfermidade que Allah não me enviou. Agora todos nessa casa devem tomar esse remédio, menos meu tio.’ Isso aconteceu até mesmo a Maimuna, que estava jejuando. De fato, Muhammad jurou que essa era uma punição por causa do remédio que deram a ele.”*

* Muhammad provavelmente estava desconfiado, pensando que eles queriam envenená-lo. A fim de garantir que realmente fosse remédio, ele ordenou que todos os presentes o bebessem!

11.03.7 -- Abu Bakr conduz a comunidade em oração

Aisha disse: “Quando Muhammad estava muito doente, ele ordenou que Abu Bakr deveria conduzir a oração. Eu respondi: ‘Abu Bakr é um homem gentil. Ele tem uma voz fraca e chora muito quando lê o Alcorão.’ Não obstante, Muhammad repetiu essa ordem. Quando eu também repeti minhas palavras, ele respondeu: ‘Você é como os companheiros de José. Ordene-o que presida a oração!’ Por Allah, eu trouxe essas objeções para poupar meu pai disso tudo. Eu sabia que eles nunca amariam um homem que tomasse o lugar de Muhammad e que eles o culpariam por cada incidente desagradável.”*

* Essa tradição de Aisha novamente é sobre seu pai. É como se ela quisesse impedi-lo de presidir as orações e sobre o povo. Indiferente, Muhammad ainda assim o apontou.

Abd Allah ibn Zam’a explicou: “Quando Muhammad ficou muito doente, eu e outros muçulmanos estávamos com ele. Bilal o chamou para orar e ele disse: ‘Deixe outra pessoa conduzir a oração!’ Eu saí e encontrei Umar* entre o povo (Abu Bakr não estava presente) e disse a ele: ‘Levante-se e conduza a comunidade em oração!’ Umar se levantou e quando ele gritou: ‘Allah é grande!, Muhammad ouviu sua voz poderosa e perguntou: ‘Onde está Abu Bakr? Allah não quer isso, e nem os muçulmanos também querem.’ Então eles chamaram Abu Bakr. Ele chegou após Umar já ter iniciado as orações. Umar disse a mim (e também disse Abd Allah): ‘Ai de vocês! O que vocês fizeram a mim! Por Allah, quando vocês me chamaram para conduzir as orações, eu pensei que vocês o fizeram sob ordem de Muhammad. Se não fosse assim, eu não teria conduzido a oração.’ Eu respondi: ‘Por Allah, Muhammad não me ordenou isso. Mas quando eu te vi e não encontrei Abu Bakr, eu o tive como o mais digno entre os presentes.’”

* Há outra tradição que diz que Umar foi o designado a conduzir as orações. A batalha da sucessão entre os seguidores de Abu Bakr, Umar e Ali já havia começado antes mesmo da morte de Muhammad. Não obstante, Aisha, a mais inteligente de todos, prevaleceu.

11.03.8 -- O dia da morte de Muhammad (8 de junho de 632 d.C. = 13 de Rabi’ al-Awwal [3º mês] do 11º ano após a Hégira)

Foi em uma segunda-feira que Muhammad morreu. Naquele dia, ele ainda saiu para a oração matinal. A cortina estava erguida e a porta aberta, e ele estava de pé, à porta da casa de Aisha. Cheios de alegria por Muhammad ter aparecido, os muçulmanos foram tentados a interromper sua oração. Muhammad os motivou com sua mão que eles continuassem a orar. Por Allah, Muhammad nunca pareceu tão encantador para mim do que naquele dia. Ele voltou à casa de Aisha. O povo foi embora pensando que sua condição havia melhorado. Abu Bakr até mesmo foi à sua família em Sunh.

Abu Mulaika me relatou: “Segunda-feira cedo, Muhammad saiu com sua cabeça envolta em pano e Abu Bakr conduziu a oração. O povo se alegrou muito e como Abu Bakr sabia que isso era somente por causa de Muhammad, ele pausou sua oração. Mas Muhammad o cutucou nas costas e aconselhou: ‘Continue orando!’ Ele se sentou atrás de Abu Bakr e orou à sua direita. Quando a oração terminou, ele se virou à congregação e disse tão alto que sua voz ressoou do lado de fora: ‘Ó, povo! O fogo já foi aceso e as tentações chegam como as horas de uma noite escura, mas Allah, não há nada de que me possa ser acusado. Eu permiti apenas aquilo que o alcorão permite e proibi o que o alcorão proíbe.’* Quando Muhammad parou de falar, Abu Bakr disse-lhe: ‘Ó, profeta de Allah! Eu vejo que você está bem nessa manhã graças à bondade de Allah. Hoje é aniversário da filha de Kharija. Devo visitá-la?’ Muhammad respondeu ‘sim’. Ele voltou à sua casa e Abu Bakr partiu para sua família, em Sunh.”

* As últimas palavras de Muhammad foram chocantes. Não houve uma única palavra de misericórdia e esperança, mas apenas uma repetição da lei com suas ordens e proibições. O que Muhammad disse não trouxe conforto, apenas a lei. Ele estava ocupado com isso até sua morte. Cristo, porém, é o fim da lei. Quem crê em Jesus é justificado. Quem recusa a Jesus como Salvador da maldição da lei, tem reservado para si o fogo que Muhammad viu e suspeitou em sua última hora.

Zuhri transmitiu o que recebeu de Abd Allah ibn Ka’b ibn Malik o que Abd Allah ibn ‘Abbas teria dito: “Naquele dia, Ali foi ter com o povo após ter deixado Muhammad. Quando eles o perguntaram como o mensageiro de Allah estava, ele respondeu: ‘Graças a Deus ele está melhor!’ Mas ‘Abbas tomou sua mão e disse: ‘Ó, Ali, por Allah, em três dias você será o servo da congregação. Eu vejo morte na face de Muhammad, tal como vi nos filhos de Abd al-Muttalib. Venha comigo; vamos a Muhammad. Vamos ver se autoridade nos será concedida. Se não, vamos rogar-lhe que nos recomende ao povo!’ Ali respondeu: ‘Por Allah, eu não farei isso!’ Muhammad morreu no mesmo dia, quando o sol estava alto no céu.”

* Os seguidores de Ali eram, além dos seguidores de Abu Bakr e de Umar, o terceiro grupo a clamar autoridade e sucessão após Muhammad.

11.03.9 -- Muhammad limpou seus dentes antes de sua morte

Aisha disse: “Quando Muhammad voltou da mesquita naquele dia, ele se reclinou sobre meu colo. Então veio um homem do clã de Abu Bakr. Ele tinha uma varetinha fibrosa nova, que usavam como palito de dentes, em sua mão. Muhammad olhou de certo modo para a mão do homem, de modo que eu percebi que ele queria a varetinha. Eu perguntei-lhe se ele a daria a Muhammad. Ele respondeu: ‘Sim’. Eu a peguei, o mastiguei o bastante para amaciá-la e o dei a ele. Ele limpou seus dentes com mais cuidado do que nunca e deixou de lado. Eu percebi que em meu colo ele estava ficando mais pesado. Quando eu olhei para seu rosto, seu olhar estava direto para cima. Ele disse: ‘Não, os Companheiros do paraíso.’ Eu respondi: ‘Te foi dado o poder de escolher e você já escolheu.’ Então o mensageiro de Allah morreu.

Aisha disse: “Muhammad morreu entre meu pulmão e meu pescoço (em meu peito). A respeito dele, em nada o ofendi. Foi por causa da minha impetuosidade e de minha juventude que Muhammad morreu em meu colo. Então eu deitei sua cabeça sobre um travesseiro, me levantei e comecei a bater em meu rosto e em meu peito, tal como fizeram as outras mulheres.*”

* As testemunhas oculares que relataram os últimos minutos da vida de Muhammad não testemunharam quaisquer palavras de conforto e de esperança, bem como nenhum perdão a seus inimigos.

11.03.10 -- O que Umar disse após a morte de Muhammad

Quando Muhammad morreu, Umar se levantou e disse: “Alguns dos hipócritas dizem que Muhammad morreu. Mas por Allah, Muhammad não morreu, ele foi para seu Senhor, como Moisés, filho de ‘Imran, que ficou afastado de seu povo por quarenta dias e que depois voltou, após seu povo declará-lo morto.”

Quando Abu Bakr ficou sabendo das palavras de Umar, ele chegou até a porta da mesquita, enquanto Umar falava ao povo. Mas Umar não deu atenção até que entrou na casa de Aisha. Muhammad estava deitado coberto por uma capa listrada em um canto do quarto. Abu Bakr se aproximou, descobriu sua face, a beijou e disse: “Você é mais precioso para mim do que pai e mãe. Agora você provou a morte que Allah ordenou a você. Após essa morte, você será imortal!” Então ele cobriu novamente sua face com a capa, foi para fora e disse a Umar, que ainda falava: “Por favor, Umar, me ouça.” Mas Umar não interrompeu e continuou seu discurso. Quando Abu Bakr viu que ele não iria se aquietar, ele se virou diretamente para o povo. Quando eles ouviram suas palavras, eles se viraram para ele e deixaram Umar.

Abu Bakr louvou a Allah e disse: “Ó, povo! A quem quer que tenha adorado a Muhammad, faze-os saber que ele morreu. Mas a quem adorava a Allah, bem, ele ainda está vivo e nunca morrerá!” Então ele recitou o seguinte verso: “Muhammad não é senão um Mensageiro, a quem outros mensageiros precederam. Porventura, se morresse ou fosse morto, voltaríeis à incredulidade? Mas quem voltar a ela em nada prejudicará Deus; e Deus recompensará os agradecidos.” (Sura Al ‘Imran 3:144). E, por Allah, é como se as pessoas jamais tivessem ouvido a revelação desse verso até o dia em que Abu Bakr o leu a eles. O povo recebeu o verso de Abu Bakr e ele esteve continuamente em seus lábios.

Abu Huraira disse: “Umar disse: ‘Por Allah, tão logo vi como Abu Bakr recitou esse verso, eu me enchi de remorso, ao ponto de que meus pés já não podiam mais me aguentar e eu caí. Agora eu havia percebido que o mensageiro de Allah realmente havia morrido.’”*

* Esses relatos testemunham a turbulência que existiu entre os líderes muçulmanos sobre se Muhammad havia ou não determinado um sucessor. A declaração calma de Abu Bakr de que a adoração a Allah deveria continuar e que Muhammad havia sido apenas um mensageiro temporal impressionou o povo. Mas se o evento desse relato é verdadeiro e não um enfeite dentro de uma disputa pela sucessão, então Abu Bakr confirmou a visão teocrática de mundo do islã.

11.03.11 -- O que aconteceu no pátio dos Banu Sa'ida

Quando Muhammad morreu, essa tribo dos companheiros (de Medina) se reuniu à volta de Sa'd ibn Ubada em um pátio dos Banu Sa'ida. Ali, Zubair e Talha entraram à casa de Fátima. O resto dos imigrantes (de Meca) foram a Abu Bakr. Usayd ibn Hudhair, com os Banu Abd al-Ashhal, estavam com eles. Então alguém veio a Abu Bakr e Umar e disse: “Esse ramo dos Banu Sa'ida se reuniu à volta de Sa'd ibn Ubada no pátio da entrada dos Banu Sa'ida, e eles já estão com ele. Se você quer governar, vá logo a eles antes que decidam algo a esse respeito.” Muhammad ainda estava em sua casa. Eles ainda não haviam terminado de prepara-lo quando sua família trancou a porta. Então Umar disse a Abu Bakr: “Vamos a nossos irmãos, os auxiliadores, a fim de ver o que pretendem fazer.”

A assembleia dos auxiliares no pátio se deu assim, segundo o relato de Abd Allah ibn Abi Bakr, que recebeu o relato de Zuhri, a quem foi entregue por ‘Ubaid Allah ibn Abd Allah ibn ‘Utba ibn Mas’ud; Abd Allah ibn ‘Abbas disse a ele: “Eu estava na casa de Abd al-Rahman ibn Auf em Mina e aguardei até que ele voltasse de Umar. Era é época de sua última peregrinação e às vezes eu recitava o Alcorão a ele. Quando ele voltou e me viu, ele disse: ‘Se você tivesse visto como veio um homem ao príncipe dos crentes e disse a ele: “Ó, príncipe dos crentes, o que você diz a respeito de tal e tal, o qual disse; ‘Por Allah, quando Umar morrer eu pagarei tributo a tal e tal? Por Allah, o tributo de Abu Bakr veio apenas como uma surpresa confirmada por suas ações.’” ‘Umar ficou furioso e disse: ‘Se Allah quiser, hoje à noite eu avisarei as pessoas que querem causar mal ao povo a respeito de seu governante.’ Eu disse: ‘Ó, príncipe dos crente, não faça isso, porque no festival todo tipo de má gente está reunido, que se reunirá à sua volta antes de qualquer outro; quando você se levantar e disser suas palavras, o povo vai se espalhar por todos os lados sem ter aceitado e entendido direito o que você disse. Espere até que você chegue a Medina, ao lugar da santa instrução, onde você será cercado apenas pelos homens que conhecem a lei e que são nobres. O que você disser em Medina permanecerá. Aqueles que conhecem a lei preservarão suas palavras e as entenderão corretamente!’ Umar disse: ‘Por Allah, se Allah quiser, em meu primeiro discurso em Medina eu tratarei disso!’”

Ibn ‘Abbas relatou: “Chegamos ao fim de Dhu al-Hijja (12º mês) em Medina. Na primeira sexta-feira eu me apressei à mesquita, indo tão logo o sol atingiu seu ponto mais alto. Sa'id ibn Zaid ibn Amr Nufail já estava sentado ao pilar do pódio. Eu me sentei à frente dele, de modo que meu joelho tocava o dele, e não saí até que Umar chegou. Então eu disse a Sa'id: ‘Nesta noite ele falará palavras neste púlpito que ele nunca antes disse, já que ele é o Califa.’ Sa'id não quis acreditar e disse: ‘O que ele poderia dizer que ainda não disse?’ Umar se sentou no pódio e, quando os que chamavam à oração se silenciaram, ele se levantou, louvou a Allah de maneira digna e disse: ‘Hoje eu direi algo a vocês conforme a determinação de Allah, porquanto não sei se poderei dizer isso na hora de minha morte. Quem entender isso e decorar, que espalhe isso até onde seu camelo o levar; aquele que tiver o receio de não saber corretamente essas palavras, que se abstenha de dizer palavras que eu nunca disse. Allah enviou Muhammad e enviou o livro a ele. Um verso nessa revelação refere-se a apedrejamento.* Nós lemos isso, aprendemos sobre isso e memorizamos isso. O próprio Muhammad permitiu apedrejamento e nós já fizemos isso após ele. Ainda assim eu temo que após um longo tempo alguém venha a dizer: “Não encontramos coisa alguma sobre apedrejamento no livro de Allah!” Assim, uma lei que Allah revelou não será seguida. Segundo o livro de Allah, está ordenado apedrejar adúlteros quando em flagrantes. Mesmo quando há confissão do homem ou da mulher, bem como durante uma gravidez, o apedrejamento deve ser realizado.’

* Primeiro Umar quis chamar a atenção dos muçulmanos para seu lado e trouxe de volta versos esquecidos das revelações de Muhammad. Ele queria estabelecer-se como um estudioso radical e consistente da lei. O apedrejamento de uma adúltera é confirmado apenas na Sunna; se houve um verso sobre apedrejamento em uma versão mais antiga do alcorão é incerto.

É dito, entre outras coisas: ‘Não se afaste de seus pais, porque é injusto quando se faz isso.’ Até mesmo Muhammad ordenou: ‘Não me divinizem, como fizeram a ‘Isa, filho de Miriam, sendo divinizado. Me chamem de servo e mensageiro de Allah!’”*

* Umar avisou sobre tratar Muhammad como Deus e usou Jesus como exemplo para esse aviso. Então Uamr falhou em reconhecer quem Jesus é e, assim, confirmou a batalha anticristã conforme o espírito de Muhammad.

Ouvimos que quando Allah tomou Muhammad para si, que os auxiliadores (de Medina) se dividiram e se reuniram com seus líderes no pátio dos Banu Sa'ida. Ali, Zubair e seus seguidores também ficaram afastados de nós, enquanto os emigrantes (de Meca) se reuniram à volta de Abu Bakr. Então eu disse a Abu Bakr: “Vamos a nossos irmãos, os auxiliadores!” No caminho, encontramos dois homens justos, que nos cumprimentaram e que nos perguntaram aonde íamos. Dissemos: “A nossos irmãos, os auxiliadores.” Então eles disseram: ‘Não se aproximem deles, emigrantes. Façam vocês mesmos o que vocês pretendem fazer!” Eu respondi: “Por Allah, nós vamos até eles!” Nós entramos no pátio dos Banu Sa'ida e encontramos um homem coberto entre eles. Nós perguntamos: “Quem é esse homem?” Eles nos responderam: “Ele está doente!” Quando nos sentamos, o orador começou com uma confissão de fé e louvor a Allah, e disse: “Somos os auxiliadores de Allah e o exército do islã. Vocês que emigraram pertencem ao nosso clã. Uma multidão de homens cairá sobre nós e nos afastará de nossa origem, arrancará o poder de nós.” Quando ele se silenciou, eu quis falar. Eu já havia preparado um discurso, um que me agradou e que eu queria apresentar diante de Abu Bakr, porque senti falta de severidade nele. Mas ele disse: “Gentil Umar!” Eu não quis irritá-lo e abrir um precedente. Quando ele falou, suas palavras foram mais inteligentes e fortes do que as minhas e, por Allah, e não deixou de fora ao menos uma palavra daquilo que eu pretendia falar. Mas ele as expressou diferente e melhor. Ele disse: “Mais do que certamente vocês merecem todas as boas coisas que vocês atribuem a si mesmos, mas ainda assim os beduínos aceitam o comando apenas dos coraixitas. Essa tribo é a parte central dos árabes, tanto no que diz respeito à origem quanto ao domicílio deles. Eu sugiro: preste homenagem a quem tiver de pagar!” Com essas palavras ele segurou minha mão e a mão de Abu Ubaida ibn al-Jarrah. Por Allah, eu preferiria ter sido levado e executado sem cometer um crime do que governar sobre um povo do qual Abu Bakr fizesse parte.

Um orador dos auxiliadores disse: “Eu sou o poste no qual os camelos se coçam e sou uma tamareira bem firme. Um emir deve ser escolhido dentre nós e um dentre vocês, coraixitas.” Então aconteceu um grande barulho. A vozes ficaram mais e mais altas, de modo que eu temi uma divisão. Então eu disse a Abu Bakr: “Estenda sua mão!” Quando ele a estendeu, eu prestei-lhe homenagem. Então atacamos Sa'd ibn Ubada, de modo que um deles gritou: “Vocês estão matando Sa'd!” Mas eu respondi: “Que Allah o mate!”*

* Os muçulmanos nativos daquela região se reuniram na casa de um deles, Sa'd ibn Ubada, e tentaram usurpar a liderança para si mesmos. O condescendente Ali, com seus seguidores, se retirou à casa de sua esposa Fátima. Mas Abu Bakr foi com Umar diretamente à assembleia dos muçulmanos em Medina. Em seu discurso, Abu Bakr fez alusão ao perigo de se desviarem e do perigo de ataques beduínos, caso o sucessor de Muhammad não fosse um coraixita.
Quando os auxiliadores de Medina sugeriram dois califas – um de seu meio e um do grupo dos coraixitas -, Umar começou a prestar homenagem a ele, após Abu Bakr estender sua mão, atraindo a maioria para Abu Bakr.
Muhammad ainda não tinha sido enterrado quando começaram batalhas a respeito de quem o sucederia. Não se tratou da adoração a Allah e nem de luto pela morte de Muhammad, mas tão somente de poder. Esses incidentes claramente refletem o espírito do islã.
Jesus enviou Seus discípulos para que ficassem reclusos em oração por dez dias após Sua ascensão, até que o Espírito Santo fosse derramado sobre eles. Pedro havia sido apontado por Jesus como o cabeça dos apóstolos. O Espírito Santo confirmou esse chamado. Em pentecostes, o assunto de busca de poder político nem foi mencionado, mas o assunto de receber poder de Deus sim. Os próprios discípulos perguntaram a Jesus antes de Sua ascenção a respeito do estabelecimento de um reino de Deus entre o povo do Antigo Testamento. Mas Jesus pôs de lado esses pensamentos terrenos deles e os prometeu o Espírito Santo, que os edificaria em um reino espiritual, a igreja de Jesus Cristo.

11.03.12 -- O discurso de Umar no dia da homenagem geral

Zuhri relatou de Anas ibn Malik: “No dia da homenagem no pátio, Abu Bakr sentou-se ao púlpito. Então Umar se levantou e disse (após ter louvado a Allah, como era de se esperar): ‘Ó, povo! Eu falei-lhes palavras ontem que não encontrei no livro de Allah e que o mensageiro de Allah não me incumbiu de dizer. Eu fui da opinião de que Muhammad usaria suas últimas palavras para tratar de assuntos relativos a nós. Mas Allah deixou seu livro entre nós, o qual contém a orientação de seu mensageiro. Se você se apegarem a esse livro, Allah os conduzirá por meio dele, tal como conduziu o Mensageiro.*

* Umar firmou a comunidade islâmica no Alcorão, que foi a verdadeira herança transmitida por Muhammad.

Allah os reuniu à volta dos melhores dentre vocês, à volta do companheiro do mensageiro de Allah que estava com ele como o segundo na caverna. Levantem-se e prestem-lhe homenagem!’ Então a comunidade prestou homenagem mais uma vez a Abu Bakr.*

* Com esse segundo ato de homenagem na mesquita, Abu Bakr foi oficialmente apontado como o primeiro califa. Ele deveria conduzir as orações e ser o príncipe de todos os crentes, convergindo em si as responsabilidades tanto espirituais quanto terrenas.

11.03.13 -- O discurso de Abu Bakr

Abu Bakr deu (após louvar a Allah) o seguinte discurso: “Ó, povo! Eu fui designado seu líder, embora eu não seja o melhor entre vocês. Se eu governar corretamente, me deem apoio; se eu fizer mal, então me corrijam! Verdade é lealdade e mentira é traição. O fraco entre vocês é forte diante de mim, até que eu lhe assegure seu direito, se Allah quiser.

O forte é fraco diante de mim até que eu, se Allah quiser, satisfaça as exigências da Lei. Nenhum povo jamais falhou em lutar na senda de Allah sem que Allah os entregasse ao desprezo. E nunca houve coisas vergonhosas cometidas por um povo sem que Allah trouxesse infortúnios sobre eles. Me obedeçam enquanto eu obedecer aos mandamentos de Allah e de seu mensageiro. Se eu agir contrário a eles, então vocês não me devem obediência. Levantem-se para orar, que Allah tenha misericórdia de vocês!”*

* O discurso habilidoso do benevolente Abu Bakr conteve uma referência renovada à revelação de Allah a Muhammad e a afirmação de uma administração correta de justiça. Os discursos de Abu Bakr e de Umar, porém, nada dizem respeito a arrependimento, salvação, perdão e vida eterna, mas sim sobre Alcorão, justiça e poder.

11.03.14 -- A preparação e sepultamento de Muhammad

Após terem prestado homenagem a Abu Bakr, o sepultamento de Muhammad ocorreu em uma terça-feira. Ali, ‘Abbas e seus filhos Fadl e Qutham, Usama ibn Zaid e Shuqran, um ex-escravo de Muhammad, se encarregaram do banho. Aus ibn Khauli chamou do lado de fora: “Eu imploro a vocês por Allah e por nossa parte em Muhammad!” Ali o deixou entrar. Aus entrou, se sentou e esteve presente durante o banho. Ali inclinou Muhammad sobre seu peito. ‘Abbas e seus filhos ajudaram a virá-lo. Usama e Shuqran derramaram água sobre seu corpo, e Ali o lavou enquanto o mantinha inclinado sobre seu peito. Vestiram Muhammad com suas roupas. Ele esfregou a roupa sem tocá-lo com sua mão. Ali disse: “Como você é bonito, vivo ou morto!” Ninguém podia ver em Muhammad o que geralmente se via em outros corpos. Aisha disse: “Quando eles quiseram lavar Muhammad, não houve consenso se ele deveria, tal como outros corpos, ser despido, ou se deveria ser lavado com suas roupas. Então Allah fez todos eles caírem de sono. Seus queixos já batiam em seus peitos quando alguém de um lado da casa disse (ninguém sabe quem foi): ‘Lavem o profeta com suas roupas!’ Então eles o lavaram com suas roupas de baixo. Eles derramaram água e esfregaram seu corpo de modo que sua roupa de baixo ficou entre ele e as mãos deles. Quando terminaram o banho, eles o envolveram em três peças de roupa, sendo duas de Suhar* e uma capa listrada, na qual ele foi enrolado.”

* Suhar era um lugar no Iêmen.

Ibn ‘Abbas disse: “Quando eles quiseram cavar o túmulo para Muhammad, eles estavam indecisos entre dois coveiros: Abu Ubaida ibn al-Jarrah, o coveiro dos de mecanos, que cavou no meio da cripta, e Abu Talha Zaid ibn Sahl, que cavou ao lado da cripta. Então ‘Abbas chamou os dois homens. ‘Abbas disse: ‘Allah! Escolha o túmulo certo para o mensageiro!’ O que fora enviado a Abu Talha retornou primeiro. Ele trouxe Abu Talha consigo. Esse homem cavou ao lado da cripta.”

Quando o corpo de Muhammad estava preparado para o enterro, eles o deitaram em sua cama em sua casa. Hoje discussão acerca do lugar onde deveria ser enterrado. Alguns queriam enterrá-lo na mesquita, outros com seus companheiros. Então Abu Bakr disse: “Eu ouvi como Muhammad disse: ‘Todo profeta foi enterrado no lugar em que ele morreu!’” Então eles retiraram o tapete sobre ele qual ele morreu e cavaram uma sepultura sob ele.* Então o povo veio em multidões para orar por ele; primeiro os homens, depois as mulheres e finalmente as crianças, sem que alguém os impedisse.

* Muhammad foi enterrado na casa de Aisha. O pai dela foi quem sugeriu isso. Portanto, a casa de Aisha se tornou um centro de peregrinação para todos os muçulmanos.

Muhammad foi enterrado na quarta-feira, no meio da noite. Aissha disse: “Nós não soubemos coisa alguma do enterro de Muhammad. No meio da noite de quarta, de repente ouvimos alguns barulhos. O mesmo me foi relatado por Fátima. Ali, Fadl ibn ‘Abbas, Quthum e Shuqran subiram no túmulo. Aus ibn Khauli gritou a Ali: ‘Eu te imploro por Allah e por nossa parte com o mensageiro de Allah.’ Então Ali disse: ‘Se acalme!’ Aus ibn Khauli então desceu. Quando desceram Muhammad ao túmulo, Shuqran tomou para si a capa em que Muhammad estava envolvido, a rasgou e a enterrou consigo. Ele disse: ‘Por Allah! Ninguém mais usará essa capa após você!’ Mughira ibn Shu’ba disse que ele foi o último a estar com Muhammad. Ele disse: ‘Eu joguei meu anel de sinete no túmulo e disse: “Eu deixei cair!” Mas eu o joguei de propósito para ser o último a ter contato com o mensageiro de Allah.’”

Aisha disse mais: “Durante sua enfermidade, Muhammad usou uma capa sobre si, com a qual escondia seu rosto, a qual ele removia de tempo em tempo. Então ele disse: ‘Allah, combata as pessoas que tornam os túmulos de seus profetas em casas de adoração!’ Portanto, ele temia que seu povo fizesse o mesmo.”

Aisha também disse que as últimas palavras de Muhammad foram: “Não devem ser toleradas duas religiões na península árabe.”*

* Essa última instrução de Muhammad, transmitida por Aisha, levou à expulsão e aniquilação de tribos de judeus e de cristãos na península árabe. Se essas palavras realmente vieram de Muhammad, então ele temia a influência que os judeus e os cristãos pudessem ter sobre seus seguidores, especialmente sabendo que eles possuíam um ensino e um estilo de vida muito superior.

Quando Muhammad morreu, um grande infortúnio veio sobre todos os muçulmanos. Aisha disse: “Quando Muhammad morreu, os beduínos se apostataram. O judaísmo e o cristianismo cresceram e os hipócritas se revelaram abertamente. Por causa da morte de seu profeta, os muçulmanos ficaram parecendo um rebanho molhado em uma noite de inverno, até que Allah os reuniu à volta de Abu Bakr.

* A conquista da península árabe, a expulsão dos judeus e cristãos de lá e o movimento explosivo de muçulmanos para regiões do Mediterrâneo foram resultados da morte de Muhammad. A consolidação e expansão do islã não ocorreu de maneira espiritual, mas por meio da espada. Em apenas cem anos, os muçulmanos conquistaram uma área maior do que a Europa. Ainda hoje, mais de 95% da população nessas áreas conquistadas é de muçulmanos.

11.04 -- Conclusão

Hassan lamentou a morte de Muhammad com o seguinte poema:

Faça os pobres saberem que sua bênção foi tirada / na manhã em que o profeta partiu. / Com quem ficarei? / Por quem meu camelo parou? / Quem sustentou minha família, / quando a chuva não foi pacífica? / Quem mostrou o caminho / que não necessitava de calamidade, / quando a língua errou ou tropeçou? / Ele foi a chama e a luz que seguimos em direção a Allah. / Ele foi nossos olhos e nossos ouvidos. / Ah, se Allah não tivesse deixado alguém para trás / no dia em que o homem o desceu à sepultura e cobriram-no / com terra, / para que, após ele, mais nenhum homem ou mulher vivesse! / Os pescoços dos Banu al-Najjar estão curvados - / tal aprouve a Allah. / O presente foi distribuído a toda a humanidade, / mas a maior parte caiu inutilmente, sem fazer segredo sobre isso.

Hassan ibn Thabit também compôs a respeito da morte de Muhammad:

Juro por Allah uma afirmação verdadeira, e não um voto falso. / Entre todas as pessoas, nunca houve um, / concebido e nascido de mulher, / tão zeloso pelas coisas de Allah / quanto o mensageiro, / o profeta e líder de seu povo. / Nenhuma criação de Allah foi mais fiel ao parceiro, / pontualmente cumprindo suas promessas, do que ele, / que fora nossa luz e nossa bênção, / o justo que conduzia à justiça. / Suas mulheres deixam suas habitações e não mais / cravam estacas atrás de suas tendas. / Elas se vestem com trapos, como monges, / porque reconhecem sua necessidade de prosperidade. / Ó, melhores da humanidade! Uma vez me vi em um rio / mas agora sou o sedento e o rejeitado.*
* Nenhum rio se eleva mais do que sua nascente. Nenhum muçulmano pode, segundo o entendimento islâmico, ser melhor do que Muhammad foi. Quem começa a reconhecer Muhammad, melhor entenderá os motivos de seus seguidores.
A lei islâmica foi formada por quatro fontes: o Alcorão, A Sunna (o estilo de vida de Muhammad), as Qiyas (deduções por meio de analogia) e o Consenso dos estudiosos muçulmanos. Então, o estilo de vida de Muhammad se tornou o padrão para todos os muçulmanos. Toda pessoa deve viver tal como Muhammad viveu. Ele precisa, então, se revestir de Muhammad. Somente quando se está “em” Muhammad se poderá ser um bom muçulmano.
Do mesmo modo, os cristãos não podem ser melhores do que Jesus foi e é. Eles são chamados em fé e em abnegação para segui-Lo e crescer com Ele. Nenhuma lei os força a se revestiram de seu Senhor e Salvador como se fosse uma simples roupa, mas o Espírito de Cristo os enche com Seu amor, de modo que Jesus permanece “neles” e eles “Nele”.
Quem considera as profundas diferenças entre Jesus e Muhammad começa a perceber as forças e os objetivos vistos na história da igreja e na história do islã durante os últimos 2 mil anos. Além disso, teremos uma noção do que nos aguarda com os desenvolvimentos futuros.
Muhammad está morto – Jesus vive!
Quem segue a Muhammad, segue uma religião de morte.
Quem segue a Jesus, viverá para sempre!

Aquele que crê no filho
tem a vida eterna;
mas aquele que não crê no filho
não verá a vida,
mas a ira de Deus sobre ele permanece”
(João 3:36)

11.05 -- Teste

Prezado leitor,
Se você estudou com atenção esse volume, você facilmente será capaz de responder às seguintes questões. Quem responder corretamente 90% dessas questões, nos 11 volumes desta série, receberá de nosso centro um certificado escrito de reconhecimento em:

Estudos Avançados
da vida de Muhammad à luz do Evangelho

- como encorajamento para o futuro serviço para Cristo.

  1. O que Muhammad disse em seu sermão de despedida durante a peregrinação em Meca?
  2. Quantas campanhas militares o próprio Muhammad conduziu? Quantas campanhas militares foram conduzidas por pessoas diretamente comissionadas por Muhammad?
  3. Por que o judeu Yusair ibn Rizam foi assassinado em Khaybar? Que artimanha os muçulmanos realizaram para deixá-lo vulnerável?
  4. Por que e com que propósito Abu Bakr teve de advertir o convertido do cristianismo para o islamismo Raafi’ ibn Abi Raafi’?
  5. Por que Asma’, a filha de MArwan, foi assassinada?
  6. O que aconteceu com Thumama?
  7. Com quantas mulheres Muhammad se casou? Quantas ainda estavam vivas quando ele morreu?
  8. De que e quando Muhammad morreu?
  9. Quais foram as últimas palavras de Muhammad?
  10. O que Umar e Abu Bakr disseram após a morte de Muhammad?
  11. Onde e como Muhammad foi enterrado?

Todo participante deste teste está autorizado, com o propósito de responder as questões, a usar qualquer livro disponível ou a questionar pessoas de confiança, conforme desejado. Aguardamos respostas escritas, incluindo seu endereço completo, seja em papel ou e-mail. Oramos a Jesus, o vivo Senhor, para que Ele possa chamá-lo, enviá-lo, fortalecê-lo e preservá-lo todos os dias de sua vida!

Unidos com você a serviço de Jesus,
Abd al-Masih e Salam Falaki.

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